O avanço das ferramentas de inteligência artificial (IA) voltadas à programação tem modificado o modo como projetos de software são desenvolvidos. Essa tecnologia já acelera tarefas, sugere trechos de código e se tornou necessária no trabalho de equipes de tecnologia. Porém, estudos recentes apontam que o uso dessas plataformas exige uma base sólida de lógica e desenvolvimento de sistemas para que o resultado seja seguro e escalável.
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Um levantamento da Veracode mostra que cerca de 45% do código gerado por IA apresenta falhas de segurança conhecidas. Em linguagens como Java, o índice chega a 70%, o que reafirma que sem domínio dos fundamentos, a IA pode ampliar problemas em vez de resolvê-los.
A adoção de assistentes de código ganhou força nos últimos anos porque reduz o tempo gasto em tarefas operacionais. Além disso, facilita processos como documentação, testes e revisão inicial de trechos de software. Mas essa eficiência não elimina a necessidade de conhecimento técnico. Uma pesquisa da Universidade de Cornell indica que 62% das soluções produzidas com apoio da IA carregam vulnerabilidades estruturais.
Riscos em confiar totalmente na IA
No desenvolvimento, o ato de aceitar trechos de códigos de programação gerados automaticamente, sem entender como eles funcionam, é chamado de vibe coding. Essa prática é apontada como arriscada, especialmente quando envolve sistemas que lidam com dados sensíveis ou operações complexas.
Para profissionais que atuam diretamente no desenvolvimento, a explicação é simples: a IA produz código, mas quem interpreta, valida e integra este código ao restante do sistema ainda é o programador. Por isso, dominar lógica computacional, estruturas de dados, algoritmos e design de software continua determinante para evitar soluções frágeis.
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É através do conhecimento técnico que o desenvolvedor pode avaliar se o código gerado é eficiente, se atende ao objetivo proposto e se será fácil de manter com o tempo. Também, um especialista pode identificar pontos vulneráveis, revisar entradas e saídas, estruturar testes e adaptar sugestões da IA às regras de negócio de cada projeto. Sem essa maturidade, o risco é criar aplicativos que funcionam no início, mas não suportam crescimento ou alterações futuras.
Impacto na formação e no mercado
A discussão sobre fundamentos ganhou relevância nas instituições de ensino e em empresas do setor. Em via de regra, a indicação é utilizar um equilíbrio entre automação e análise humana, conhecimento que é bastante cobrado pelo mercado de trabalho nos dias atuais.
Em Santa Catarina, o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) mantém cursos técnicos e de aperfeiçoamento voltados ao desenvolvimento de sistemas. Nos currículos divulgados pela instituição, disciplinas como lógica de programação e introdução ao desenvolvimento aparecem como pilares da formação, o que reforça a importância da estrutura básica antes da adoção de ferramentas mais avançadas.
Nos cursos da área, a tendência é que a IA passe a ocupar espaço complementar em sala de aula, que contribui para a aprendizagem como ferramenta de apoio ao exercício prático. A orientação, porém, segue a de aprender primeiro a base, e depois, utilizar a automação.
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Profissionais que utilizam IA e conhecimento técnico são mais preparados
O domínio dos fundamentos permite que a IA seja usada de forma estratégica. Com conhecimento técnico, o programador consegue construir prompts mais precisos, avaliar alternativas sugeridas pela ferramenta, identificar inconsistências e reduzir a chance de incorporar trechos problemáticos ao código final.
Esse equilíbrio resulta em sistemas mais robustos, alinhados às necessidades reais dos projetos e com maior capacidade de escalar. Além disso, evita que o profissional se torne dependente da IA para tarefas que exigem raciocínio lógico, capacidade de abstração e tomada de decisão, habilidades valorizadas no mercado.
A popularização da IA no desenvolvimento expôs que velocidade sem compreensão pode gerar retrabalho e riscos. Ao mesmo tempo, criou uma oportunidade para que os profissionais se capacitem, tanto em inteligência artificial quanto na lógica de programação tradicional.
Quer conhecer formações em tecnologia para se capacitar neste mercado? Acesse o site do Senac e confira.
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