Coordenado, idealizado e voluntariado por mulheres, motivado principalmente pela preocupação com o alastramento rápido de espécies invasoras na natureza. Esse é o projeto Laboratório de Ecologia de Invasões Biológicas, Manejo e Conservação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) com o Instituto Hórus. A iniciativa já atuou na eliminação de quase meio milhão de plantas que não são nativas do território catarinense, além de restaurar 200 hectares de restinga na costa Leste da Ilha de Santa Catarina, em Florianópolis.

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São 15 anos de projeto, que teve sua atuação principal no Parque Natural Municipal das Dunas da Lagoa da Conceição, onde foram eliminadas praticamente todas as árvores de pinheiro americano (Pinus elliottii). Com uma equipe onde 70% dos membros são mulheres, a iniciativa começou com uma preocupação da professora do Departamento de Ecologia e Zoologia da UFSC, Michele de Sá Dechoum, e da professora Tânia Tarabini Castellani.

— Foi uma sugestão que eu trouxe para ela, uma idealização de começar a organizar algumas ações, num primeiro momento focadas nos alunos da Biologia, da UFSC, para que eles tivessem a oportunidade, tanto de ter a vivência da prática, do controle de uma espécie invasora, quanto também, nós pudéssemos, ao mesmo tempo, fazer ações de controle que pudessem ajudar aquele ecossistema — explica Michele.

Hoje, a condução do projeto é feita por Michele e pela diretora executiva do Instituto Hórus, Sílvia Ziller. À época, a inspiração foi um trabalho voluntariado argentino, na região da Patagônia, focado no controle de pinheiros invasores em áreas de campos naturais.

Por isso, durante 10 anos, o foco foi o controle de pinheiros invasores no Parque Natural Municipal das Dunas da Lagoa da Conceição. Depois, a parceria recebeu recursos de uma organização internacional para expandir o projeto para outras áreas, indo desde a Praia de Açores até o Rio Vermelho.

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— Temos, em diferentes momentos, atuado em diferentes praias, locais e unidades de conservação, e no controle de diferentes espécies também. Além dos pinheiros invasores, a gente tem trabalhado no controle de uma outra planta exótica invasora: a amendoeira da praia — conta.

Michele diz que essa outra espécie é comum em áreas de praia e, principalmente, em dunas frontal — a primeira duna depois da praia. Este, inclusive, tem sido o foco do projeto atualmente.

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Mudas de espécies nativas

Por meio de projetos de extensão, a iniciativa também tem trabalhado com a produção de mudas de espécies nativas no Viveiro Municipal, em parceria com a Fundação Municipal do Meio Ambiente de Florianópolis. Dessa forma, é possível coletar sementes e produzir mudas nativas de áreas de restinga, como a ervilha da praia, feijão da praia, o araçá e a aroeira.

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— Muitas vezes, depois que nós tiramos as plantas exóticas invasoras, não é necessário fazer nenhum tipo de intervenção, porque a restinga volta muito rápido. Mas em algumas áreas pode ser interessante, inclusive na perspectiva educativa. Então, temos plantado essas espécies nativas — aponta.

Importância cultural e ambiental

Michele destaca que a restinga tem importância histórica para Florianópolis e, com o projeto, é possível ajudar na conservação da biodiversidade do município. Com a iniciativa, as pessoas conhecem o problema de ser ter espécies invasoras que, muitas vezes, são plantadas por “pessoas sem conhecimento” ou se dispersam de jardins particulares, segundo a coordenadora do projeto.

Além disso, a iniciativa também possibilita que alunos de graduação e pós-graduação conheçam as problemáticas e coloquem a mão na massa.

— Termos o engajamento da comunidade local e conseguirmos fazer alguma coisa para mudar a realidade do nosso município é muito importante — completa.

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Antonietas

Antonietas é um movimento da NSC que tem como objetivo dar visibilidade a força da mulher catarinense, independente da área de atuação, por meio de conteúdos multiplataforma, em todos os veículos do grupo. Saiba mais acessando o link.

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