A explicação da Hipertensão Arterial Pulmonar, doença rara enfrentada pela personagem Lígia, de Três Graças, vem sendo buscada nos últimos dias pelos telespectadores da novela da TV Globo. Em Santa Catarina, entre janeiro e agosto de 2025, 34 pessoas foram internadas com a doença em unidades hospitalares do Estado que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

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Os dados, segundo a Secretaria de Estado da Saúde, são preliminares e constam no Tabwin, plataforma do Ministério da Saúde. Além das internações pela doença, também foram realizados 91 atendimentos ambulatoriais no período indicado no Estado.

De acordo com a médica pneumologista do Hospital Nereu Ramos, Karoliny Schmitz Nunes, a doença é rara no Brasil e no mundo. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, cerca de 100 mil pessoas tinham hipertensão arterial pulmonar no Brasil em 2024.

— A hipertensão arterial pulmonar é um tipo de hipertensão que é condicionada pelo aumento das pressões das artérias pulmonares, enquanto a hipertensão arterial sistêmica, que é a forma mais comum, é um aumento da pressão das artérias de todo o restante do corpo, então da circulação sistêmica — explica Karoliny.

Os principais sinais e sintomas da hipertensão pulmonar e da hipertensão arterial pulmonar são cansaço, falta de ar, fadiga, edemas, inchaço de membros inferiores e também dor no peito. Na trama, Lígia, interpretada por Dira Paes, é cuidadora de Josefa, personagem de Arlete Salles, sente exatamente esses sintomas e precisou abandonar o trabalho por causa do problema de saúde.

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Segundo a médica pneumologista, esse tipo de hipertensão é de difícil diagnóstico, justamente pelos sintomas clínicos serem semelhantes com os de outras doenças. Além disso, a hipertensão arterial pulmonar pode ser idiopática, ou seja, sem causa definida, ou hereditária.

— Ela também pode ter algumas outras causas e pode estar relacionada a outras doenças, como as doenças cardiológicas, as doenças pulmonares, as doenças tromboembólicas, como as tromboses de pulmão, ou naqueles casos onde há eventos ou fatores multifatoriais ou mecanismos não bem esclarecidos que possam justificar essa hipertensão — afirma a médica.

Diagnóstico e tratamento

Alguns exames são usados para o diagnóstico. Segundo a pneumologista, inicialmente, são utilizados exames não invasivos e mais simples, como raio X, a tomografia de tórax e o ecocardiograma.

— O exame de escolha para a confirmação diagnóstica da hipertensão arterial pulmonar é o cateterismo cardíaco direito, onde se realiza a avaliação das pressões nos vasos pulmonares — explica.

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O tratamento depende de cada diagnóstico, conforme conta Nunes. Pode-se utilizar medicamentos por via oral, com o intuito de diminuir a pressão dos vasos pulmonares, como o uso de vasodilatadores específicos, assim como também utilizar medidas de suporte quando necessário, como oxigenoterapia  e uso de diuréticos.

Em alguns casos são indicadas cirurgias e, em casos mais graves, o transplante de pulmão.

— O intuito do tratamento é justamente isso, diminuir a taxa de mortalidade, o controle dos sintomas para que o paciente tenha uma melhor qualidade de vida, já que nós não conseguimos a cura dessa doença — diz.

Toda os remédios são fornecidos pelo SUS em Santa Catarina.

— Tivemos grandes avanços quando houve a incorporação de novas drogas e essa incorporação permitiu com que tivesse o uso da terapia combinada, fazendo com que haja um melhor controle e assistência desses pacientes com a doença tão grave — conclui Karoliny.