As mulheres trabalhadoras do setor privado em Santa Catarina recebem 28% menos que homens no setor privado. É o que apontam os dados do 4º Relatório de Transparência Salarial, do Ministério do Trabalho e Emprego. Com esse percentual, o Estado catarinense tem a terceira maior desigualdade salarial do Brasil.
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Santa Catarina fica atrás apenas do Paraná, com 28,5% de percentual de diferença salarial entre homens e mulheres, e o Rio de Janeiro, que possui o mesmo índice de desigualdade. Empatado com o Estado catarinense, está Mato Grosso (27,9%), seguido por Espírito Santo (26,9%), que completa o ranking.
O número de todos os estados que estão neste top 5 ultrapassa a média nacional, de 21% de desigualdade salarial, de acordo com o levantamento apresentado pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Desde março de 2024, quando também foram divulgados dados referentes ao tema, a diferença cresceu quase 2% na média nacional, quando o percentual era de 19,4%.
Em todo o Brasil, foram analisadas cerca de 54 mil empresas com 100 ou mais trabalhadores, com a avaliação de mais de 19 milhões de vínculos empregatícios.
Para Vanessa Lopo, líder do Grupo Mulheres do Brasil, o aumento no percentual é preocupante e traz um alerta para a sociedade como um todo.
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— É muito preocupante que em um universo de 54 mil empresas, só 38% tem políticas de promoção para as mulheres, então o caminho é longo — disse.
Do total de cargos analisados, 41,1% são ocupados por mulheres e 58,9% por homens. A remuneração média das mulheres é de R$ 3.908,76, enquanto a dos homens chega a R$ 4.958,43. Entre mulheres negras e homens não negros, a desigualdade é ainda maior. No rendimento médio, as mulheres negras recebem R$ 2.986,50, enquanto homens não negros ganham R$ 6.391,94.
Linda Assunção, que trabalha como segurança em uma empresa privada, afirma que acha um desrespeito ver um homem exercendo a mesma função que uma mulher e ganhando mais.
— Como mulher, a gente vê o preconceito. “Ah, só podia ser mulher” quando a gente comete um erro. Se a mulher cometer um erro, é por ser mulher. Se tá no trânsito, é mulher. Então significa que ainda nós não somos o suficiente — desabafa.
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Vanessa Lopo lembra que a atuação do poder público para a formação de políticas para a diminuição na desigualdade salarial é essencial.
— Esse não é um problema só ético e moral, é um problema econômico. Quando as mulheres assumem posições iguais, com um reconhecimento salarial igual, a gente aumenta o PIB, então é uma estratégia de desenvolvimento de um país, não é um problema só de gênero — afirma.

