A gelatina, feita de tecidos conjuntivos de animais, é um ingrediente que resistiu ao tempo. Mesmo com as mudanças nas preferências alimentares, ela sempre encontra um caminho de volta às mesas ao redor do mundo.

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Atualmente é no TikTok que a gelatina está em alta novamente. São muitos criadores de conteúdo publicando receitas que misturam gelatina com whey protein, iogurte e até transforma em balas, tudo para usar na dieta e para quem quer comer doce sem se preocupar com calorias.

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A primeira receita conhecida de gelatina vem do Iraque, há mil anos. Lábios de peixe eram fervidos e transformados em uma iguaria gelatinosa, tingida de vermelho com açafrão. “Era uma celebração de cores e sabores”, diz Ken Albala, historiador de alimentos.

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Desde então, ela se tornou um alimento básico em várias culturas. Feita ao ferver ossos e tecidos conjuntivos, ela libera colágeno, que forma uma rede capaz de reter água. Diferentes concentrações criam texturas variadas.

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A ascensão e queda da gelatina

Na Europa, a gelatina foi um símbolo de status durante o Renascimento. Receitas elaboradas, como o “ovo de gelatina arco-íris”, eram servidas em banquetes luxuosos. No entanto, sua popularidade oscilou ao longo dos séculos.

No século XVII, ela caiu em desgraça, associada a estabelecimentos pouco respeitáveis. Mas, no século XIX, ela retornou às mesas da elite, apenas para ser substituída por tendências modernas no século XX.

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Nos Estados Unidos, a Jell-O revolucionou o consumo de gelatina. Em 1915, a empresa lançou a “Salada Perfeita”, que incluía repolho e pimentões suspensos em gelatina. “Era visto como moderno e científico”, explica Albala.

A gelatina se tornou um símbolo da era industrial, representando a fé na tecnologia. No entanto, com o tempo, ela também foi associada a pratos considerados artificiais e pouco saudáveis.

O renascimento da gelatina

Hoje, a gelatina está passando por um novo renascimento. Artistas culinários, como a dupla Bombas e Parr, criam obras de arte com gelatina, desafiando os limites da culinária. “É uma forma de expressão”, diz Albala.

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Além disso, substitutos vegetarianos, como o ágar, ganharam popularidade. Feito de algas, o ágar oferece uma alternativa sem produtos animais, mantendo a textura gelatinosa.

A gelatina é um biopolímero multifuncional amplamente empregado nas indústrias alimentícia, farmacêutica e cosmética, principalmente por suas propriedades versáteis e benefícios para a saúde.

Dicas para usar gelatina em casa

Se você quer experimentar receitas com gelatina, evite frutas como abacaxi e mamão. “Elas contêm enzimas que impedem a gelatina de endurecer”, alerta Albala. Para pratos salgados, experimente suspender vegetais ou carnes.

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Nas redes sociais, a maioria das receitas misturam o produto a ingredientes como iogurte, leite em pó ou whey protein. Como a gelatina tem uma quantidade pequena de calorias, e na versão diet ainda é sem açúcar, elas podem ser usadas com liberdade dentro da rotina alimentar.

Para quem acha que a gelatina pura é muito sem graça, colocá-la no liquidificar com esses produtos e levar para gelar, pode transformá-la em uma sobremesa cremosa com textura de mousse que ajudar a matar aquela vontade de comer doce.

Benefícios para a saúde

Pesquisadores da Universidade da Califórnia descobriram que a suplementação com gelatina enriquecida com vitamina C pode aumentar a síntese de colágeno no organismo. Isso é particularmente benéfico para a prevenção de lesões musculoesqueléticas e acelera o reparo tecidual, ajudando na recuperação de atividades físicas intensas.

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Um estudo realizado pela Universidade de Zhejiang mostrou que a gelatina pode melhorar a absorção de ferro não-heme, regulando a homeostase sistêmica do mineral. Esse efeito pode ser especialmente útil no tratamento de anemias associadas à deficiência de ferro.

De acordo com pesquisadores da Universidade de Lund, na Suécia, o produto também pode promover a rápida restauração da barreira hematoencefálica após lesões cerebrais. Essa ação contribui para a redução da inflamação e acelera a recuperação do tecido cerebral, mostrando um potencial terapêutico em tratamentos neurológicos.

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