O governador Jorginho Mello (PL) fez um balanço das ações do governo de Santa Catarina neste ano e apontou desafios e prioridades para 2026. Em entrevista ao Bom Dia Santa Catarina, da NSC TV, Jorginho citou temas como o início da construção da rodovia Via Mar — que vai ligar Biguaçu a Joinville e busca desafogar o trânsito da BR-101 na região do Litoral Norte de SC —, avanços no saneamento básico e melhorias em escolas, com instalação de ar-condicionado em todas as escolas estaduais, como ações que devem receber atenção nos próximos meses do mandato, que entrará no quarto e último ano.

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Jorginho Mello também falou aos apresentadores Douglas Márcio e Eveline Pôncio e ao colunista da NSC, Ânderson Silva, sobre temas polêmicos como se pretende ou não sancionar o projeto de lei que acaba com as cotas raciais em universidades estaduais. Outro tema comentado foram as reuniões e medidas em estudo para ajudar municípios no controle da população em situação de rua. O governador evitou antecipar definições da corrida eleitoral do próximo ano, mas confirmou a candidatura de Carlos Bolsonaro a senador por Santa Catarina na chapa do PL nas eleições de 2026. Confira abaixo a íntegra da entrevista:

Entrevista com Jorginho Mello

  • Quais os principais desafios que o senhor vê para o ano que vai se iniciar? 

Primeiro, muito bom dia, é um prazer estar conversando com vocês aqui para prestar contas mais uma vez. A gente foi contratado pelos eleitores de Santa Catarina para trabalhar, então prestar contas faz parte do contrato.  

Foi um ano, um balanço muito positivo. A gente teve avanços nas áreas importantes de Santa Catarina, nos pilares mais importantes, mas também como um todo no governo. Graças a Deus, o ritmo e o time que nós montamos, o time de secretários é um time qualificadíssimo. Então, isso me ajuda muito a fazer entregas como a gente está fazendo. Eu acabei de vir agora da SC-401 [rodovia que leva ao Norte da Ilha, em Florianópolis]. É uma é uma obra solicitada há 50 anos. “Ah, porque não dá, porque tem pedra, porque é muito difícil, tem o morro das madeireiras…”. Entregamos agora. Falta fazer acabamentos, mas como o verão chegou, as pessoas precisam usar. E estou indo para Maravilha, vou entregar um trevo da BR-158 e a BR-282. Um trevo que o pessoal diz lá que é um trevo matador, já matou muita gente. E tantas oubras… Hoje nós temos um canteiro de obras em Santa Catarina. Mais de 100 obras. Já inauguramos 35, vamos inaugurar mais 35 até o final do ano que vem. E tem algumas que a gente não tem nem tempo para inaugurar. A gente entrega a placa para o prefeito e manda ele lá. Pendura lá e toca ficha. 

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  • Governador, ainda sobre infraestrutura, o senhor falou aí da chegada do verão. Sobre a Viamar, Litoral Norte. Essa obra começa em abril? Como o senhor vê isso? É outra prioridade dentro do próximo ano? 

Essa é uma obra que está nos planos futuros. Nós estamos terminando, é uma obra que tem cinco lotes, cinco pernas. Estamos terminando, agora em dezembro vamos terminar os cinco projetos. Quatro já estão praticamente prontos. Nós vamos licitar ela, vai ser uma uma PPP, uma obra público-privada. Mas eu quero começar com o dinheiro do Estado. A gente economizou, apertou, trabalhou para ter fôlego, para ter caixa. 

Eu já passei o rastel nas secretarias. Quem não gastou, a gente já retirou o dinheiro. Estamos trabalhando com o Cleverson [Siewert, secretário da Fazenda] para que a gente possa iniciar. Vamos gastar R$ 1 bilhão, R$ 1,2 bilhão… É uma obra de R$ 7,5 bilhões. Eu quero materializar ela, quero começar a fazer no início do ano que vem. Aí, quem vencer a concessão vai me devolver o dinheiro. Esse dinheiro que nós vamos colocar na frente. 

É uma obra de R$ 7,5 bilhões, uma obra de seis pistas, três pistas para ir, três para voltar, velocidade de 120 km/h. Ela sai de Biguaçu, vai a Joinville, no aqui no Contorno Viário. É uma obra transformadora, porque colapsou aquela região. Hoje as pessoas demoram quatro, cinco horas para vir de Joinville a Floripa. Vai vir em uma hora. Então, é uma obra fundamental. 

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Ali nós temos 40% do PIB de Santa Catarina. Então, eu não tenho dúvida de que vai ser mais uma obra importante de tantas que a gente fez já em Santa Catarina. 

  • Governador, dá para dizer que essa obra começa no ano que vem? E ela tem prazo para terminar? Não há um risco de essa obra ir ficando capenga, inaugura um pouco, para, vem, volta? Ela tem início, ela vai ter fim? 

É uma obra que vai ser tocada pela iniciativa privada. É uma obra de R$ 7,5 bilhões, o governo não tem condições de fazer. É por isso que eu estou fazendo economia, depois de sanear o governo, depois de passar o governo a limpo, eu estou fazendo economia e é para começar a obra. Porque o processo de licitação, da concessão, você tem que ter histórico de quem vai participar. É um processo não tão simples como uma licitação normal, porque é uma concessão que você vai dar 30 anos para alguém explorar e cobrar pedágio. 

Você tem que cuidar o preço do pedágio. Isso tudo a gente está cuidando. para que não possa ser abusivo, enfim. Então, eu não tenho dúvida de que é uma obra que vai começar e é uma obra que é um “filé mignon”. Porque muita gente vai sair da BR-101 e vai por ali. Então, a catraca não vai aliviar. Vai ter muito interesse de investidores, inclusive internacionais. 

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Eu estava provocando a nossa Invest Santa Catarina, que cuida desse processo junto com a Secretaria de Infraestrutura, a gente está provocando consórcios brasileiros para que eles se habilitem para também disputar. Mas é uma obra que vai ser uma licitação internacional, fundos de Dubai, fundos chineses, enfim, porque R$ 7,5 bilhões não é para qualquer empresa poder aportar, fazer a obra depois ter o retorno. 

  • Enquanto isso, a BR 101 está lá, daquele jeito, aquele caos total. O senhor acha que dá para o governo do Estado e o senhor melhorar a relação com o governo federal para a gente ver alguma coisa andar ali na BR-101, pelo menos paliativo até a Via Mar sair do papel? 

Eu não tenho dúvida. Eu sou um torcedor por isso. E quem cuida disso é a ANTT, que tem autonomia de gerenciar as obras já concessionadas. E a BR-101 é concessionada para a Arteris [empresa responsável]. Aí tem essa conversa de que tem que fazer obras complementares ao longo da estrada. Está vencendo o contrato agora. Tem que renovar. 

Então, o governo quer incluir obras importantes no leito da dessa estrada e nós também queremos. É o caso do Morro dos Cavalo, que agora foi tomada uma decisão para dar para outra concessionária. Agora, tem tantas obras que a Arteris tem que fazer, e eu torço que se entendam, prorroguem, se for o caso, renovem a concessão por mais 15 anos, enfim, por mais 20 anos, e que a gente tenha esse atendimento, que é exclusivamente do governo federal. Eu não posso fazer obra, tanto é que no Moro dos Cavalos eu fiz uma proposta concreta de fazer um desvio que custa R$ 300 milhões, infinitamente menor do que o R$ 1,2 bilhão cada túnel, que é o que se fala do Moro dos Cavalos. Isso sim, a gente vai ouvir falar por muito tempo. Eu, quando começa a chover, já começo a pensar na dificuldade que vai ter, se vai cair de novo, vai ter barreira, porque aquele ali é um terreno muito propício para isso. 

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Agora, eu quero que o governo federal termine as obras. A BR-470, que vai a passo de tartaruga, a BR-280, a BR-285 lá no Sul, que falta dois quilometros, um quilômetro e meio. Termina, por favor, né? A BR-101, termina esse contrato, acerta com a Arteris, define qual as obras vão ser penduradas nessa nova concessão. Porque senão Santa Catarina perde. 

A gente já meio que aprendeu a viver sozinho. A gente está aprendendo a viver sozinho. 

  • Mas o senhor tem um trânsito bom em Brasília, o senhor não pode se aproximar mais para cobrar do governo federal, estar mais presente lá junto ao governo como todo, ao presidente da República e tudo mais? 

Eu tenho feito isso, através da bancada. Nós temos uma bancada que lá tem todos os partidos e sempre funcionou assim. Nós temos uma bancada que representa o Fórum do Catarinense, que todas as pautas de Santa Catarina são do Fórum, independentemente de partido. Lá não tem partido político. Cada ano um deputado ou senador é coordenador para os pleitos, levar para o presidente da República, para os ministérios, enfim. 

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A gente vive fazendo essas ações para que o governo federal realmente faça obras importantes. Ali na Antônio Heil, que eu estou fazendo ali em Brusque, era outra obra que o governo federal deveria fazer, porque é um entroncamento de uma BR. Nós estamos gastando R$ 110 milhões para fazer os viadutos, fazer as cinco alças, enfim, porque são necessárias. Eu não posso dizer: “Não, é do governo federal, fica como está”. 

A gente tenta ajudar e tenta pedir e eu vou continuar pedindo, até porque nós temos direito. Isso não é favor. 

  • A gente quer entrar agora para avançar nos assuntos em saneamento básico. Santa Catarina tem 33,97% da população vivendo com rede coletora de esgoto. Mas temos a meta do Marco Legal de Saneamento que é bem maior, é de 90% e tem um prazo até 2033. Nós temos uma informação do Instituto Trata Brasil de que nesse ritmo atual, a meta só seria atingida no ano de 2055. O que Santa Catarina está fazendo para tentar acelerar o passo quando a gente fala de saneamento básico para todos os catarinenses? 

Muito bem. Eu tenho trabalhado muito nisso, com muita responsabilidade. Eu, como senador, votei o marco do saneamento para 2033 para estar 90%. Eu tenho certeza absoluta que grande parte dos estados do Brasil vão pedir prorrogação. Isso vai mudar. 

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Aqui, nós temos evoluído. A nossa Casan passou a fazer esgotamento sanitário em muitos pontos que eram questionados, que a responsabilidade era ou não era, enfim. Tem muita gente também interessada em ganhar dinheiro. Apressar a privatização, porque é uma privatização, né? Você vai fazer uma concessão de 30, 40 anos para alguém explorar e vai para a tua fatura. 

Então, você vai receber na tua fatura x de consumo de água e tanto de esgotamento sanitário. E a gente tem que ter a responsabilidade, habilidade, porque é muito fácil as pessoas entenderem: “ah, quem vai fazer é o governo”. Não faz porque não quer. Não, é porque nós vamos debitar na tua conta. A empresa que deseja ter a concessão quer faturar, quer ganhar dinheiro. 

Então, é por isso que a gente está tratando com muita responsabilidade, evoluindo. Já evoluímos, estamos fazendo tratamento sobre rodas. Agora, a gente pega de diversos municípios e faz uma estação, como eu fui inaugurar em Xaxim agora na semana passada, uma estação que trata oito municípios. Então, nós estamos avançando, crescemos já. 

Claro que crescemos pouco, porque para cumprir esse compromisso que não vai ser tão fácil, as pessoas têm que evitar de fazer esgotamento no rio, em riachos, em córregos, aquela coisa toda. Nós estamos fazendo isso, orientando, tratando e vai evoluir para que a gente faça uma concessão. Água e esgoto ou só esgoto? 

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Então, estão estudando, nós contratamos uma consultoria especialíssima nisso, que está trabalhando junto à Casan, para que a gente construa esse projeto em etapas, e sempre informando as pessoas como é que vai ser o custo. Porque se eu for na conversa e na pressão de muitas empresas e muitas pessoas que querem, “cadê o saneamento?”, quem vai pagar é o catarinense, e eu sou responsável por essa conta. Quero saúde, quero limpeza de rio, nós estamos fazendo dragagem, como nunca foi feito em Santa Catarina. O que nós estamos tirando de dentro dos rios, do Rio Itajaí, é geladeira, é pneu, é colchão, é lona de caminhão, é o bicho. Enfim, nós estamos cuidando da limpeza de rios para evitar enchente e também melhorar no esgotamento. da cidade. E tratamento tem que ser feito de forma que você reúne em alguns municípios, você tira sobre rodas. A Casan está fazendo isso e trata no município. E nas grandes cidades, você tem que fazer as galerias. E isso vai uma fortuna, se fala em R$ 80 bilhões. Então, eu tenho, nós vamos fazer? Vamos fazer. Com responsabilidade, avançando, já avançamos algumas em percentuais. Mas vamos chegar lá, vamos. Se vai ser prorrogado, eu não sei. Nós estamos preocupados em fazer, mas que você não se apavore quando ir para a tua fatura, dizer assim: “Pô, eu gasto 50 de água e 100 de esgoto”. Isso tá errado. Então, nós estamos cuidando disso e vamos fazer. 

  • O senhor está decidido de que a Casan deve ir para concessão ou ser privatizada? 

É, eu não falo em privatização por enquanto. O meu grande compromisso foi: as empresas públicas, eu queria que elas entregassem mais. A Casan deu lucro pela primeira vez na sua história, R$ 294 milhões de lucro. Isso é bom frisar. Na história da empresa, é porque a gente está fazendo só coisa séria lá. E uma administração técnica, comprometida e competente. Pela primeira vez ela deu lucro. Vai dar R$ 600 milhões, deu R$ 294 mais R$ 300 agora, então nesses dois anos vai dar R$ 600 milhões de lucro. [A gente] está fazendo investimento em esgotamento, em reserva de água, naquelas caixas metálicas, vitrificadas. Enfim, está numa outra fase da sua vida. Então, aí tem água e esgoto. Muita gente quer que privatize tudo. Água e esgoto para alguém faturar.. Alto lá! Nós vamos fazer com responsabilidade. 

A Celesc está entregando, está aplicando R$ 4,5 bilhões do seu lucro. Pela primeira vez na história também fazendo energia trifásica, melhorando. Tinha empresas que não podiam mais expandir em Santa Catarina, por falta de energia de qualidade. Tudo mudou. Isso faz tudo parte do passado. Então, a gente vai tocar com muita responsabilidade. Eu não falo em privatizar nem Celesc e nem Casan. Porque a gente moralizou as empresas agora. Mas o saneamento, o senhor pode fazer a concessão. 

Por exemplo, você pode fazer uma parceria público-privado, chamar investidores para cuidar do esgotamento. Eu não preciso vender tudo. Eu tenho que administrar, eu tenho que fazer funcionar e que quem seja beneficiado seja o nosso catarinense. 

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  • Governador, uma discussão muito forte nas ruas, nas redes sociais nos últimos anos e que ganhou muita força aqui em Santa Catarina é a situação das pessoas em situação de rua, a população de rua. É um debate que cabe muito aos municípios, mas que também passa pelo governo do Estado, inclusive tem até um mapeamento dessas pessoas. Queria saber do senhor, o que o senhor acha disso tudo, desse cenário. E qual a solução? O que que o governo pode fazer de forma efetiva para tentar resolver isso? 

Isso é um problema de cada município. Mas o que é problema do município é problema meu também. Por isso que eu tomei a iniciativa de chamar os prefeitos das cinco maiores cidades de Santa Catarina, mais o Ministério Público, mais o Tribunal de Justiça, lá na Agronômica. Fizemos duas reuniões já. Para que a gente tome algumas providências. Primeiro, fazer um cadastramento, um cadastro único, porque hoje todo mundo chuta. Ah, tem 3.000, tem 5.000, tem 10.000. Ninguém sabe ao certo. Já estamos fazendo, contratamos a Fepese para fazer um software para que a gente faça um cadastro único dos moradores de rua. De onde veio, porque veio, usa droga, não usa droga. Para que a gente possa ajudar, alocar eles e também internar quem precisa de internação. 

Nós estamos cuidando de municípios em que outros estados mandam ônibus fretados [para] despejar pessoas na porta da cidade. Itajaí, Blumenau, Joinville, Florianópolis, São José, enfim. Nós estamos fazendo um primeiro levantamento para saber quantos tem. Depois, vamos tentar fazer internação compulsória. 

Nós vamos fortalecer o centro de reabilitação que já existe. Tem uma ideia de fazer uma grande para o estado de Santa Catarina, escolher um local e construir uma colônia de recuperação, por exemplo. Agora, isso tem que ser voluntário, você não pode abordar o cidadão e levar na marra. 

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Então, estamos criando critérios para que aquele que repete muito, que é drogado, que não controla mais sua vida, que não sabe mais o que está fazendo, que é zumbi, esse a gente tem que ter junto, por isso que eu envolvi o Ministério Público. Eu não tinha que me meter nisso, porque é problema de cada município. Mas se é problema do município, é problema meu também. 

Então, nós estamos pensando até em fazer, porque tem município que paga R$ 10 mil, R$ 11 mil por mês para internar uma pessoa. Tem clínica em Curitiba, tem em outros lugares. 

Quer dizer, então, se a gente constrói, e essa ideia está na mesa, a gente constrói um centro… Não precisa ser em Florianópolis, [pode ser] em outro município em Santa Catarina, que tenha o condições de o internado trabalhar, primeiro se desintoxicar, depois ver se ele quer ficar, se ele quer outro rumo, arrumar emprego, colocar, enfim, aí cada município paga aquelas as mensalidades das pessoas que manda. Porque o comércio reclama muito, as pessoas reclamam, fazem as necessidades fisiológicas na frente de uma loja. Enfim, isso tudo é muito complicado. A imagem é um negócio complexo. Então, tem pessoas que gostam de ficar na rua. Aí você é: “Não, eu gosto de ficar na rua. Eu posso ficar na rua”. Então, com o cadastramento e você anotando na ficha dele quantas vezes ele foi abordado, está tomando, está fumando, usando droga, e por aí afora. 

Então, nós estamos preocupados em ajudar os municípios a encontrar caminhos, integrado com o Ministério Público, porque não adianta a prefeitura fazer, o promotor ser contra e a justiça, enfim, tem que fazer diálogo para todo mundo, para que todo mundo possa ajudar, que todos nós queremos ajudar os moradores de rua. Até encaminhamento, ouvir as histórias deles e fazer com que eles também produzam. 

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  • A Assembleia aprovou na semana passada o fim das cotas raciais nas universidades públicas catarinenses. O senhor vai sancionar? 

Hoje nós temos por carência, né? A gente está avaliando, não chegou ainda, eu não sancionei nada ainda. Todos os projetos, porque foram bastantes, né? Então, a gente está na Procuradoria do Estado fazendo um pente-fino em todos eles para ver o que que foi acrescido, quais as emendas que tiveram, enfim. 

Eu sempre digo, se for para ajudar as pessoas mais necessitadas, tem o meu apoio. Porque a universidade não tem cor. Hoje, é por carência. Hoje, 85% das pessoas que têm o Universidade Gratuita ganham até R$ 3.000 por mês. 83% são oriundos de escola pública. 

Então, a gente está vendo, quando chegar eu vou avaliar com muito critério. Reafirmo: sendo para ajudar, sendo para incluir mais gente, sendo para alcançar quem mais precisa, tem todo o meu apoio. 

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Algumas instituições já entraram com recurso de inconstitucionalidade junto ao STF por conta desse projeto. O senhor avalia também acompanhar essa movimentação? 

É, eu sei qe está como relatora a ministra Carmen Lúcia, né? Por ora, ela pode decidir. Então, a gente tem que ter prudência nisso para não agir de forma açodada, fazer algo que contraria, que seja ilegal, que seja já avaliado pela Justiça. Então, é por isso que eu digo, tem que ter paciência e eu estou tendo toda a paciência do mundo para esperar, para fazer, para acertar o máximo possível. 

  • Vamos aproveitar que a gente ainda está falando de educação e falar também do Universidade Gratuita. Foi uma das grandes bandeiras do seu governo, o programa aconteceu, mas a gente acompanhou e noticiou aqui denúncias de fraudes, de irregularidades na concessão de bolsas. Como é que o governo age e também se vocês pretendem ampliar essa fiscalização para uma nova fase do programa? 

É, vocês podem ver que foi feito um bafafá muito grande por nada. Foi um foguetório sem ter festa nenhuma. Não teve fraude, não teve absolutamente nada. Foram levantadas pelo Tribunal de Contas algumas inconsistências e por falta de informação do próprio estudante, porque é autodeclaração, é ele que diz onde mora, quanto ganha e tal. E depois [tem] a checagem disso tudo. Então, como é um programa novo que foi instituído, um grande programa revolucionário, o único estado do Brasil que tem é Santa Catarina. 

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Porque eu sou exemplo disso. Eu passei muito cheque pré-datado para fazer faculdade, eu fiz duas, mas passando cheque pré-datado e quando chegava no dia de liberar o cheque. Hoje é Pix, hoje é boleto, né? Eu tinha que ligar para o tesoureiro lá em Joaçaba, o Osmar Barreto, e dizer: “Segura o cheque porque está gelado”. Então foi por isso que eu fiz esse grande programa. Hoje tem 57 mil alunos estudando. Como eu disse, 85% oriundos de escola pública, 83% ganham até R$ 3 mil. Esses alunos jamais poderiam fazer uma faculdade do seu sonho. Porque muita gente faz a do seu bolso. Porque tem que pagar, quem não consegue passar na universidade federal e na Udesc, tem que pagar. 

  • E tem como fiscalizar melhor? 

Já reformamos a legislação, melhoramos ela. Tem uma diretoria que cuida exclusivamente da Secretaria de Educação? Fez um software, um sistema para fiscalizar, para cruzar dados. Os reitores estão fiscalizando mais quando os alunos se inscrevem. Estamos fazendo a inscrição antes da matrícula para quem deseja o Universidade Gratuita, para que só se matricule quem realmente for aprovado e for comprovado que é carente. É por carência. 

E tem sido um programa que vai erguer a régua de Santa Catarina. Eu não tenho dúvida disso. É um grande programa. Já tem 4 mil prestando serviço, porque depois que se forma tem que prestar serviço para o governo, médico, engenheiro, enfim. 

  • Governador, vamos falar de política. Eu sei que é um assunto que o senhor gosta. Ano que vem é um ano de trabalho para todos nós e para o senhor também, porque o senhor disse que já é candidato à reeleição. Vêm à reeleição, confirmado? Como é que vai a direita vai se posicionar ano que vem? 

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Olha, eleição a gente discute na hora certa, né? Eu sempre tenho dito de forma muito transparente. Se antecipa demais… O meu maior compromisso é trabalhar. Fui contratado para trabalhar quatro anos. Eu não posso misturar as estações. Eu vou discutir política verdadeiramente em julho do ano que vem, porque a gente sabe que se decide é nos 45 minutos, a composição, se vai ter composição, se não vai ter, enfim, eu estou preocupadíssimo em cumprir o meu mandato trabalhando, fazendo entrega como eu estou fazendo. 

Eu não tenho nem tempo para inaugurar tanta obra. Hoje eu vou sair daqui, estou indo para Maravilha, já estive liberando a SC-401, é todo dia… A Estação Verão Itajaí, obras importantes. Então, a composição política é natural, o processo político, quem tem serviço prestado tem mais facilidade em fazer a sua recandidatura. 

O instituto da reeleição existe. Então enquanto existe, quem está no mandato tem direito a ser reeleito. Eu vou, eu sou candidato à reeleição de forma normal. 

  • Com quem vamos estar? 

Não sei, é cedo ainda. Eu sou do PL, eu sou do 22. Nós temos uma série de construções, nacional e estadual que nós estamos fazendo. 

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  • A única coisa que você sabe, governador, é que Carlos Bolsonaro vai estar na sua chapa? 

Vai estar na chapa. Isso está definido. Atendendo a um pedido do nosso presidente Bolsonaro, o desejo dele, e ele é o maior líder político da direita no Brasil, indiscutivelmente. Eu aquiesci o pedido dele e o Carlos Bolsonaro ocupará uma vaga das duas em Santa Catarina. 

  • E a outra? 

A outra estamos vendo, pode ser o Esperidão, pode ser a Carol de Toni, enfim, nós estamos discutindo. 

  • Ah, pode ser a Carol ainda? 

Ainda tem chance, a segunda vaga não está decidida. 

  • E pode ser a Carol? 

Claro que pode, tudo pode, é por isso que eu digo, em julho do ano que vem é que eu vou começar a tratar seriamente disso. Por enquanto, eu não vou perder tempo com confusão de quem vai, quem deixa de ser, ocupar espaço na minha agenda de uma coisa que só vai ser decidida em julho, agosto do ano que vem. Agora eu estou preocupado é com entrega, é trabalhar pelo contrato que o povo me deu. 

  • Nós temos um movimento aqui na casa na NSC, que é o Antonietas. Ao longo de todo esse ano, a gente acompanhou muitos casos tristes de mulheres sendo mortas por companheiros, por uma estrutura, infelizmente, de sociedade. Como é que o senhor avalia esse caso e o que que a gente pode fazer para dar mais segurança para mulheres que hoje são vítimas da falta dela? 

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Nós fizemos, vocês acompanharam, catarinenses por elas. Nós juntamos todos os programas, está sendo capitaneado pela vice-governadora, pela secretária de educação, professora Luciane Ceretta, pela secretária Adeliana, todas as secretárias mulheres. 

Nós estamos juntando todos os programas que vão ao encontro da defesa da mulher. Porque a mulher só quer respeito. Ela é invadida todos os dias pelo machismo. Nós estamos com um grande programa para convencer os homens e dizer: “Escuta aqui, ô, seu babaca, para de agredir mulher, para de fazer isso, que não combina com Santa Catarina e nem com Estado nenhum né?” 

Então, nós juntamos todos os programas para potencializar eles e, capitaneado pela vice-governadora que é delegada de polícia, enfim. Então, nós estamos fazendo isso para ter sequência e ter objetivo e resultado, falando nas escolas, fazendo reunião com homens, o causador disso tudo. E a segurança pública de Santa Catarina vai bem. Eu tive ontem na CPI, a gente foi convidado para ir lá e a gente foi muito feliz em mostrar a qualificação que a segurança nossa tem em Santa Catarina. Porque a gente cuida da polícia, a gente melhorou as condições salariais dos policiais, a nossa polícia é qualificadíssima, todas elas, a integração delas, hoje elas trabalham junto, trabalham junto e é por isso que o resultado aparece. 

Então é por isso que nós somos um estado, nós resgatamos de novo o estado mais seguro do Brasil, né? Pela qualidade dos nossos quadros, pela quantidade de policiais que eu chamei, a gente está integrando 3,2 mil policiais, mais 1,7 mil da Polícia Penal, porque nós aumentamos e vamos aumentar em 9 mil vagas de presídio, se aumenta as vagas dos presos, eu tenho que aumentar quem vai cuidar também. 

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  • O governo anunciou expansão de delegacias pelo Estado, ampliação de delegacias de atendimento, mas um dos casos que a gente trouxe também que seria um avanço, seria a necessidade de desmembrar. Hoje nós temos as DPCAMIs, mas teria uma necessidade de desmembrar, de ter a delegacia da mulher para dar esse atendimento humanizado, mais próximo. A gente pode pensar em avançar nisso? 

Nós estamos fazendo isso, claro que pode, mas nós estamos fazendo, nós temos uma sala separada, a Sala Lilás que se chama, que vai ter a presença de um psicólogo que nós estamos contratando para atender uma mulher vítima de violência, seja ela qual for, né? 

Então nós estamos dando esse entendimento porque nós não concordamos, nós achamos isso um número feio, feio no Brasil e principalmente em Santa Catarina. Nós temos nome de mulher, temos nome de santa e como é que a gente tem números que não são agradáveis? Mas a gente tem combatido muito isso e vamos continuar combatendo. 

  • Uma resposta rápida do senhor, porque é um tema que volta muito sobre educação, sobre ar-condicionado na sala de aula. O senhor garante que vai cumprir a promessa de que no ano que vem todas as salas começam o ano com ar-condicionado? Isso vai ser cumprido? 

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Vai ser cumprido. Dia 19 de fevereiro começam as aulas. A professora Luciane Ceretta sabe, ela está num mutirão com ar-condicionado. As 1.038 escolas vão ter ar-condicionado o ano que vem. Vão começar as aulas, para a gente ir lá no ar-condicionado. Pode conferir. Nós estamos fazendo uma cruzada. 

Isso vem ao longo dos anos, muita enrolação. É porque o fio é fino, porque esquenta, vai pegar fogo na escola. A gente resolveu meter a mão na massa e dar conforto aos alunos. As nossas escolas públicas serão desejadas. Elas vão ser bem pintadas, bonitas, com ar-condicionado e o professor animado para ensinar o nosso filho. 

  • Uma última questão para a gente concluir dentro da área da saúde, a gente viu que o Hospital Ruth Cardoso, de Balneário Camboriú, passou para a administração do governo catarinense. É uma tendência os hospitais municipais passarem para o comando do governo do Estado? 

Não é. É que a gente quer que funcione melhor. É o caso de Chapecó também. A gente assumiu, era da prefeitura e não funcionava bem. A gente assumiu para fazer funcionar. E hoje é o Hospital do Oeste Catarinense. Em Balneário Camboriú, é um hospital também que atende os municípios no entorno e o turista. Então, a gente assumiu o Ruth Cardoso para que funcione de verdade. Porta aberta para atender todos os municípios. Enfim, então, a responsabilidade é do Estado. Porque a saúde pública é uma responsabilidade de todos. Então, quando o município não consegue dar conta, o governo precisa assumir e é o que nós estamos fazendo. 

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Estamos fazendo isso em Joinville também, em Criciúma. Em uma série de municípios, o Estado está assumindo, fazendo com que quem pisar dentro do hospital possa ser atendido. É para isso que ele que ele é catarinense, é para isso que ele paga tributo e é eles que nós temos que atender.