O mês de fevereiro é marcado pela campanha “Fevereiro Roxo” que busca conscientizar a população sobre três doenças crônicas que nem sempre são visíveis, mas afetam a vida de milhões de pessoas: lúpus, fibromialgia e Alzheimer. Cerca de 100 mil pessoas sofrem de fibromialgia em Santa Catarina, segundo a Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina (SES).

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Para aliviar o sofrimento dessas pessoas, a SES publicou a “Linha de Cuidado para Atenção à Saúde das Pessoas com Dor Crônica de Santa Catarina”, na qual essas doenças crônicas estão inseridas, após a aprovação da Comissão Intergestores Bipartite (CIB). O objetivo foi organizar os serviços de saúde e fortalecer o cuidado integral ao paciente de acordo com as suas necessidades, com o custeio estadual.

— A SES criou a linha de cuidado para organizar o percurso do paciente dentro dos serviços. A ideia é que todos os pontos da rede de atenção tenham um olhar para as pessoas que têm alguma dor. O cuidado ocorre na Atenção Primária em Saúde. O médico começa a investigar a dor e orienta o paciente a adquirir mudanças no seu dia a dia, como o exercício físico, que é um aliado para os pacientes com fibromialgia, gerando alívio dessa dor. O tratamento não-medicamentoso inclui ainda as práticas integrativas — explica a diretora da Atenção Primária à Saúde (DAPS), Angela Blatt Ortiga.

Além disso, a diretora ainda diz que alguns municípios possuem equipes multidisciplinares com psicólogo e nutricionista para auxiliar os pacientes. A linha de cuidado também traz possibilidade de encaminhamento do paciente com lesões para a reabilitação, criando um vínculo entre a atenção primária e a rede especializada de saúde. Ela também busca atender as necessidades de assistência que constam no Programa Estadual de Cuidados para Pessoas com Fibromialgia no Estado de Santa Catarina.

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A professora de enfermagem, Drª Débora Biffi, alerta que a conscientização para doenças crônicas neste Fevereiro Roxo é fundamental porque essas doenças, embora afetem diversas pessoas, muitas vezes não são compreendidas corretamente.

— A falta de informação pode levar ao estigma, diagnóstico tardio e ao tratamento inadequado. Aumentar a conscientização ajuda a desmistificar essas condições, promove um diagnóstico mais rápido e proporciona um tratamento mais eficaz — diz a enfermeira.

O diagnóstico precoce de doenças crônicas é o melhor caminho para controlar os sintomas, já que não há cura.

A dor crônica é considerada um problema de saúde pública. No Brasil, estudos revelam uma prevalência de dor crônica de aproximadamente 40%, e a dor crônica com limitação grave ou generalizada em torno de 5%.

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Entenda as doenças crônicas e tratamentos disponíveis

Lúpus

O lúpus é uma doença autoimune crônica, na qual o sistema imunológico ataca os próprios tecidos e órgãos. Isso pode afetar várias partes do corpo, como pele, articulações, rins e coração. Entre os sintomas mais comuns estão fadiga, dores articulares, manchas na pele, febre e problemas renais. Pacientes devem proteger-se do sol, pois a exposição pode agravar os sintomas.

A estimativa é que cerca de 65 mil pessoas no Brasil convivam com a doença, segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), sendo a maioria mulheres entre 20 e 45 anos.

É fundamental seguir o tratamento com medicamentos imunossupressores (drogas que agem na divisão celular e têm propriedades anti-inflamatórias) e manter acompanhamento médico regular, segundo explica a professora de enfermagem.

Fibromialgia

A fibromialgia causa dores musculares generalizadas, cansaço extremo e dificuldades para dormir. Além disso, pode afetar a concentração e estar associada à depressão e à ansiedade.

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Segundo a SBR, a condição afeta aproximadamente 3% da população brasileira. De acordo com a SES, ela é predominante em mulheres, em torno de 10 mulheres para cada homem, e o pico de incidência é entre os 30 e 50 anos de idade.

Ainda não se sabe exatamente o que causa a doença, mas acredita-se que esteja ligada a uma maior sensibilidade do sistema nervoso à dor.

— O tratamento envolve medicamentos, fisioterapia e suporte psicológico. Manter uma rotina de atividades físicas leves, como caminhada e alongamentos, pode ajudar a aliviar a dor. Além disso, evitar estresse e garantir uma boa qualidade de sono são cuidados importantes — orienta Biffi.

Em SC, carteira identifica pessoas com fibromialgia

Desde seu lançamento em dezembro de 2024, a Carteira de Identificação das Pessoas com Fibromialgia de Santa Catarina já foi emitida para 1.500 pessoas, de acordo com informações da Secretaria de Saúde.

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O documento, instituído pela Lei Estadual nº 18.928 de junho de 2024, reconhece as pessoas com fibromialgia como pessoas com deficiência, tendo acesso a diversos benefícios sociais em serviços públicos e privados, especialmente na saúde, educação e assistência social.

A Carteira é expedida pela Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE). Para solicitá-la, basta seguir as orientações que constam no site da FCEE.

Alzheimer

O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa progressiva que afeta a memória, o raciocínio e o comportamento. No início, os sinais podem ser sutis, como esquecimentos e dificuldades para encontrar palavras.

Com o tempo, a doença avança, comprometendo a autonomia do paciente, que pode até deixar de reconhecer familiares. De acordo com a Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz), cerca de 1,2 milhão de brasileiros convivem com a doença.

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Segundo a professora de enfermagem, manter uma rotina estruturada, com atividades cognitivas e físicas, ajuda a retardar o avanço da doença. “Também é importante garantir a segurança do paciente e promover um ambiente tranquilo e estável”, acrescenta.

Cada pessoa sente a dor de maneira e intensidade diferente, sofre influências de fatores biopsicossociais e nas experiências dolorosas físicas e emocionais. As doenças ainda podem levar ao estresse físico e emocional, além de gerar altos custos financeiros e sociais para a população e serviços de saúde.

Assistência no Sistema Único de Saúde (SUS)

Uma doença se torna uma dor crônica quando é superior a três meses, independentemente da recorrência, intensidade, e implicações funcionais ou psicossociais, de acordo com a SES. Nessa situação, a orientação é buscar atendimento na Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima da residência. 

Na consulta, durante a entrevista do profissional de saúde com o paciente e do exame físico, é possível entender e categorizar a dor que a pessoa apresenta e o que levou à dor crônica. O plano de gerenciamento da dor deve contemplar medidas medicamentosas (RENAME/SUS) e não medicamentosas, como: Práticas corporais; Abordagens psicoterapêuticas; Programas educativos: intervenções e fonte de informações; Práticas Integrativas e Complementares (PICs). 

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Os pacientes com risco grave e com necessidade de reabilitação especializada, inclusos também os com dor crônica intratável e fibromialgia, devem ser encaminhados às Equipes de Reabilitação Especializada de acordo com os critérios técnicos e de risco definidos em protocolo no SUS, conforme fluxo.

*Sob supervisão de Andréa da Luz

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