Um conjunto específico de sintomas vividos ainda na vida adulta pode indicar risco elevado de demência décadas depois. Essa é a principal conclusão de um novo estudo conduzido por pesquisadores da University College London (UCL) e publicado na revista The Lancet Psychiatry. A pesquisa mostra que não é a depressão em si, mas certos sinais associados a ela, que ajudam a antecipar o problema.
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Durante anos, a depressão na meia-idade já vinha sendo apontada como fator de risco para o declínio cognitivo. Agora, os cientistas avançam ao identificar seis sintomas-chave que parecem concentrar essa relação. São eles: perda de autoconfiança, dificuldade em enfrentar problemas, falta de afeto pelos outros, nervosismo constante, insatisfação com tarefas realizadas e dificuldade de concentração.
Segundo os autores, prestar atenção a esses sinais específicos pode abrir caminho para estratégias de prevenção mais precoces. O professor Philipp Frank, da UCL, explica que muitos desses sintomas são comuns na meia-idade, mas carregam informações importantes sobre a saúde cerebral a longo prazo. Identificá-los cedo pode fazer diferença no futuro.
Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores analisaram dados de 5.811 adultos participantes do estudo Whitehall II. Os sintomas depressivos foram avaliados entre 1997 e 1999, e a saúde dos voluntários foi acompanhada por 25 anos. Ao longo desse período, 10,1% desenvolveram demência.
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Os resultados mostraram que pessoas consideradas deprimidas na meia-idade apresentaram risco 27% maior de demência. No entanto, esse aumento foi totalmente explicado pelos seis sintomas específicos. Em especial, a perda de autoconfiança e a dificuldade em lidar com problemas elevaram em cerca de 50% o risco de declínio cognitivo.
Especialistas destacam que esses sintomas podem reduzir o envolvimento social e a estimulação mental ao longo da vida. Isso afeta a chamada reserva cognitiva, fundamental para que o cérebro consiga resistir melhor aos efeitos do envelhecimento e de doenças neurodegenerativas.
*Sob supervisão de Pablo Brito

