* Por Sabrina Quariniri, especial para "AN"
De um lado, alunos atentos jogando xadrez no pátio. Na quadra esportiva, ao final do corredor, crianças fazendo polichinelo. Do outro lado, silêncio, concentração e frações matemáticas. Neste ambiente tipicamente escolar, onde a parte de fora das paredes das 10 salas de aula são rodeadas por desenhos e pinturas dos alunos, o diretor e a supervisora visitam as turmas, conversam com os professores e certificam-se de que o contrato pedagógico está sendo aplicado corretamente.
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Na Escola Municipal Adolpho Bartsch, de Joinville, é fácil perceber o porquê a escola se destacou como a melhor dos anos iniciais do Sul do Brasil: há cuidado, dedicação e disciplina. Para o diretor Fábio de Almeida Doin, o bom desempenho dos alunos, que trouxe a posição de destaque no último Índice de Desenvolvimento de Educação Básica (Ideb), já era esperado, pois é feito um trabalho constante de monitoramento de aprendizagem.
E não é à toa que a escola é destaque pela quarta vez desde 2011: o contato com os pais e alunos inicia antes mesmo de os estudantes entrarem. Assim que é realizada a matrícula, os responsáveis são convidados a conversar com a direção e os futuros professores, onde são apresentadas as propostas pedagógicas e os métodos de trabalho. O diretor Doin reforça que o empenho dos pais na aprendizagem das crianças tem sido cada vez mais essencial.
Aliado a este projeto, a escola aposta em outros fatores, como políticas de acompanhamento das turmas pedagógicas, onde cada uma – do 1º ao 5º ano – realiza simulados mensais em diferentes níveis de dificuldade; projetos de leitura e escrita; e aulas com tablet. Nos critérios de aprendizagem e recuperação da aprendizagem, são realizados reforços escolares sob demanda, além de um acompanhamento da equipe gestora das atividades desenvolvidas pelos professores.
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Longo caminho
Mas não é de agora que a unidade trabalha de forma diferenciada. Segundo a supervisora Renata de Souza Ledoux, esse é um processo que vem sendo construído desde 2009 e todas as formas de atuação estão fichadas em uma espécie de cartilha, onde são registradas as intenções da escola, orientações aos professores e normas de funcionamento, desde a parte administrativa à pedagógica. Este planejamento funciona de acordo com a matriz curricular da rede municipal de ensino.
— Essa premiação no Ideb não se conquista no 5º ano. É o resultado de uma construção coletiva desde o primeiro contato com os alunos — diz Doin.
Na visão da supervisora, não há um diferencial na escola, o segredo é ouvir a todos e deixar que façam parte da elaboração do projeto de ensino.
— Várias pessoas trazendo olhares diferentes sobre o mesmo conteúdo traz mais oportunidade de aprendizado para as crianças — afirma.
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Foco no aprendizado dos alunos
A professora do 4º e 5º anos, Lenira Regina de Piske Haut atua na escola desde 2008, estando presente em todas as premiações no Ideb. Segundo ela, há todo um regimento interno em que os professores devem trabalhar em cima para cumprir o plano curricular. Para a profissional, as notas são reflexo do que é trabalhado o ano inteiro nas salas de aula. Porém, no fim das contas, não é o principal.
— A nota do Ideb é muito gratificante, mas, para nós, o mais importante é o aprendizado.
Em sua visão, as turmas possuem dificuldades diferentes e, portanto, devem ser trabalhadas conforme suas demandas. Dos mais de 10 anos em que a professora está na escola, muitos alunos já passaram por suas mãos e, hoje em dia, voltam para visitá-la. Para ela, essa é a parte mais gratificante de educar: não só formar profissionais, mas sim, seres humanos.
— Não me vejo fazendo outra coisa, quero me aposentar na sala de aula — finaliza.