Me sinto livre."

À primeira vista, a frase de Laura Kerne Galea, 17 anos, parece uma dessas expressões comuns que cabem em inúmeras situações. Mas, para a jovem, simboliza um sentimento único, alcançado a cada novo desafio de um projeto em construção na Escola de Educação Básica Annes Gualberto, de Joinville. A escola desenvolve atividades paralelas desde setembro a partir de experiências que tenham como raiz os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que devem ser alcançados por países de todo o mundo até 2030. Uma delas, da qual a Laura faz parte, tem se destacado por desenvolver a expressão artística e oportunizar aos alunos do colégio a liberação de suas emoções e percepções em telas de pintura.

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A proposta nasceu de uma ideia conjunta das professoras dos oito alunos da educação especial, com auxílio da professora de artes da escola e de nove residentes de Artes da Univille.

Com pincéis, tintas e telas, o projeto é desenvolvido no laboratório artístico da escola e trabalha as competências de desenvolvimento da Base Nacional Comum Curricular: comunicação, repertório cultural e autoconhecimento. O objetivo é assegurar educação inclusiva, igualitária e de qualidade para todos.

Laura está no 9º ano e é um grande exemplo da transformação provocada por estas aulas. Ela havia se afastado da escola nos últimos anos após enfrentar um conjunto de barreiras, que inclui diagnósticos de fobia social, ansiedade e depressão. Ela estudou com uma professora domiciliar até setembro, quando o projeto artístico começou, e conseguiu voltar a frequentar a escola pelo menos uma vez por semana.

A jovem encontrou no desenho e na pintura uma forma de libertação e despertou um talento que nem mesmo sua família podia imaginar. Suas pinturas são cheias de simbolismo, e apresentam qualidade estética e beleza.

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Para a mãe, Elisabeth, cada nova etapa é comemorada. Ela lembra que, na infância, a filha chorava e pedia para não ir à escola, e a família lia esse comportamento como uma dificuldade de adaptação causada pelas várias mudanças de cidade.

– Era muito mais do que isso, mas tudo some nas telas de pintura. Eu nunca podia imaginar que a minha filha tivesse um talento tão grande para a pintura. Até os médicos notaram avanços, então sinto muito orgulho, porque arte é talento e eu a vejo feliz e realizada – orgulha-se Elisabeth.

Segundo ela, as crises de depressão da filha reduziram e ela passou também a se comunicar mais durante as oficinas. Para a pedagoga e responsável pelo atendimento domiciliar da jovem, Ivanilda da Silva Lima, a maior diferença para a adolescente é a socialização.

– Ela falar e estar perto do outro é uma conquista enorme, porque sempre se privava e queria ficar isolada. Então, só o fato de ela sair de casa, estar se comunicando com os colegas e estar fazendo esse movimento, já é uma recompensa – celebra Ivanilda, que ajudou a implementar o projeto inovador na Escola Eng. Annes Gualberto.

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