Uma determinação para que Gerson de Melo Machado, de 19 anos, fosse internado em uma instituição de longa permanência havia sido emitida no dia 30 de outubro, pelo juiz Rodrigo Marques de Silva Lima. Gerson morreu neste domingo (30), ao invadir o recinto de uma leoa em um zoo no Parque Arruda Câmara, em João Pessoa, exatamente um mês após a determinação. Com informações do g1.
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Na decisão, Gerson foi tido como alguém inimputável por ter esquizofrenia, e que o tratamento ambulatorial não era suficiente “para conter o ímpeto perigoso do réu e para garantir a eficácia do tratamento psiquiátrico inicial”. De acordo com a decisão, a internação aconteceria no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP).
“[…] é a medida mais adequada para resguardar a ordem pública e, principalmente, assegurar a Gerson de Melo Machado o tratamento”, escreveu o juiz.
Mais de uma decisão pela internação
À TV Cabo Branco, a juíza Conceição Marsicano disse que também havia determinado a medida, com encaminhamento para o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS).
— Ele tem atestado, ele tem laudo nesse sentido. As condições, qual o procedimento que se dá lá, aí fica por conta do órgão técnico, que é quem fiscaliza tudo e aí teria obrigação de acompanhar, não só acompanhar, penso que iria além — disse a juíza.
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Gerson era atendido no CAPS Caminhar. Lá, não há moradia, mas outras modalidades de atendimento que permitem aos pacientes permanecer no centro durante eventuais crises, segundo a diretora Janaína D’emery.
— A gente tem a atenção-dia, ou ele vem nas segundas e na terça, ou ele vem só uma vez na semana. Ele não queria de hipótese alguma ficar no 24 horas, e aí ofertamos o intensivo de segunda a segunda. Isso também inclui o sábado e o domingo, para ele vir, participar das atividades e sair também depois da última medicação — afirmou a diretora.
Para o promotor Leonardo Pereira, da Promotoria de Saúde do Ministério Público da Paraíba (MPPB), a melhor orientação para casos como o de Gerson é o encaminhado para uma residência terapêutica, locais administrados pelo município que abrigam ex-internos de hospitais psiquiátricos.
— O município tem um serviço social que deve dar o apoio a essas pessoas. Devem colocar essas pessoas em residências terapêuticas ou em casas de acolhida que possam receber o tratamento — disse.
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Existem, segundo a Prefeitura de João Pessoa, três residências terapêuticas na cidade.
Veja fotos do caso
Quem era o homem que morreu ao ser atacado por leoa
Gerson havia sido preso duas vezes seis dias antes da morte por danificar dois caixas eletrônicos e arremessar uma pedra em uma viatura da Polícia Militar. De histórico conturbado, o jovem era acompanhado pela conselheira tutelar Verônica Oliveira.
Segundo ela, a mãe de Gerson sofre de esquizofrenia grave. Com isso, a guarda dele e dos quatro irmãos foram retirados dela pela Justiça. Os irmãos foram adotados, mas Gerson não, por já apresentar sintomas de transtornos psicológicos.
— A mãe justamente perdeu o poder familiar dos cinco filhos, porque ela tem uma esquizofrenia bem grave. As duas avós também tinham problemas mentais. Gerson não tinha família extensa que pudesse cuidar dele — disse.
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Para a conselheira, a ausência de albergues, “onde se trabalha a autonomia e o acolhimento” no município de João Pessoa contribuiu para que ele ficasse vulnerável.
— […] Lá eles têm mais autonomia, têm um acompanhamento mais de perto. Não foi o caso de Gerson. Depois que ele fez 18 anos, ele foi entregue à própria sorte. Saiu do acolhimento institucional e entrou no sistema prisional — disse.
O que diz o zoológico
“O Parque Zoobotânico Arruda Câmara (Bica) lamenta profundamente o ocorrido na manhã deste domingo (30), quando um homem invadiu deliberadamente o recinto da leoa, vindo a óbito. Trata-se de um episódio extremamente triste para todos, e manifestamos nossa solidariedade e sentimentos à família e aos amigos do homem, ainda não identificado.
Assim que a ocorrência foi constatada, o parque foi imediatamente fechado, seguindo todos os protocolos de segurança. As equipes acionaram as autoridades competentes e prestaram o suporte necessário para o atendimento e o trabalho da perícia.
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Informamos que a Bica permanecerá fechada para visitação até a conclusão das investigações e dos procedimentos oficiais, prezando pela transparência e pelo compromisso com a segurança de nossos visitantes, colaboradores e animais.
Reforçamos que o parque segue normas técnicas e padrões de segurança rigorosos, e estamos colaborando integralmente com todos os órgãos responsáveis para o esclarecimento dos fatos.
O Parque Arruda Câmara se solidariza com a família do rapaz que faleceu, lamenta profundamente a perda e deseja força neste momento difícil.”





