Ao longo da temporada de 2025, o monitoramento aéreo do Porto de Imbituba registrou 185 baleias-francas entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A ação foi realizada no dia 10 de setembro, no auge de avistamento desses animais, e acompanhou os trechos entre o município gaúcho de Torres, e Florianópolis.
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De acordo com os dados, foram 90 pares de mães e filhotes e cinco adultos solitários. Em Santa Catarina, a maior concentração de cetáceos foi em Imbituba e Palhoça, principalmente no trecho entre as praias da Praia da Ribanceira e Praia de Ibiraquera, onde foram avistadas 38 baleias. Além disso, outras 32 foram vistas na Praia do Siriú e 30 na Praia da Pinheira. No entanto, nenhuma baleia foi registrada em Florianópolis ou no litoral gaúcho.
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A bordo do helicóptero estavam dois observadores e um fotógrafo, responsáveis pelo censo, localização e registro das baleias. As imagens são utilizadas para identificação individual com base nas calosidades na cabeça dos animais, que funcionam como uma impressão digital.
Entre os registros, estão indivíduos conhecidos de longa data, como Zimba e Olívia, que passam pelo estado desde o início dos anos 2000 e agora retornam com filhotes. Outro destaque é Sloughy, nascida em águas catarinenses em 2002. Ela já retornou outras vezes à região, mas ficou conhecida por ter sido identificada também nas Ilhas Geórgia do Sul, uma das áreas de alimentação da espécie. Sloughy foi a primeira baleia-franca nascida no Brasil a ser registrada nesse remoto local do Atlântico Sul.
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A baleia-franca-austral ainda é considerada uma espécie ameaçada de extinção no Brasil. Estima-se uma população de cerca de 800 indivíduos, com taxa de crescimento anual de 4,8%, segundo estudo baseado em 15 anos de dados de monitoramento aéreo.
Sobre o monitoramento aéreo
O trabalho foi realizado pelo Programa de Monitoramento de Cetáceos da SCPAR Porto de Imbituba, com execução da Acquaplan Tecnologia e Consultoria Ambiental e do Projeto Franca Austral, do Instituto Australis (IA), com apoio da Petrobras por meio do Programa Programa Petrobras Socioambiental.
Realizado desde o fim dos anos 1980, o projeto tem como objetivo avaliar o progresso de conservação da espécie.
— Com esses dados, conseguimos estimar parâmetros como tamanho populacional e taxas de crescimento. Um número elevado de baleias aumenta a chance de identificarmos indivíduos já conhecidos, o que alimenta os modelos estatísticos que usamos — aponta Eduardo Renault, gerente de pesquisa do ProFRANCA.
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Em 2025, a temporada já se destaca pelo alto número de avistagens. Para a bióloga Mariana Favero Silvano, coordenadora técnica do programa de monitoramento do Porto de Imbituba, o crescimento é motivo de otimismo:
— Esse aumento ao longo dos anos nos deixa muito felizes. É uma resposta direta aos esforços de conservação de uma espécie que foi intensamente caçada por séculos no litoral brasileiro.
Monitoramento terrestre de baleias
O monitoramento terrestre do Programa de Monitoramento de Cetáceos da SCPAR Porto de Imbituba é realizado há 17 anos, de julho a novembro, em dois pontos fixos no entorno do Porto, pela Acquaplan. Segundo a oceanógrafa Camila Amorim, os dados ajudam a ajustar as operações portuárias para garantir a segurança das baleias e a continuidade das atividades.
As observações são feitas diariamente, acompanhando o comportamento dos animais na enseada do porto, principalmente durante as manobras dos navios e na Praia da Ribanceira. “Esse monitoramento é essencial para observar comportamentos como descanso, natação e interação entre mãe e filhote”, explica Camila.
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Além disso, o Projeto Franca Austral (IA) realiza, entre agosto e novembro, o monitoramento terrestre em 15 pontos dentro da Área de Proteção Ambiental da Baleia-Franca, com foco na abundância, distribuição e comportamento dos animais.
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