O sinal que indica o horário do recreio ainda toca. Alguns livros seguem nas prateleiras, porém agora empoeirados. O mesmo acontece com o parquinho, com as bolas de futebol e, até, com um punhado de cadeiras infantis. Há um ano, as carteiras da escola Erich Klabunde, em Blumenau, não têm mais crianças estudando, mas o cenário soa como se o pequeno colégio tivesse parado no tempo. Os alunos foram transferidos para um lugar novo, recém-construído, mas o prédio antigo permanece quase do mesmo jeito como terminou o último ano letivo.
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No outro lado da cidade, no bairro Velha Grande, quem estudou na escola Orestes Guimarães hoje quase não enxerga a estrutura por causa do mato. Se não fosse a pintura, a bandeira e o nome ainda grafado na parede, nem se imaginaria que ali havia uma escola. O espaço está abandonado. Ao Sul da cidade, no Progresso, a casinha de madeira azulada da Margarida Freygang reflete a falta de manutenção, com eletrodomésticos jogados pelas salas e sucatas amontoadas aos cantos.
Mas de quem é a responsabilidade por essas estruturas? Há planos para ocupar esses espaços com serviços públicos? Alguém vai recolher os materiais que ficaram para trás dentro das escolas? As respostas não são tão simples, diz a Secretaria de Educação de Blumenau.
Escola Erich Klabunde
Na escola Erich Klabunde a explicação é que o material que ainda está lá será levado para o prédio novo da Escola Básica Municipal Vereador Erno Bublitz. Embora tenha sido inaugurada em dezembro do ano passado e os alunos já estejam no local, ainda há obras para serem concluídas. O parquinho infantil que hoje acumula poeira na antiga Erich Klabunde seria bem-vindo, por exemplo, em uma das mais de 10 unidades de ensino da prefeitura que ainda aguardam por uma estrutura dessas.
— A [escola] Erno Bublitz ainda não está finalizada por conta de um recurso que veio há pouco tempo do governo federal. Então, temos áreas lá dentro para concluir. E algumas coisas ficaram na antiga Erich Klabunde e precisam ser remanejadas quando acabar essa obra no colégio novo — explica a secretária Municipal de Educação, Simone Janice Bretzke Probst.
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O que ainda não estava pronto quando a escola Erno Bublitz abriu as portas e quando isso deve ser concluído de fato, a prefeitura não informou.
Ela conta que a prefeitura cogitou usar a estrutura da Erich Klabunde para instalação de um espaço de saúde, mas a ideia não avançou por questões técnicas e até agora não se sabe o que será feito com aquela estrutura. Enquanto isso, a Secretaria de Educação de Blumenau diz que faz manutenção e limpeza frequentes no local. Moradores contam que, recentemente, portas da antiga escola foram arrombadas.
Escola Margarida Freygang
A escola Margarida Freygang deu adeus às crianças no fim de 2017. A unidade foi fechada por causa do baixo número de alunos e da dificuldade da prefeitura de Blumenau em encontrar profissionais para atuar lá por causa da distância. A casinha charmosa fica a cerca de 25 quilômetros do Centro, em uma área mais isolada da cidade. À época, a decisão de levar as crianças para outra unidade também refletiu a necessidade de incentivar a convivência com outros grupos da mesma idade, afirma Simone.
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Com o fim das aulas ali, o espaço foi para a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade. De acordo com a prefeitura, recentemente foi descoberta uma pendência na documentação do imóvel. “A equipe já está trabalhando na regularização desse registro para, em seguida, avaliar a melhor forma de utilização do espaço. Entre as possibilidades, está a construção de parcerias com a comunidade ou até mesmo com uma ONG”, apontou o governo municipal.
Quem mora na região, cercada pelo verde da natureza, clama por uma atitude rápida: “Espaço sem vida é lugar sem alma. Precisamos de uma área de convivência. Pelas crianças, pelos adultos, por nossa comunidade. Por décadas, esse espaço viu gerações de crianças crescerem, viu sorrisos verdadeiros e famílias unidas. Queremos isso novamente”, diz um cartaz deixado ao lado da antiga escola.
Escola Orestes Guimarães
No fim da Rua Franz Muller, no bairro Velha Grande, está o espaço que um dia abrigou a escola Orestes Guimarães. O mato cresce desenfreadamente em volta. Lá dentro, o quadro, ainda da época do giz, segue na parede. Pendurados também estão os barbantes com as letras do alfabeto, os papéis ensinando a formação de sílabas. Uma história que ficou para trás.
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Um documento de junho de 2017 revela que o colégio foi desativado por causa de um laudo da Defesa Civil apontando risco de deslizamento. Poderia se tornar, então, um parquinho ou algo para a comunidade? Segundo a prefeitura, a resposta é não. Porém, o governo municipal diz não ter prazo para fazer a demolição da estrutura e evitar o uso inadequado do espaço.
Terrenos de escolas demolidas não têm mais utilidade, diz prefeitura
E por falar em escolas desativadas por segurança, quem não lembra quando os alunos das escolas Júlia Strzalkowska, no Zendron, e Tiradentes, no Vorstadt, precisaram mudar de unidade após a tragédia de 2008? Hoje, os estudantes dividem espaço com as crianças do colégio Arno Zadrozny, no bairro Garcia.
Onde os antigos colégios funcionavam, ficaram apenas as marcas no chão, alguns pilares e muros. O resto, a prefeitura demoliu. É o que revelam as fotos. Os terrenos estão em área de risco e não têm autorização para receber qualquer tipo de construção, garante o governo de Blumenau.
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