Uma cena no céu de Joinville viralizou após confundir moradores que viram um avião “parado” no ar. O flagrante foi registrado nessa quinta-feira (11) por um observador amador. Um efeito da física, que já foi muito utilizado na indústria cinematográfica, gera uma ilusão de ótica e pode explicar o caso. 

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A aeronave que decolou de Joinville tinha Campinas, em São Paulo, como destino. Conhecido nas redes sociais como Chumbinho, o observador amador de aviões Diego Ronchi Seger conta que passava de carro quando viu o avião “congelado” no céu.

Fotos mostram avião no ar

Uma das hipóteses levantadas seria que a força do vento poderia ter causado o efeito, provocando força contra a aeronave. No entanto, o físico Bruno Isidoro Pereira explica que a velocidade do vento teria que ser muito alta para que anulasse a velocidade do avião, que chega a 200 km/h, para que ele fosse totalmente sustentado e “parado” no ar.

Apesar dos fortes ventos registrados na cidade nos últimos dias, as rajadas não alcançaram os 200 km/h, como destacou o físico.

Veja o vídeo

Além disso, quando um avião decola, ele está em movimento em relação à massa de ar que o cerca. Por questões aerodinâmicas, é essa passagem do vento que vai fazer com que esse avião se sustente no céu.

— No fundo, quando o avião se desloca com uma velocidade muito alta para decolar, se você analisar o avião como um ponto de referência, para as pessoas que estão dentro do avião, ele está parado e o que está se deslocando é a massa de ar ao redor do avião — detalha.

Assim, o que explica o fenômeno registrado no céu de Joinville é o efeito paralaxe, uma ilusão de ótica que tem relação com a mudança aparente na posição de um objeto quando observado por meio de diferentes pontos de vista. 

Como o efeito é percebido

Segundo Bruno, o paralaxe é uma situação que, por exemplo, quando uma pessoa está dirigindo em uma rodovia, sente que as árvores próximas se deslocam mais rapidamente ao que tem ao fundo, mais longe.

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— No caso do avião, ele está muito longe do observador, fazendo parecer que ele se movimenta muito lentamente, quase parado.  É como se fosse uma ilusão de ótica, explicada pelo efeito paralaxe — explica.

Limitação tecnológica

Outro fator que pode influenciar a ilusão de ótica são as câmeras dos celulares convencionais, como o que filmou a aeronave em Joinville.

— Outro detalhe também é que a gente enxerga com dois olhos, isso faz a gente ter uma noção também de profundidade, onde está o avião. A câmera não filma em 3D, então perdemos também algumas noções de profundidade — explica.

O físico também reforça que o efeito paralaxe é um fenômeno comum no dia a dia. Bruno, inclusive, destaca um efeito prático, que pode ser observado por qualquer pessoa.

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— Quando você está andando, por exemplo, você vê a lua lá no horizonte. Quando você anda, se ficar observando a lua, parece que ela também não sai do lugar. Pode ver que parece que tudo que tá ao seu redor se move e a lua não — fala.

Efeito é usado no cinema

O paralaxe é um recurso muito utilizado na indústria cinematográfica, nas animações que utilizam duas dimensões. A imagem 2D é construída em diferentes planos, todos sobrepostos. 

— Quando eles iam fazer um movimento desse cenário, para dar a impressão de três dimensões, eles faziam com que o movimento dos planos mais próximos do observador, ou seja, mais próximo da câmera, se movimentassem mais rapidamente, porque daí temos a impressão de realidade — detalha Bruno.

Caso todo o cenário se movimentasse ao mesmo tempo, o telespectador perderia a noção de profundidade. Por isso, o efeito paralaxe, em que um objeto fica “congelado”, se tornou um efeito essencial no cinema, como em grandes produções mais antigas da Disney, por exemplo.

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*Sob supervisão de Leandro Ferreira