Com o final do verão e a proximidade das temperaturas mais frias que chegarão com o inverno, médicos e instituições de saúde reforçam a importância dos cuidados relacionados ao Acidente Vascular Cerebral (AVC). Os casos são mais comuns no inverno, o que acende um alerta para a necessidade de um diagnóstico precoce e do atendimento rápido dos pacientes.

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O clima frio, principalmente no inverno, está associado ao aumento no número de casos de AVC, alerta o médico neurocirurgião Dr. Gibrail Dib. Entre os fatores que levam a esse movimento com o frio, estão a constrição dos vasos sanguíneos, que eleva a pressão arterial, o aumento da viscosidade sanguínea, que favorece a formação de possíveis coágulos que podem obstruir as artérias do cérebro, além de flutuações na pressão arterial, causando picos de hipertensão.

Além disso, o especialista ressalta, citando pesquisas científicas desenvolvidas por Stroke e Journal of Neurology, que doenças respiratórias como gripes e resfriados, mais comuns no inverno, podem causar inflamação no organismo e elevar o risco de um AVC. Outros fatores, como a diminuição da atividade física e ingestão de alimentos mais calóricos, podem piorar casos de pacientes obesos ou com diabetes, ambos fatores de risco.

— O frio e o inverno estão relacionados à elevação de casos de AVC isquêmico, diante de mudanças fisiológicas e fatores de risco sazonais. Nesse sentido, sugerimos algumas medidas aos pacientes, incluindo o controle da pressão arterial, e prevenção de infecções e aquecimento adequado dos ambientes — orienta.

Atendimento rápido é essencial

Com um diagnóstico precoce e atendimento rápido e eficaz, aumentam as chances de recuperação do paciente. Alguns sinais de alerta devem ser monitorados, segundo o médico neurologista Rafael Frizon, incluindo quando o paciente apresenta sintomas de perda de força em algum lado do corpo específico, seja perna, braço ou ambos, alteração da fala, com dificuldade para falar ou expressar palavras corretas, instabilidade da postura, com tonturas, desequilíbrio e dificuldade para permanecer em pé, assimetria da face (boca torta), confusão mental e desorientação, com início dos sintomas de forma súbita, ao acordar ou durante o dia.

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— Quanto mais precoce o atendimento, melhor, pois permite o tratamento com medicações para aliviar ou melhorar os sintomas. Inclusive, o tempo usado para o paciente chegar ao hospital é menor que 4,5 horas, e isso permite que seja conduzido com tratamento medicamentoso (alteplase) ou cirúrgico (trombectomia mecânica) — explica Frizon.

O médico reforça que o lema, nestes casos, seria “tempo é cérebro”. Ou seja, quando mais rápido for o atendimento, há possibilidade de tratamento eficaz e com possibilidade para diminuir mortalidade e morbidade, reduzindo chances de sequelas neurológicas.

— A chegada ao hospital é crucial, pois permite a avaliação e tratamentos mais eficazes, visando diminuir sequelas e dar melhor assistência.

Assim, se amigos, familiares e entes queridos perceberem sintomas como estes, precisam ligar para o atendimento de emergência, como o SAMU, o quanto antes.

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Estrutura de referência no HNSP

O Hospital Nossa Senhora dos Prazeres (HNSP), localizado em Lages, é um centro Tipo III na região serrana de Santa Catarina para o tratamento de AVC, após ter sido habilitado pelo governo estadual em janeiro de 2024 para realizar trombectomias mecânicas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Após a habilitação, já foram realizadas cerca de 30 cirurgias deste tipo pelo SUS.

O HNSP ainda é certificado por organizações como a World Stroke Organization (WSO) e a Angels, o que reforça a excelência no atendimento.

A média de atendimento no hospital está em 40 pacientes ao mês com AVC, segundo o Dr. Frizon.  Neurologistas e neurocirurgiões realizam procedimentos, mas o hospital conta com uma equipe de médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem da emergência, além da unidade AVC, um setor isolado do hospital onde o paciente é recebido para tratamento multiprofissional, com enfermeiros, técnicos de enfermagem, fonoaudióloga, terapeuta ocupacional, fisioterapia, nutrição, assistente social, psicóloga, farmacêutica.

Frizon ressalta que o HNSP oferece o melhor ao paciente com as terapias fornecidas a nível mundial, mas mais importante é o paciente chegar a tempo para o tratamento.

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— Existe uma rede de atendimento na cidade e região, onde o Samu, bombeiros, UPA e hospitais da região são instruídos para encaminhar o paciente precocemente para o HNSP, centro de referência na Serra para atendimento AVC. Aqui, a equipe da emergência, neurologistas e neurocirurgiões, estão preparados para atender o mais rápido possível.

Todos os anos, no mês de outubro, o Hospital e o Centro Especializado em Recuperação (CER II) realizam a Corrida do AVC, visando promover o esporte para praticantes, atletas, além de pessoas que tiveram o AVC e iniciaram no mundo da corrida. 

Como funciona o procedimento de Trombectomia

Quando o paciente chega ao hospital com sinais de AVC, é atendido rapidamente pela equipe de emergência, sendo que a Unidade de AVC fica disponível 24h, com neurologistas de plantão. Com o atendimento, o paciente passa por exames de tomografia e angiotomografia, para verificar a necessidade de realizar uma trombectomia.

— A trombectomia pode ser feita em uma janela de tempo maior do que o tratamento com medicamentos, entre 8 e 24 horas após o início dos sintomas, o que dá mais chances de salvar vidas e diminuir possíveis sequelas graves, como paralisia ou dificuldades de fala ou visão — compara o Dr. Gibrail Dib.

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O procedimento de trombectomia mecânica é uma cirurgia minimamente invasiva realizada quando é necessário retirar o coágulo que está bloqueando o fluxo de sangue no cérebro. Nestes casos, os médicos usam um cateter guiado por equipamentos de imagem, até o ponto obstruído.

Dr. Gibrail Dib conta que o neurocirurgião pode, assim, utilizar um dispositivo especial, como um stent-retriever ou sistema de aspiração, visando retirar o coágulo para que o fluxo sanguíneo seja normalizado.

No HNSP, que conta com estrutura moderna, com equipamentos de angiografia e uma equipe treinada, o paciente é direcionado para o Centro Cirúrgico que é equipado com tecnologia de ponta para a trombectomia.

— A trombectomia no HNSP significa que pessoas da região serrana e Meio Oeste, que antes precisavam ser transferidas para Florianópolis ou Joinville (os outros hospitais em Santa Catarina que oferecem o procedimento pelo SUS), agora têm acesso a um tratamento de ponta mais perto de casa. Isso reduz o tempo até o atendimento, o que é crucial para evitar sequelas graves ou até a morte. Além disso, o procedimento aumenta a chance de independência funcional, permitindo que os pacientes voltem a trabalhar, cuidar da família ou viver com mais qualidade — reforça o médico.

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O procedimento demora em torno de uma hora, quando o neurocirurgião insere o cateter, geralmente pela artéria da virilha, e o guia até o coágulo no cérebro. Após a cirurgia, o paciente passa pelo monitoramento na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Quando recebe alta do hospital, o paciente é encaminhado para acompanhamento no Centro Especializado em Reabilitação (CER II) da Universidade do Planalto Catarinense (Uniplac).

Saiba mais sobre a estrutura de referência para cuidado com o AVC disponível no Hospital Nossa Senhora dos Prazeres (HNSP) no site da instituição filantrópica.