O futebol é a “doença”. Mas foi a pipa que levou Samuel Rosa Martins para o hospital. O menino de 12 anos caiu de um telhado de 11 metros de altura. Foi no começo da tarde de sábado, depois de informado pelos amigos que uma pipa cortada por cerol tinha ido parar sobre um ginásio de esportes na Avenida Ivo Silveira, em Florianópolis.

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Nesta quinta-feira, um dia depois de deixar o Hospital Infantil Joana da Gusmão, na Capital, onde passou pela Unidade de Terapia Intensiva, Samuel reconheceu:

– A vida da gente passa rápido demais.

O menino quebrou os dois braços, uma mão, o nariz, ossos da face e permanece com vários hematomas pelo rosto. Como Samuel, aluno do 6º ano e morador da comunidade Ilha-Continente, foi parar em cima do telhado ninguém sabe:

– Eu não lembro de nada. Nem de antes, nem depois. Quando vi estava tudo muito estranho, no hospital e eu xingando os médicos. Aquele sábado não existiu na minha vida.

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O ginásio é cercado em quase toda extensão por um muro de cerca de cinco metros. Tem, ainda, uma cerca elétrica. A possibilidade é de que o menino tenha escalado alguma casa vizinha, passando de um prédio para outro. É possível que tenha, também, contado com a ajuda de alguém.

Mas, apesar da insistência dos familiares de Samuel, os amigos não comentam nada.

Samuel é filho de Franciele e neto de Elizabeth. Mora com a avó, mãe e uma tia. É o “homem da casa” e está cercado de atenções:

– Ele nasceu de novo. A gente não consegue imaginar o que aconteceu, pois a “doença” dele é a bola – conta a mãe, Franciele do Carmo Rosa, que se prepara para pedir demissão no supermercado onde trabalha para cuidar do filho.

Um anjo da guarda chamado Elisa

A pipa seria, até então, uma brincadeira pouco comum na vida do garoto que está na escolinha de futebol do Cruzeiro Esporte Clube.

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Por causa da queda, terá que deixar o futebol de lado. Serão necessários seis meses para a recuperação. O ano letivo também está perdido.

No caminho de Samuel surgiu Elisa Gevaerd Pacheco. A moça trabalha como atendente no ginásio esportivo onde aconteceu o acidente. Era a última pessoa a deixar o local, por volta das 14h, quando ouviu o estouro da telha se quebrando. Apavorou-se quando viu o menino no chão, soltando sangue pela boca e nariz:

– Eu gritei por socorro e os rapazes que já estavam indo embora retornaram. Nem me dei conta e acabei telefonando para a polícia, que acionou os bombeiros. Em cinco minutos, a ambulância estava aqui – recorda.

Elisa poder ter salvado a vida de Samuel. Se tivesse saído ao meio-dia, como nos demais sábados, não teria visto a queda.

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