A reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ministros do governo no dia seguinte à operação no Complexo do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, que resultou em 121 mortes, definiu ações de apoio da gestão federal para o governo do Rio de Janeiro.

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O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, deu detalhes da reunião em uma entrevista coletiva no começo da tarde desta quarta-feira (29). Ele afirmou que ele e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, irão ao Rio de Janeiro na tarde desta quarta para uma reunião com o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL). A intenção é ouvir do chefe do Executivo estadual que estruturas ele necessita para apoio após a operação.

— Oferecemos, colocamos vagas à disposição no sistema federal de alta segurança para transferência das lideranças das facções criminosas. Também estamos dispostos a colaborar com peritos criminais, médicos legistas, seja da Força Nacional, seja da Polícia Federal. Tem polícias de outros estados, temos também um banco nacional de balística, isso tudo para elucidar os casos, saber quem são os mortos, se são pessoas ligadas a organizações criminosas ou não — afirmou o ministro, listando alguns dos serviços em que pode haver apoio.

Veja fotos da operação no RJ

Lewandowski disse que o presidente Lula ficou “estarrecido” pelo número de mortes decorrente da operação e que causou surpresa que a operação deste porte não tenha sido comunicada. O ministro afirmou também que a atuação do crime organizado está mais sofisticada. Ele citou a Operação Carbono Oculto, feita para desarticular a atuação de uma facção criminosa que atua a partir de presídios de São Paulo, em que o foco foram postos de gasolina e empresas fintech usadas para financiar as operações do grupo criminoso.

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— Acreditamos que o combate ao crime organizado deve ser feito de forma conjugada, interfederativa e, antes de mais nada, inteligente — afirmou.

PF foi informada sobre operação, diz diretor-geral

O ministro ressaltou que a responsabilidade sobre segurança atualmente é dos Estados, e citou a PEC da Segurança, que pretende unificar a atuação dos estados nesta área. Ele destacou o fato de que as polícias de gestão federal têm papéis muito específicos.

O diretor-geral da PF afirmou que chegou a receber um contato de nível operacional sobre uma operação a ser feita em comunidades do Rio, mas que o órgão descartou a participação.

— A Polícia Federal e a Rodoviária Federal não foi criada, não foi concebida pelos constituintes para subir nas comunidade, para fazer o enfrentamento direto. Não é esta a missão [dela]. Ela também não foi criada para ser coadjuvante de outras polícias, como a Polícia Militar e a Polícia Civil — afirmou, antes da informação de que a PF foi comunicada, o ministro Lewandowski.

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Lewandowski também não confirmou se, caso o governo do Rio de Janeiro peça uma decretação de Garantia de Lei e da Ordem (GLO), instrumento legal que poderia permitir o uso das Forças Armadas no contexto urbano do Rio de Janeiro, o governo Lula concordaria em decretá-la.

— Isso é uma decisão do presidente da República — resumiu, afirmando que o pedido teria que vir do governador.

Mais cedo, também em entrevista coletiva, o governador Cláudio Castro afirmou que não caberia a ele decidir se esse seria ou não o melhor caminho para viabilizar um apoio do governo federal às operações estaduais.