Moradores do distrito de Pirabeiraba lotaram o salão da Sociedade Rio da Prata na noite desta segunda-feira (15). Às 19h30min, iniciou uma audiência pública para debater a criação do Parque Nacional Campos do Araçatuba-Quiriri, em um território que abrange as cidades de Joinville, Garuva e Campo Alegre, em Santa Catarina, e de Guaratuba e Tijucas do Sul, no Paraná.
Continua depois da publicidade
A reunião, presidida pela vereadora Vanessa Falk (Novo), secretária da Comissão de Economia da Câmara, foi gravada e registrada em uma ata. O conteúdo será encaminhado ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, ao ICMBio e às prefeituras das cidades abrangidas na proposta.
Veja fotos da audiência pública
— Vamos fazer um ofício de encaminhamentos com as dúvidas que surgiram aqui para o ICMBio. Porque já sabemos que o ICMBio, ano que vem, no primeiro semestre, fará uma audiência para ouvir [a comunidade]. Então, vamos encaminhar para eles esse material, para eles saberem qual é a opinião da comunidade, quais são as dúvidas que ficaram — disse a vereadora.
Vanessa ainda reiterou que a Câmara de Vereadores de Joinville é contra a criação do parque nacional na região.
A audiência foi proposta pelo vereador Willian Tonezi (PL), de Joinville, que disse à reportagem da NSC que o encontro não serviu para tirar dúvidas, mas sim para mostrar ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) que “a população é contra a criação desse parque nacional.”
Continua depois da publicidade
O que dizem os moradores
A comunidade de Pirabeiraba está preocupada com a implementação do parque, que ainda está em fase de análise pelo ICMBio. O agricultor Célio David contou que ouviu diversos rumores sobre a criação da área.
— Eu vim pra saber qual é o projeto desse parque, onde que ele vai passar, porque não sabemos nada, só ouvimos rumores. Rumores que vai ter que sair daqui, que vai ter que sair dali, que vai pegar toda a área. Outro diz que vai só pegar a área de montanha. Então não sabemos qual é o mapeamento desse parque. Queremos saber, porque eu já venho em terra do meu bisavô, né? Toda a vida ali. E a gente já tem a preservação, de acordo com o que manda a lei — afirma Célio.
Já o motorista e produtor rural Antônio Laerte Sales Franco também contou à reportagem da NSC que estava na audiência para entender melhor a proposta.
— Nós estamos aqui pra se inteirar melhor do que está acontecendo. [A notícia] chegou lá que eles querem tomar nossos terrenos, na verdade, nossos somos proprietários no Quiriri. Então estamos aqui pra apoiar o pessoal de Joinville, pra não deixar isso acontecer — disse.
Continua depois da publicidade
O que diz o projeto do parque nacional
Segundo o ICMBio, nenhuma área urbana ou comunidade consolidada integra o limite preliminar da proposta de criação do Parque Nacional Campos do Araçatuba-Quiriri. Ou seja, imóveis particulares não estão dentro do mapeamento do projeto.
O parque deverá ser implementado em um território de 32.695 hectares de remanescentes contínuos de Mata Atlântica, campos de altitude, banhados e nascentes que dão origem a bacias hidrográficas fundamentais, como os rios Cubatão e Negro, responsáveis pelo abastecimento de cidades na região.
Veja onde parque deve ser implantado

Em conversas com prefeituras das cidades de Santa Catarina e Paraná, entre os dias 9 e 11 de dezembro, o órgão demonstrou dados sobre como a proteção dessas áreas pode contribuir para políticas de segurança hídrica, regulação climática, prevenção de desastres e controle de espécies exóticas invasoras, como o Pinus, que tem avançado sobre campos nativos, conforme verificado nas vistorias técnicas conduzidas em novembro deste ano.
Segundo Maria Helena, da Coordenação de Criação de Unidades de Conservação do ICMBio, as prefeituras têm papel central na construção desse estudo.
Continua depois da publicidade
— Cada município trouxe elementos históricos, socioeconômicos e territoriais que enriquecem a avaliação de viabilidade. É um processo colaborativo, transparente e orientado por evidências científicas — afirmou.
O ICMBio ainda reforçou que a fase analítica é não deliberativa e que os estudos vão seguir nos
próximos meses, incorporando contribuições das prefeituras, de comunidades locais, de pesquisadores e de diversos setores interessados.
A equipe do ICMBio, que não esteve presente no encontro realizado em Joinville nesta segunda-feira (15), irá fazer sua própria consulta pública nos municípios abrangidos pelo projeto. A estimativa é de que a audiência ocorra até março de 2026.
*Com informações de Arthur Ruschel, NSC TV.





