Cerca de 65,1% de profissionais formados na área de arquitetura e urbanismo no Brasil são mulheres, segundo dados do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU). May East, de 69 anos, é um dos exemplos de representatividade feminina na área e realizou uma palestra em Criciúma, nesta terça-feira (4), sobre o assunto.

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Reconhecida como a Mulher da Década em Sustentabilidade e Liderança pelo Women Economic Fórum 2019, May é anglo-brasileira e nasceu em São Paulo. Autora de um livro que aborda a temática feminina na arquitetura do futuro, a profissional esteve em Criciúma para participar do IV Congresso de Arquitetura e Urbanismo de Santa Catarina.

O evento, que começou na terça-feira (4), foi aberto para o público e contou com palestras e conversas sobre a arquitetura e o urbanismo catarinense, que é marcado por uma maioria feminina, já que 72,1% de profissionais formadas na área são meninas, segundo dados da CAU.

A palestra de May, que já morou em Florianópolis, começou às 19h no Campus da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC) e contou com cerca de 40 pessoas, segundo organizadores do evento.

Durante a palestra, May conversou sobre a sua obra “E se as mulheres projetassem a cidade?”, baseada em entrevistas profundas envolvendo 274 mulheres. O livro aborda como urbanistas, formuladores de políticas e comunidades podem intervir nos sistemas de planejamento urbano, para que as cidades do presente e do futuro possam ser mais verdes, inclusivas, habitáveis e poéticas.

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Em entrevista ao NSC Total, a profissional relembrou como foi o processo de escrita da obra.

— Todas as conversas começaram com a pergunta inicial: ‘O que é singular/ único em seu bairro?’ A partir daí, as participantes tomaram todas as decisões, incluindo a rota percorrida, a duração da entrevista, o ritmo da caminhada e o que queriam mostrar e compartilhar — afirmou.

— Não vejo representatividade das mulheres no planejamento urbano como um problema a ser solucionado, mas sim como um potencial a ser realizado. Reconhecer que as mulheres podem contribuir nas decisões e implementações da cidade, enriquecendo e agregando valor aos ambientes urbanos, especialmente em seus próprios bairros, é a hipótese central sobre a qual meu livro se baseia — revelou May.

Segundo a profissional, o interesse pela arquitetura sustentável e o papel das mulheres na área começou há muitos anos. Com mestrado na reabilitação de “cidades fantasmas” no Sul da Itália, May promove palestras e ações que visam combater o conceito de cidade “zoneada”.

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— Ao longo das décadas, tenho nutrido um interesse constante no papel das mulheres em promover uma revolução inclusiva e calculada na maneira como vivemos, nos deslocamos, interagimos, trabalhamos, ativamos e buscamos recreação nas nossas cidades. Essa revolução visa combater o conceito de cidade ‘zoneada’, onde moradia, trabalho, comércio e lazer são segregados em áreas distintas— afirmou.

A palestra ministrada por May também foi transmitida ao vivo no canal oficial do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil no Youtube, assim como as outras palestras do evento.

O IV Congresso de Arquitetura e Urbanismo de Santa Catarina finalizou nesta quinta-feira (5), com uma intensa programação voltada também para temas como a habitação de interesse social, dimensão ecológica da arquitetura, projetos urbanos de impacto social e a preservação da memória arquitetônica das cidades.

O tema vem ganhando força em Santa Catarina, especialmente após a aprovação de legislações em cidades como Criciúma e Florianópolis, que passaram a permitir a adequação de imóveis ociosos e antigos, promovendo sustentabilidade, geração de empregos e ampliação da oferta habitacional.

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Antonietas

Antonietas é um projeto da NSC que tem como objetivo dar visibilidade a força da mulher catarinense, independente da área de atuação, por meio de conteúdos multiplataforma, em todos os veículos do grupo. Saiba mais acessando o link.