Lula admite ter sido alertado sobre mensalão

Em resposta ao questionário do Ministério Público Federal que consta do processo do mensalão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve reconhecer pela primeira vez que ouviu em março de 2005 do presidente do PTB, Roberto Jefferson, o alerta sobre a existência do esquema de compra de congressistas da base aliada.

Segundo o jornal Folha de S.Paulo, teriam participado do encontro, ocorrido no Palácio do Planalto, Aldo Rebelo e Walfrido Mares Guia (à época ministros das Relações Institucionais e do Turismo, respectivamente), Arlindo Chinaglia (então líder do governo na Câmara) e José Múcio (na época líder do PTB).

Lula deve afirmar que pediu a Aldo e Chinaglia uma investigação informal e que ambos responderam depois que a Câmara, por meio de sua Procuradoria, havia investigado a história e não obtivera provas do esquema.

Em entrevista em junho de 2005, Jefferson afirmou que Lula chorou quando ele o alertou sobre o mensalão e que disse “não ser possível”. Até hoje, o presidente evitou respostas sobre o alerta do petebista.

Presidente deve negar que conhece Valério pessoalmente

Conforme a Folha, no documento do Ministério Público, enviado para Lula em novembro e que até agora não foi respondido, o presidente é questionado se soube do mensalão por outra pessoa. É uma alusão a suposta uma conversa entre o presidente e o então governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo, em maio de 2004.

Perillo teria dito a Lula que deputados do PSDB receberam oferta de ajuda financeira para migrar para partidos da base governista.

O presidente deve dizer que só soube de detalhes do esquema de compra de apoio parlamentar após as revelações de Jefferson na imprensa. Deverá afirmar, por exemplo, que só teve ciência pelos jornais dos empréstimos tomados pelo PT com o publicitário Marcos Valério de Souza – acusado de ser operador do mensalão – e suas empresas.

Segundo o jornal, o presidente deve negar que conhece Valério pessoalmente. Também deve dizer que o publicitário nunca esteve na Granja do Torto, em resposta a uma pergunta específica sobre um suposto encontro. Desde a revelação do mensalão, há rumores de que Delúbio Soares, então tesoureiro do PT, teria levado Valério à Granja para se encontrar com Lula, que nega essa versão.

O Ministério Público fez 33 perguntas, algumas com subdivisões. Segundo a Folha, o subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil, Beto Vasconcelos, elabora a redação final.