A Meta está testando um novo modelo de processo seletivo que permite que candidatos a vagas de engenharia de software utilizem assistentes de inteligência artificial (IA) durante entrevistas técnicas. A informação foi revelada por documentos internos obtidos pelo site 404 Media e confirmada por um porta-voz da empresa.
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— Estamos obviamente focados em usar IA para ajudar engenheiros em seu trabalho diário, então não é surpresa que estejamos testando como oferecer essas ferramentas também aos candidatos durante as entrevistas — declarou o porta-voz.
Segundo a publicação interna, o objetivo é tornar o processo seletivo mais próximo do ambiente de trabalho real da empresa, onde o uso de IA já é cotidiano. A iniciativa também visa reduzir fraudes por meio de respostas pré-fabricadas por modelos de linguagem generativa, como o ChatGPT ou Claude.
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— A Meta está desenvolvendo um novo tipo de entrevista técnica em que os candidatos têm acesso a um assistente de IA. Isso é mais representativo do ambiente de desenvolvimento em que nossos futuros funcionários atuarão — diz o texto publicado em um painel interno da empresa, que convidava funcionários a participarem de testes simulados.
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A era dos “vibecoders”
O movimento da Meta marca mais um passo na consolidação do chamado “vibe-coding”, termo usado para descrever o estilo de programação assistida por IA, em que o programador atua mais como coordenador de comandos e revisões do que como autor direto de códigos.
Para o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, o futuro do desenvolvimento de software está nas mãos de engenheiros que saberão gerenciar “agentes de programação com IA”. A ideia é que profissionais conduzam o raciocínio lógico e estratégico, deixando tarefas mecânicas para assistentes inteligentes.
No entanto, esse novo paradigma é motivo de debate acalorado. Parte da comunidade técnica teme que a formação de profissionais dependa cada vez menos de conhecimento profundo em lógica, algoritmos e estruturas de dados habilidades fundamentais que ainda sustentam sistemas complexos. Críticos chamam atenção para o risco de surgirem profissionais incapazes de compreender ou corrigir falhas nos códigos gerados por IA.
Uma tendência que ganha força
Apesar da controvérsia, o uso de IA em testes seletivos começa a ser visto com mais abertura por grandes empresas de tecnologia. Em janeiro de 2024, o Google iniciou testes internos com ferramentas baseadas em Gemini para acompanhar entrevistas técnicas. Já a Amazon criou um programa-piloto para avaliar como o uso de IA influencia na produtividade de novos funcionários contratados.
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Especialistas em recrutamento de tecnologia veem com bons olhos a iniciativa, desde que o foco continue na habilidade lógica e na capacidade de resolver problemas. “Permitir o uso de IA em entrevistas pode ser útil para medir a adaptabilidade do candidato a novas ferramentas, mas não deve substituir o raciocínio técnico”, afirmou Sarah Goldstein, consultora de RH do setor de tecnologia, em entrevista à Business Insider.
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O experimento da Meta ainda está em fase de testes simulados com funcionários voluntários e sem data definida para ser implementado oficialmente. Mas o recado parece claro, saber lidar com IA já não é mais um diferencial é pré-requisito.
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