O espírito de liberdade é um dos pilares do projeto, visto como uma oportunidade para que as crianças e os adolescentes aproveitem o papel e as cores e demonstrem suas visões de mundo, deixem fluir a criatividade, transmitam sensações e ganhem mais domínio motor. Tudo é centrado na resposta para a questão: “o que é educação de qualidade para você?”.

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A educadora e artista visual Priscila dos Anjos, líder da iniciativa, aponta que a intenção de trabalhar a arte com os alunos da educação especial – muitos deles com diagnóstico de autismo ou algum outro transtorno – deve-se ao fato de que essa é uma habilidade capaz de revelar histórias e sentimentos. Também ajuda no desenvolvimento intelectual e no autocuidado.

– A arte dá a possibilidade de fala. Aqui o aluno expressa o que sente na pintura, tanto que o projeto tem como tema as emoções. É essa emoção expressada a partir da tinta e do pincel, que é algo solto e que se dissolve no espaço. Ele vivencia a liberdade de gestos que a arte possibilita e consegue entender que ninguém é diferente, todos somos iguais e temos as mesmas capacidades – explica Priscila.

Desde o início de setembro até o dia 26 deste mês, os alunos participarão de uma série de dinâmicas. Entre elas está uma atividade de autoconhecimento que envolve caixas e espelhos e que mostra aos alunos que eles mesmos são as pessoas mais importantes de suas vidas. Há, ainda, momentos de intervenção artística e pinturas em tela compartilhadas e individuais, além da criação de uma obra assinada por cada aluno portador de necessidades educativas especiais.

– A ideia é que os alunos produzam suas próprias telas, mas que os professores e os residentes também façam cada um uma tela. Assim, teremos os três olhares sobre qual é o ideal de escola que queremos. Posteriormente, faremos uma socialização do projeto de forma que o nosso aluno da educação especial seja o protagonista e multiplicador desse propósito – afirma a coordenadora escolar, Daiane Pellizzari.

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Com as telas prontas, a intenção é que os alunos retornem para suas turmas e repliquem a atividade em sala com os colegas. Depois, as educadoras pretendem expor as obras em um shopping e ainda alimentam a ideia de fazer um leilão simbólico dos quadros para valorizá-los e gerar recursos para a aquisição de mais materiais como papéis, tintas e pincéis.

– O mais gratificante é que esta não é uma dinâmica pronta, é uma experiência viva que estamos construindo juntos e que, a cada etapa, está nos permitindo fazer descobertas novas sobre os nossos alunos. Eles estão desenvolvendo competências, socializando, aprendendo. Isso os ajuda a se expressarem e, de fato, a terem acesso a uma educação inclusiva e de qualidade – diz Daiane.

Como a escola pode trabalhar os Objetivos para 2030?

Atendendo a um pedido da Secretaria de Estado da Educação, a escola joinvilense investiu na capacitação de professores no final do primeiro semestre deste ano e começou a trabalhar com o tema em setembro, formando grupos divididos por áreas de conhecimento para trabalhar os ODS impactando os cerca de 800 alunos da instituição.

De acordo com a diretora da EEB Annes Gualberto, Célia Stoll, as iniciativas contam com participação tanto das crianças do 1º ao 5º ano das séries iniciais quanto dos estudantes do Ensino Médio. Entre os trabalhos desenvolvidos estão a adoção das ODS no conteúdo curricular, intervenções nos espaços da escola, ações na comunidade, projeto de reutilização da água da chuva e de cultivo da horta escolar.

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Segundo Daiane Pellizzari, todas são atividades práticas já estão em curso e fazem com que cada indivíduo se sinta pertencente ao colégio. O ganho para os envolvidos são as competências, que englobam autoconhecimento e autonomia, expressão, poder de decisão, abertura para o novo, proatividade e responsabilidade.

– Escola é movimento e não cabe a ideia de trabalhar só com a teoria ou o lado cognitivo dos alunos. Temos que desenvolver as habilidades dele, porque o mercado contrata pessoas pelo currículo e demite por comportamento. Por isso, costumo dizer que escola não é só Português ou Matemática, é como se fosse um útero que vai formar cidadãos para a sociedade – destaca Daiane.

O que são os ODS?

Estabelecida pelos 193 países membros da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2015, a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável é composta por 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que buscam o equilíbrio econômico, social e ambiental por meio de transformações desafiadoras. Conheça os objetivos:

Erradicação da pobreza;

Fome Zero e agricultura sustentável;

Saúde e bem-estar;

Educação de qualidade;

Igualdade de gênero;

Água potável e saneamento;

Energia limpa e acessível;

Trabalho decente e crescimento econômico;

Indústria, Inovação e Infraestrutura;

Redução das desigualdades;

Cidades e comunidades sustentáveis;

Consumo e produção responsáveis;

Ação contra a mudança global do clima;

Vida na água;

Vida terrestre;

Paz, justiça e instituições eficazes;

Parcerias e meios de implementação.

Destaques do NSC Total