A família de Bruno Orso Rocha, de 24 anos, denuncia negligência médica no Hospital e Maternidade Tereza Ramos, em Lages, após a morte do jovem no dia 8 de março.
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A denúncia foi feita pela esposa, Natacha Nery Oliveira, que relatou em detalhes a sequência de eventos desde a chegada de Bruno à emergência até o momento de sua morte. Segundo ela, houve demora no atendimento, falta de monitoramento adequado e resistência dos médicos em agir rapidamente diante da gravidade do quadro.
De acordo com Natacha, Bruno começou a passar mal por volta das 5h30min da manhã, apresentando febre alta, confusão mental, fortes dores de cabeça e rigidez no pescoço. Como havia passado por uma esplenectomia (retirada do baço) há um mês, ela sabia que ele estava mais vulnerável a infecções graves.
O casal chegou ao hospital por volta das 6h da manhã, e Bruno foi levado para a sala de emergência, onde recebeu compressas de álcool e medicação para controlar a febre. No entanto, segundo a esposa, nenhum exame foi realizado de imediato.
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A preocupação aumentou quando, mesmo após horas de espera, Bruno não apresentava melhora. Natacha conta que precisou insistir para que os exames laboratoriais fossem feitos e, quando os resultados ficaram prontos, ela mesma os buscou para entregá-los ao médico.
Veja fotos de Bruno e a família
— Entrei em contato com uma conhecida do laboratório para enviar alguém, pois ele não estava bem. Logo, coletaram os materiais e assim que os exames ficaram prontos, ela me avisou que estava no sistema e avisei ao enfermeiro. O enfermeiro me disse que ainda não estava no sistema, então atravessei o hospital e busquei o resultado em mãos para o médico verificar o quanto antes o que poderia estar ocasionando todos estes sintomas — explicou.
No entanto, a primeira avaliação não indicou alterações graves. Ainda assim, preocupada com os sintomas persistentes, Natacha pesquisou na internet e suspeitou de meningite, mas, segundo ela, a sugestão foi descartada pelo médico responsável.
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Somente após a troca de plantão, um novo profissional avaliou Bruno, realizou os testes clínicos e decidiu fazer a punção lombar, que confirmou o diagnóstico de meningite bacteriana.
— Assim que teve a suspeita de meningite, entrei em contato com um médico que já acompanhava o Bruno há mais tempo explicando a situação e ele me indicou falar com o doutor que estava atendendo para levá-lo para a UTI, pois o quadro era grave — relatou a esposa.
Segundo Natacha, o estado de saúde do marido já estava muito debilitado: ele apresentava lábios, mãos e pés arroxeados, além de dificuldade para respirar. Mesmo assim, não foi encaminhado imediatamente para a UTI, o que, para ela, teria sido determinante para a piora do quadro.
A esposa relata que precisou implorar para que o marido fosse monitorado e para que providências fossem tomadas:
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— Já eram quase 10h da manhã e ele seguia na emergência, sem monitoramento e com outros pacientes, sendo que o ideal para ele era ficar isolado, como informei ainda na triagem. Eu saí para amamentar o nosso bebê, e quando retornei ele estava gritando ainda mais de dor e dizendo que estava se sentindo muito mal, e que estava difícil para respirar. Questionei mais uma vez ao Dr, o que estava acontecendo e o que seria feito. Ele me disse que os roxos eram da febre alta que não tinha cedido até então.
Apenas por volta das 14h foi feita a solicitação para um leito de UTI, mas, segundo ela, já era tarde:
— Após eu implorar foi verificado os sinais e infelizmente já era tarde demais. A saturação já tinha caído muito. Ele foi transferido da sala laranja para a sala vermelha. O médico nos passou que não poderíamos mais acompanhar e que tinha confirmado para Meningite Bacteriana e que só então, nesta hora, tinha solicitado um leito de UTI. Findou o plantão do médico e o mesmo optou por não continuar com o caso. Com o Bruno quase desfalecido, transferiu ele às 14h para outra médica, dizendo ser um paciente estável, sendo que ele não esteve estável em nenhum momento desde que chegou, gritando de dor e pedindo por ajuda. Foi descrito como “agitado e ansioso” e quando a doutora recebeu o caso, a situação já estava muito crítica — contou Natacha.
Bruno entrou em choque séptico e, apesar das tentativas da equipe médica, não resistiu. Ele faleceu às 15h15min, ainda na emergência.
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O que diz o hospital
O Hospital foi procurado pela reportagem e, em nota via assessoria, informou:
“A direção do Hospital e Maternidade Tereza Ramos esclarece que está apurando os fatos e tomando todas as medidas administrativas sobre o ocorrido.”
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