A professora transexual que foi alvo de ataques da mãe de um estudante ao se candidatar para o cargo de diretora em uma escola de Gaspar receberá indenização da mulher. A Justiça entendeu que houve preconceito “por identidade de gênero e orientação sexual”. A agora condenada mandou áudios em um grupo de WhatsApp com outros pais para incitar votos contra a candidatura de Lodemar Luciano Schmitt, de 50 anos.

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O episódio ocorreu em 2019 e ganhou repercussão. Na mensagem, dias antes da eleição, a mãe do aluno disse que “se fosse um homossexual vestido de homem não teria problema, mas é vestido de mulher e não fica bem para a escola ter à frente da direção uma transexual”. Apesar do episódio, a professora assumiu o cargo. Ela então processou a autora dos áudios por danos morais.

A Justiça foi favorável à docente e, como a ré não recorreu, a ação transitou em julgado na semana passada. Ela terá de pagar quase R$ 25 mil a Lodemar, os honorários da advogada do caso, Rosane Martins, e as custas processuais. A defensora comenta que em 2019, quando a cliente soube dos áudios que circularam não só nos grupos da escola como em diversos outros grupos da cidade, Lodemar pensou em desistir da candidatura na Escola Básica Dolores Luzia Santos Krauss e teve síndrome do pânico e depressão.

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A professora com 30 anos de carreira enfrentou críticas e transfobia nas redes sociais e nas ruas. Para ela o valor da condenação não é suficiente para cobrir todo o sofrimento que passou, mas serve como exemplo. O juiz do caso, Clovis dos Santos, também escreveu na sentença que a conduta da ré “não pode ser tolerada, mesmo sob o pretexto da liberdade de expressão, que deve ser limitada, quando houver abuso de direito, ofensa à personalidade ou cometimento de ilícitos penais”.

Lodemar atualmente está na Escola Olímpio Moretto e Frei Godofredo, ambas em Gaspar.

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