A multa aplicada à empresa de Itajaí que iria exportar 27,6 toneladas de barbatanas de tubarões contrasta com o lucro que a companhia teria caso o Ibama não tivesse descoberto a ilegalidade. O Instituto do Meio Ambiente estima que a venda renderia mais de R$ 14 milhões. Enquanto isso, na outra ponta, a multa será de R$ 550 mil.

Continua depois da publicidade

Receba notícias de Itajaí e região direto no Whatsapp

A empresa estava com a mercadoria confiscada desde fevereiro, quando o Ibama recolheu algumas amostras para confirmar a suspeita. As 27,6 toneladas iriam para a Ásia. Uma companhia de outro estado, que tentava enviar 1,1 tonelada, foi impedida no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, no mês passado.

Juntas, as 28,7 toneladas representam mais de 10 mil tubarões, segundo o Ibama. Foram pelo menos 4,4 mil tubarões-azuis mortos e 5,6 mil anequins, uma espécie que entrou para a lista das ameaçadas de extinção em maio.

Além dos óbitos dos tubarões, o Ibama apurou outro impacto ambiental: ignorando medidas obrigatórias, os pescadores acabavam matando também aves marinhas ao lançar o espinhel durante o dia e não à noite, como deve ser feito na pesca legalizada. Espinhel é um tipo de linha com vários anzóis.

Continua depois da publicidade

As barbatanas eram cortadas dos animais e o corpo vendido no mercado como cação, de acordo com o agente ambiental do Ibama, Leandro Aranha. O Brasil consome em torno de 40 mil toneladas de tubarão anualmente, lembrou o coordenador da operação.

— Cação é tubarão. E às vezes um tubarão ameaçado de extinção e que além de tudo tem uma carga de mercúrio e metais pesados muito grande, uma carne que não é considerada boa em vários países — disse.

A empresa de Itajaí deve assinar o auto de infração ainda nesta segunda-feira (19). Depois das investigações, o material apreendido será destruído.

Maior apreensão da história

Essa foi a maior apreensão de barbatanas no local de origem da captura que se tem registro no mundo, segundo o Ibama. A pesca direcionada de tubarões não é permitida no Brasil. Para fazer a captura dos animais, os barcos usavam licenças de outras espécies de peixe e atuavam com índices acima de 80% da carga permitida, contou o Ibama.

Continua depois da publicidade

Os animais eram pescados em vários pontos do litoral brasileiro, mas principalmente na região Sul. No mercado internacional, o quilo da barbatana desses tubarões é estimado em 100 dólares, acrescentou o instituto. Segundo especialistas, o consumo é comum na Ásia na gastronomia ou até na fabricação de cápsulas de cartilagem.

A prática, ressaltou o instituto, tem causado a diminuição drástica das populações de tubarões em todo o mundo.

Leia mais

Maior apreensão de barbatanas no mundo feita em SC revela morte de 10 mil tubarões