A Resolução 179 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) completou recentemente três meses em vigor, trazendo transformações significativas para o mercado financeiro brasileiro.
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A medida tem como principal objetivo aumentar a transparência nas informações sobre taxas, comissionamentos e potenciais conflitos de interesse em produtos de investimento.
Mas o que isso significa, na prática, para os investidores?
A importância da CVM e da resolução 179 para quem investe
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é o órgão responsável por regular o mercado de capitais no Brasil, garantindo um ambiente mais seguro e ético para os investidores.
Com a Resolução 179, a entidade reforça seu compromisso com a transparência ao exigir que bancos, corretoras e agentes autônomos divulguem detalhadamente quanto ganham em comissões, taxas e incentivos antes que o cliente faça qualquer investimento.
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— A Resolução 179 tem como objetivo trazer mais transparência para o investidor, exigindo que todos os distribuidores e corretoras demonstrem ao cliente exatamente o quanto estão pagando para cada produto adquirido. Isso permite que o investidor compare produtos de forma mais informada e tome decisões melhores — destaca França Lauria, diretor de relacionamento B2B e B2C da Warren.
Antes dessa regulação, muitas das cobranças eram pouco visíveis, dificultando a tomada de decisão consciente pelos investidores. Agora, com as novas regras, fica mais fácil identificar possíveis conflitos de interesse e avaliar se o serviço oferecido realmente vale o custo cobrado.
O que muda com a Resolução 179
A principal mudança é o acesso facilitado às informações sobre a remuneração de intermediários financeiros. Agora, qualquer instituição que ofereça produtos de investimento precisa detalhar previamente todas as taxas e comissionamentos envolvidos. E os investidores passaram a receber extratos trimestrais com um detalhamento ainda maior desses valores.
— A Resolução 179 é um avanço que já deveria ter acontecido há muito tempo. Com essas informações mais claras, o investidor pode entender melhor onde seu dinheiro está sendo aplicado e o que está pagando em troca —, explica Luis Pauli, COO da Warren, que defende que essa transparência traz mais autonomia para o investidor.
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Lauria complementa afirmando que muitas instituições faziam parecer que o cliente não pagava nada, enquanto outras cobravam taxas visíveis. Agora, todas as instituições reguladas pela CVM precisam demonstrar esses valores claramente.
O que deve ser observado nos extratos trimestrais
Os extratos são enviados a cada três meses pelos intermediários financeiros, mas ainda há algumas questões quanto à padronização do acesso e da apresentação das informações.
França Lauria acredita que a falta de um padrão na disponibilização dos relatórios pode dificultar a comparação entre diferentes investimentos. Segundo ele, o mercado ainda precisa evoluir nesse aspecto para que os investidores possam analisar os dados de forma mais intuitiva e justa.
Por isso, cabe ao investidor conferir atentamente os custos descritos, garantindo que estejam alinhados com suas expectativas e objetivos financeiros.
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Pauli ressalta que, diante de qualquer dúvida sobre as taxas cobradas ou a estrutura dos investimentos, o ideal é questionar diretamente a instituição financeira, pois a transparência visa justamente permitir escolhas mais informadas.
Impacto nos custos dos investimentos
Com a Resolução 179, espera-se que os custos fiquem mais claros, evitando cobranças ocultas. Isso pode gerar uma pressão competitiva no mercado, levando instituições a reduzirem taxas ou justificá-las melhor aos clientes.
Pauli pontua que esse é um momento de transformação para o mercado.
— A nova regra coloca um freio naquelas cobranças escondidas que o investidor muitas vezes nem sabia que pagava. Agora, cada um poderá avaliar se o serviço recebido realmente compensa os custos —, diz o COO da Warren.
Modelo fee-based contribui com a transparência
Um dos conceitos frequentemente mencionados em debates sobre transparência é o modelo fee-based. Ao contrário do modelo tradicional, em que os intermediários recebem comissão sobre produtos vendidos, no fee-based a taxa cobrada é fixa e previamente acordada com o cliente. Esse modelo elimina conflitos de interesse, pois a remuneração do assessor não está atrelada a produtos específicos.
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A Warren foi pioneira no Brasil ao adotar integralmente esse modelo em seus negócios. Segundo Luis Pauli, isso garante que as recomendações estejam alinhadas exclusivamente com os interesses do investidor.
— No nosso modelo, o cliente sabe exatamente o que está pagando e por quê. Isso evita incentivos para empurrar produtos que talvez não sejam ideais para ele —, explica.
Com a nova regulamentação, o mercado financeiro precisará se adaptar a uma nova realidade onde a transparência é regra. Ainda que nem todas as instituições adotem o modelo fee-based, a exigência de divulgação de remuneração já representa um grande avanço para os investidores brasileiros.
— A Resolução 179 é um golaço da CVM. Ela empodera o investidor, que agora pode decidir se o que ele paga faz sentido para o serviço que recebe. Esse amadurecimento do mercado é fundamental para fortalecer a relação entre investidores e intermediários —, conclui Lauria.
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Embora a regulamentação ainda esteja em fase de adaptação por parte de muitas instituições, o cenário aponta para um mercado mais ético e equilibrado. No fim das contas, a Resolução 179 não apenas protege o investidor, mas também fortalece a confiança no setor financeiro como um todo.
 
				 
                                    