Uma mulher que se apresentava como biomédica e realizava procedimentos estéticos ilegais em São José, na Grande Florianópolis, foi indiciada pela Polícia Civil de Santa Catarina nesta semana. De acordo com a investigação, ao menos 14 pessoas foram vítimas e tiveram infecções graves e sequelas causadas pelos procedimentos, considerados invasivos.
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Os procedimentos foram realizados entre 2024 e 2025 pela mulher de 31 anos, que se apresentava às pacientes como biomédica da área da estética. Dessa forma, ela fazia preenchimento labial, harmonização facial, harmonização glútea, rinomodelação e aplicação de toxina botulínica em diferentes locais de São José, tanto de forma domiciliar, quanto em salões de beleza do município.
A investigação aponta que a investigada atraia as clientes pelas redes sociais, onde tinha mais de 10 mil seguidores em uma plataforma. Ela cobrava de R$ 500 a R$ 3,5 mil pelos procedimentos, mesmo sem ser formada na área. À época, o Conselho Regional de Biomedicina informou que a mulher não possuía registro profissional.
Quando foi interrogada, a mulher chegou a dizer que havia cursado biomedicina, mas não chegou a concluir a graduação. Dessa forma, a investigação aponta que a suspeita exerceu ilegalmente a profissão, além de cometer estelionatos e lesões corporais.
Complicações nos procedimentos
Diversas vítimas começaram a relatar nas redes sociais complicações graves depois de terem feito procedimentos. Uma das mulheres disse ao NSC Total que decidiu fazer um procedimento estético nos glúteos com a mulher após ver avaliações e resultados positivos no perfil dela nas redes sociais. Entretanto, desde a primeira aplicação de ácido hialurônico, ela começou a sentir reações como febre e coceira no local.
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O procedimento da vítima custou cerca de R$ 1 mil mas, depois de ter dado errado, a falsa biomédica chegou a oferecer outra técnica, com aplicação de plasma. A vítima disse que desconfiou da técnica, já que houve diversos erros na aplicação, iniciando pela coleta de sangue. Contudo, confiando na suspeita, ela fez o procedimento e teve as nádegas deformadas com manchas, sentindo dor frequentemente.
A mulher, então, precisou buscar ajuda médica, e viu que a aplicação havia infeccionado por meio de uma ultrassom. Ela chegou a ficar internada por uma semana.
Outra vítima realizou um peeling químico para estimular a renovação celular e teve problemas, com ardência e vermelhidão no rosto, sem conseguir dormir por muitas vezes. Uma mulher também realizou um preenchimento na boca, no queixo e uma rinomodelação em março deste ano. Em questão de minutos, a boca da jovem começou a inchar, e ela precisou ir a uma Unidade de Pronto Atendimento.
Veja imagens do caso
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Indiciada por 13 crimes de estelionato
Com a conclusão do inquérito, a suspeita foi indiciada pela contravenção penal de exercício ilegal da profissão, por crime contra as relações de consumo, por 13 crimes de estelionato e por seis crimes de lesão corporal, sendo um dos casos de lesão corporal grave por incapacidade para ocupações habituais superior a 30 dias.
Agora, o relatório foi concluído e encaminhado ao Ministério Público e ao Poder Judiciário.
Defesa de uma das vítimas se diz “confiante” com indiciamento
A defesa de uma das vítimas reitera que o caso está em segredo de justiça e afirma que já acreditava no indiciamento da suspeita e que, agora, está confiante “na melhor interpretação das autoridades”. Entretanto, o advogado disse discordar em relação a alguns pontos sobre os crimes que a suspeita foi indiciada, visto que, na opinião dele, ela “assumiu o risco de morte”.
— Na condição de representantes da vítima, nós, por opinião, divergimos em algumas questões. Aqui já mencionamos que quando a pessoa aplica produtos inadequados, de forma irregular, sem ter um conhecimento para tanto nas vítimas, e isso ficou claro porque diversas pessoas tiveram complicações, a depender da interpretação, e na nossa opinião, aqui nós estamos lidando até com a possibilidade de morte de algumas vítimas, a depender de onde foi feito o procedimento, do produto que foi aplicado. A pessoa, então, digo mais uma vez, na nossa opinião, em alguns casos assumiu, sim, o risco de morte, a possibilidade de ter uma complicação severa e chegar nesse ponto drástico. Poderíamos estar lidando, por que não, a depender da interpretação, até mesmo com um possível homicídio — disse.







