Ao voltar ao Congresso nesta quarta-feira (2) para falar na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados sobre queimadas e desmatamentos, a ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, sofreu novos ataques verbais de parlamentares. Críticas à gestão da ministra e afirmações sobre Marina “nunca ter trabalhado” foram feitas por deputados que acompanhavam a sessão. As informações são do g1.

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O deputado Evair Vieira Melo (PP-ES), que já havia feito críticas à ministra em outubro de 2024, voltou a dizer que Marina faz um “adestramento de esquerda”, e que “possui dificuldades com o agronegócio”.

— A senhora tem dificuldades com o agronegócio, porque a senhora nunca trabalhou, a senhora nunca produziu, não sabe o que é prosperidade construída pelo trabalho. Todo mundo sabe, o mundo sabe que a senhora tem um discurso alinhado com essas ONGs internacionais — disse.

Marina também foi chamada de mal-educada pelo deputado. Ela respondeu, então, que prefere “receber injustiça” que “praticar injustiça”.

A ministra disse, ainda, que fez oração antes da audiência e que está “em paz”, já que sofreu ataques na sessão da Comissão de Infraestrutura do Senado em maio.

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— Depois do que aconteceu no Senado, as pessoas iam achar muito normal fazer o que está acontecendo aqui num nível piorado. […] Fui terrivelmente agredida — lembrou.

Em resposta, o deputado voltou a dizer que Marina tinha sido “adestrada”. Para ele, a ministra “tem uma incrível capacidade de repetições, de discurso, de oratória, de dados”.

Outros parlamentares também fizeram críticas à gestão da ministra, como o deputado Zé Trovão (PL-SC), que disse que Marina é uma “vergonha como ministra”. Já o capitão Alberto Neto (PL-AM), afirmou que a ministra deveria pedir demissão.

O aumento no número de desmatamento e queimadas em 2024 também foi assunto, com o presidente da comissão de Agricultura, Rodolfo Nogueira (PL-MS) avaliando a gestão de Marina como “um dos capítulos mais contraditórios e desastrosos da política ambiental brasileira”.

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— A senhora, que fez a sua carreira, se apresentando como símbolo da defesa ambiental, protagoniza hoje um dos capítulos mais contraditórios e desastrosos da política ambiental brasileira. Sob sua gestão, o desmatamento na Amazônia aumentou 482% — disse.

Mudanças climáticas

Marina, por sua vez, pontuou que o aumento das queimadas é fruto das mudanças climáticas que afetam todo o mundo. De acordo com um levantamento do MapBiomas, o Brasil perdeu 30 milhões de hectares pelas queimadas no ano passado. Entre agosto e outubro de 2024, foram registradas 72% de todas as queimadas do ano.

O Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden) também afirma que o Brasil enfrentou, em 2024, a maior seca da história do país.

— Qualquer pessoa que não seja negacionista sabe que a seca com baixa precipitação, temperatura alta, perda de umidade, potencializa os incêndios, potencializa em todos os níveis — disse a ministra.

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Declarações machistas no Senado

No Senado, Marina havia sido alvo de declarações consideradas machistas e ofensivas por parte de senadores, como o de Plínio Valério (PSDB-AM) que, ao cumprimentar Marina, disse que queria “separar a mulher da ministra”, porque a mulher “merecia respeito” e a ministra, não.

Diante da declaração, Marina se retirou da sessão.

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