Jioscarlos Josue Colina Martinez chegou a Santa Catarina há quatro anos. Precisou deixar a Venezuela para trás em busca de melhores condições de vida para a esposa e filha. O movimento do jovem de 29 anos se assemelha ao de outras 72 mil pessoas que escolheram o Estado para morar nos últimos anos.

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A maioria chega de olho nas oportunidades do mercado de trabalho.

Na Venezuela, ele trabalhava como pintor ao lado do pai, mas sem um salário fixo. Até que decidiu vir ao Brasil, por meio do programa AVSI Brasil, com sede em Boa Vista, Roraima, com outras famílias refugiadas. Em novembro de 2021, desembarcou em Itajaí, a cidade mais rica de Santa Catarina.

— Lá, as pessoas geralmente trabalham por diária, não há empresas como existe aqui. Decidi buscar o programa de apoio a imigrantes porque a situação estava muito difícil lá fora. Minha esposa estava grávida e precisava garantir um futuro melhor para minhas filhas — revela com emoção.

Jioscarlos chegou a Itajaí em novembro de 2021 (Foto: Divulgação)

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Jioscarlos recebeu apoio, teve acesso a cursos e aulas de Português. A dedicação dele chamou a atenção dos recrutadores e foi indicado para a Fibrafort em Santa Catarina, uma das maiores empresas náuticas da América Latina. Começou como auxiliar de produção e agora está em treinamento para se tornar líder.

— Nunca tinha visto um barco na minha vida. Passei noites estudando sobre a marca e seus produtos. Quando fui para a entrevista, todos ficaram surpresos, pois eu já sabia tudo sobre a empresa — conta.

Uma nova turma de imigrantes iniciou recentemente o treinamento na fábrica, como parte do programa de integração da AVSI Brasil. Fundada em 2007, a entidade é uma organização sem fins lucrativos que atua em contextos de vulnerabilidade e emergência humanitária.

A organização capacita imigrantes e os insere no mercado de trabalho, com o intuito de promover o desenvolvimento das famílias e comunidades. No último ano, a ONG impactou mais de 923 mil pessoas na realização de 48 projetos. O programa oferece treinamento especializado e suporte contínuo.

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— Setores como o náutico, onde mais de 80% dos processos são manuais, exigem muita mão de obra dedicada. Recrutamos esses profissionais ao oferecer uma oportunidade de trabalho, com o compromisso de apoiá-los. Essa tem sido uma via de mão dupla muito positiva, dada a escassez de mão de obra que observamos — explica Danilo Fontana, diretor de operações da Fibrafort.

Veja fotos de como era Itajaí antigamente