Após ostentar a chegada de um navio próprio carregando 5.500 veículos e peças vindos da China na semana passada, a BYD recebeu uma represália pública da Anfavea, associação dos fabricantes de veículos.

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Nos últimos dias de fevereiro, a BYD divulgou a chegada do navio cargueiro BYD Explorer N° 1 que atracou no Portocel, em Aracruz (ES), trazendo 5.524 veículos elétricos e híbridos das famílias Dolphin, Song e Yuan.

Em 2024, a BYD se tornou a terceira marca mais vendida no mundo, com 4,3 milhões de unidades c, crescimento de 41% sobre 2023.

No Brasil, a empresa ajudou a popularizar os veículos eletrificados e emplacou 76.811 unidades em 2024. A marca chinesa, que tem uma política agressiva de preços, é responsável pela venda de 7 a cada 10 veículos elétricos e 1 a cada 4 híbridos no País.

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A BYD também aumentou a capacidade de seu centro logístico de partes e peças em Cariacica (ES), duplicando o estoque.

Anfavea pede aumento do imposto de importação

Menos de uma semana depois, a Anfavea, por meio de nota, expressou preocupação com a chegada do navio cuja carga se soma a um estoque de mais de 40 mil unidades importadas no Brasil.

A entidade pede que o governo reestabeleça a alíquota de 35% de Imposto de Importação para veículos híbridos e elétricos.

Atualmente, elas estão em 18% para elétricos, 20% para híbridos plug-in e 25% para híbridos, consideradas baixas em comparação a outros países da Europa e EUA.

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A Anfavea enfatiza que no ano que a indústria local anunciou investimentos de R$ 180 bilhões, o Brasil importou mais de 120 mil veículos da China, o que pode afetar 1,3 milhão de empregos gerados pelo setor e contribui para o déficit na balança comercial.

BYD reforça estoques antes do aumento do imposto

Em resposta à Anfavea, a BYD afirmou que investe no Brasil desde 2015, com fábricas em Campinas (SP) e Manaus (AM) e iniciou a construção de um complexo industrial em Camaçari (BA), com aporte de R$ 5,5 bilhões e previsão de mais de 20 mil empregos.

Contudo, o cronograma da fábrica baiana vai atrasar, já que estava previsto que as operações seriam iniciadas em março. A mudança de processo da construção da fábrica após denúncia de trabalhos análogos à escravidão contribuiu para esse atraso.

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A alternativa então é suprir a demanda com mais importações antes de julho, driblando o aumento da alíquota – quando uma nova fase do Imposto de Importação entra em vigor, elevando para 30% os híbridos leves (MHEV) e convencionais (HEV), 28% os híbridos plug-in (PHEV) e 25% os elétricos puros (BEV).

Importadores refutam protecionismo

Em sua defesa, a Abeifa (que representa dez marcas de importadores) refutou um aumento imediato do imposto de importação para veículos eletrificados, que passaria a 35%, alíquota prevista para acontecer de forma escalonada até 2026.

Marcelo Godoy, presidente da Abeifa, afirmou que políticas protecionistas não beneficiam o Brasil, citando a abertura do mercado nos anos 1990 como essencial para o desenvolvimento da indústria automotiva atual.

A participação de suas associadas no mercado de importados foi de 25,4% em fevereiro, responsáveis por 50,9% dos eletrificados emplacados. Godoy concluiu que a maioria das importações é realizada por montadoras instaladas no Brasil (quase 75%), destacando a importância da tecnologia nos veículos eletrificados e no processo de descarbonização.

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Por Lucia Camargo Nunes da @viadigitalmotorsoficial

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