O futuro do centro de Florianópolis virou tema de um estudo urbanístico, que deve orientar o redesenho do centro de Florianópolis para as próximas décadas. A proposta, que conta com a parceria entre  especialistas brasileiros e dinamarqueses, busca guiar os rumos da capital para a qualidade de vida dos moradores, com integração entre espaços públicos e mobilidade ativa.  

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O projeto é promovido pelo Laboratório de Urbanismo e Arquitetura (LUA), organização catarinense sem fins lucrativos criada para estudar e propor soluções aos desafios urbanos contemporâneos. Além disso,  prevê uma consultoria internacional conduzida pelo escritório do arquiteto e urbanista dinamarquês Jan Gehl, referência mundial em urbanismo voltado às pessoas. 

Conforme o cronograma, o estudo terá duração de seis meses e incluirá diagnósticos, oficinas e visitas de campo. Ainda, está previsto o desenvolvimento de um plano urbano, que traçará metas de curto, médio e longo prazo. 

A área de análise do projeto abrange o Centro Histórico, a Passarela da Cidadania e o entorno da Ponte Hercílio Luz. O objetivo é propor intervenções que tornem os espaços públicos mais conectados, acessíveis e atrativos, com um olhar para as próximas cinco décadas. 

Caminhabilidade como ponto de partida

A arquiteta e diretora executiva do LUA, Tati Filomeno, explica que o laboratório nasceu com o propósito de pensar as cidades a partir da qualificação dos espaços públicos. Com o projeto, os especialistas envolvidos pretendem desenvolver propostas, estratégias e estudos para a melhoria dos espaços destinados à população. 

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No primeiro ciclo de trabalho, o LUA escolheu a caminhabilidade como tema central. O conceito, que abrange o ato de caminhar como forma de mobilidade ativa, vai além do que sugerir a aplicação de  calçadas adequadas. 

— A caminhabilidade impacta diversos elementos: a qualidade da rua, a iluminação pública, o conforto térmico e acústico, a arborização, a segurança, as fachadas ativas e o comércio que gera atratividade. São vários fatores conectados ao ato de caminhar — explica Tati.

Foi a partir desse tema que surgiu a parceria com o escritório dinamarquês. A arquiteta conta que, logo no início dos trabalhos, a Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (ACIF) e a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) compraram a ideia e contrataram o arquiteto Jan Gehl para trabalhar em conjunto com o LUA. 

Na prática, o LUA atuará como escritório local da Gehl Architects em Florianópolis, e ao longo do projeto, deve garantir a integração entre as diferentes instituições envolvidas e o fluxo das informações sobre a cidade. Também, será responsável por oferecer suporte técnico durante todas as etapas da elaboração do projeto.

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Entre as metodologias aplicadas, estão previstas análises detalhadas sobre densidade urbana, áreas verdes, tráfego, modais, acidentes de trânsito, malha cicloviária, tempo de deslocamento e comércio local. Esses dados serão cruzados com informações fornecidas pela Prefeitura de Florianópolis.

A partir da experiência acumulada em mais de 300 cidades, o escritório dinamarquês deve contribuir com estratégias adaptadas à realidade da capital catarinense. . 

— Eles já desenvolveram projetos em todo o mundo e têm impacto comprovado na revitalização econômica de áreas centrais. Essa experiência será traduzida para a nossa identidade urbana, com o apoio do escritório local e de profissionais da Prefeitura — afirma Tati.

Etapas e próximos passos

Os trabalhos começaram em setembro e devem se intensificar nas próximas semanas, com a chegada de arquitetas da equipe dinamarquesa a Florianópolis. Durante a visita, elas farão imersões no território e definirão as áreas prioritárias de intervenção.

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— Elas estarão aqui para vivenciar o espaço que elegemos como possível área de intervenção e firmar a decisão sobre as áreas que serão detalhadas no projeto — explica Tati.

As ações estão organizadas em cinco eixos: mobilidade sustentável, espaços públicos e resiliência climática, bairros completos, desenho para crianças e turismo sazonal. Cada um deles servirá como base para a elaboração de propostas concretas, voltadas à execução progressiva em diferentes prazos.

Com essa iniciativa, Florianópolis busca alinhar-se às boas práticas internacionais de urbanismo humano e sustentável do mundo. Ainda, pretende abrir caminhos para que o centro da capital seja um espaço de convivência, inclusão e vitalidade urbana.