Uma movimentação na Câmara de Vereadores de Balneário Camboriú evidenciou uma nova página na discussão sobre o fim do naturismo na Praia do Pinho. Uma moção de apoio a um abaixo-assinado de moradores da região foi protocolada na Casa legislativa nesta semana.

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A moção foi proposta pelo vereador Guilherme Cardoso (PL). De acordo com ele, a Associação de Moradores de Taquaras já conseguiu 385 assinaturas para pedir que se acabe com o nudismo na Praia do Pinho. Para Cardoso, o tema já ultrapassa qualquer debate moral e passou a ser uma questão de segurança, preservação ambiental e proteção das comunidades de Taquaras, Estaleiro, Estaleirinho e região:

— Balneário Camboriú vive outro momento e precisa proteger as famílias e garantir ordem pública — pediu.

Os relatos são de flagras de atos obscenos, abordagens para convidar moradores a participar de swings (prática sexual entre casais, com trocas de parceiros), descarte de resíduos íntimos na vegetação e danos ambientais. Comandante da Polícia Militar na cidade, o tenente-coronel Rafael Vicente também defende que é preciso tirar o status de naturismo da praia.

As fotos pouco vistas da Praia do Pinho

Vicente descreve que o local virou um “reduto de atos obscenos”, com práticas sexuais durante o dia, ao ar livre, principalmente na trilha que dá acesso à praia. Quando o estacionamento do Pinho fecha, moradores relatam à PM que os praticantes vão para a região de Taquaras e Taquarinhas continuar o que estavam fazendo dentro do mato. São nesses pontos que os convites a pedestres ocorrem, causando sensação de insegurança.

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A corporação não apresentou números de acionamentos, mas explicou que os motivos normalmente são esses. Na Praia do Pinho em si, onde o uso de drogas e atos sexuais ao ar livre ocorrem com frequência, conforme o comandante, a polícia afirma ter dificuldade de atuar por conta da nudez permitida na praia.

Nudismo da Praia do Pinho na berlinda

Há décadas, como mostram registros de jornais, parlamentares tentam proibir a prática, mas sem sucesso. A alegação, desde sempre, é a “promiscuidade exacerbada e sexo explícito”. Em umas das tentativas mais recentes, o vereador Anderson dos Santos (PL) apresentou um projeto de lei para tornar o Pinho uma praia como as outras.

À época, em 2022, o Ministério Público de Santa Catarina recomendou que a Câmara não fizesse alterações pontuais até que um novo Plano Diretor fosse discutido.

Uma revisão do Plano Diretor foi anunciada neste ano. No final de outubro a prefeitura informou que o documento estava na fase final, mas que a comunidade poderia enviar sugestões. Agora, o texto chegou à Câmara.

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É importante lembrar que o fato de se tratar de uma praia de nudismo, prevista em legislação municipal, não permite cenas de sexo ou do gênero. Atos obscenos e libidinosos são crimes de acordo com o Código Penal.

Outro argumento é que a proibição do nudismo no Pinho vai permitir que pessoas não adeptas do movimento frequentem a praia, cuja água cristalina e areia branquinha são um chamariz para os dias quentes. Porém, atualmente, não é obrigatório estar sem roupa para frequentar o local.

Pelo código de naturismo, a ausência de roupa não deve ter conotação sexual. Porém, para os não praticantes da “filosofia”, a nudez ganha contornos libidinosos, e aí pode estar uma origem do debate. Quem é adepto à prática argumenta que acabar com o naturismo seria um retrocesso. Países como Alemanha, Grécia, Espanha, Estados Unidos e Portugal têm praias onde a nudez é permitida.

Praias de nudismo no Brasil

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