Aos 90 anos, Jacob Gorender, um dos mais reputados intelectuais militantes da esquerda brasileira, morreu na terça-feira. A vida de Gorender foi marcada tanto por obras importantes, como O Escravismo Colonial, quanto pela atuação em organizações de esquerda – o historiador foi membro do Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro (PCB).

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Nascido em Salvador (BA), em 20 de janeiro de 1923, era filho de imigrantes judeus russos. Em 1941, entrou para a Faculdade de Direito de Salvador, época em que se aproxima do PCB. Dois anos depois, ele foi voluntário na Força Expedicionária Brasileira (FEB) e embarcou para a II Guerra Mundial. Voltou da Europa em 1945, quando retomou a militância comunista. Com o golpe de 1964, passou à clandestinidade.

Sua obra mais conhecida é Combate nas Trevas, considerada referência sobre a luta armada durante a ditadura militar. O livro é baseado nessa experiência, que inclui a fundação PCBR (Partido Comunista Brasileiro Revolucionário), em 1968, quando deixou o PCB após 26 anos. A nova organização contava ainda com o veterano da Guerra Civil Espanhola Apolônio de Carvalho e o militante Mário Alves, desaparecido desde 1970. No mesmo ano, ele acabou preso em São Paulo, período que durou dois anos e foi marcado por sessões de tortura.

Solto, passou a se dedicar mais à atividade intelectual, com a publicação de vários livros e artigos, chegando a professor do Instituto de Estudos Avançados da USP. A presidente Dilma Rousseff distribuiu nota oficial lamentando a morte de Gorender, na qual lembra que os dois se conheceram durante prisão no Dops, em São Paulo. “Ele estava convalescente de torturas e foi conselheiro importante em um momento crucial na minha vida. Foi com tristeza que recebi a notícia da morte do amigo e companheiro Jacob Gorender”, escreveu Dilma.

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