O mundo está passando por um novo episódio de branqueamento em massa de corais. O comunicado foi feito pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) e da Iniciativa Internacional para Recifes de Coral (ICRI) publicado na segunda-feira (15). O fenômeno chamou atenção na Grande Barreira de Corais da Austrália, no entanto, também vem sendo constatado em outros países, inclusive no Brasil.
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Conforme divulgado pelas duas instituições, esta é a quarta crise de branqueamento de corais registrada no mundo, e a segunda em um período de dez anos. De acordo com os cientistas, este pode se tornar o pior período de branqueamento já registrado. Essa tragédia ambiental é consequência do superaquecimento do oceano, gerado pela crise climática.

Uma em cada quatro espécies marinhas vive ou passa parte da vida, nos recifes de coral, como peixes, moluscos, algas e crustáceos. Neles estão cerca de 65% dos peixes marinhos. A analista de Conservação especialista em corais e oceanos do WWF-Brasil (Fundo Mundial para a Natureza), Marina Corrêa, explica que além do impacto ambiental, esse fenômeno tem impacto social direto na vida das populações costeiras, que vêm sua fonte de renda e alimentação, relacionada à pesca, diminuir:
— É algo semelhante às enormes queimadas que vimos acontecer recentemente no Pantanal, na Amazônia, nos Estados Unidos, na Europa, e que sensibilizaram profundamente a sociedade. Mas nesse caso, está ocorrendo embaixo da água. A maior parte das pessoas não percebe, mas o estrago ecológico e social é o mesmo, se não maior. Quando os corais morrem, toda a biodiversidade que ele abriga e alimenta também se perde.
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Pela sua beleza, os corais são também atrativos para atividades relacionadas ao lazer, turismo e culturas locais. Outra grande contribuição desses ecossistemas é servir como uma barreira natural, protegendo as praias do impacto de ondas, reduzindo consequências da erosão, inundações, tempestades e furacões, fenômenos que devem aumentar com a crise climática.
O painel abaixo, divulgado pela NOAA, mostra um coral estrela rochoso na Ilha de Santa Cruz, enquanto ele mudava do estado saudável (maio de 2023), para branqueado (outubro de 2023) e, posteriormente, recuperado (março de 2024), após extremo estresse térmico marinho em toda a bacia do Caribe em 2023.

Branqueamento de corais no Brasil
Os únicos recifes de coral do Atlântico Sul se concentram no Nordeste brasileiro, estendendo-se por cerca de 3.000 km ao longo da costa, desde o Maranhão até o Sul da Bahia. O Brasil possui 24 espécies de corais duros, sendo que algumas são encontradas somente no país.
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Segundo o acompanhamento feito pelo Centro de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Nordeste, vinculado ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), já foram identificados, desde o início deste ano, o branqueamento de corais nas costas de Pernambuco e Sergipe.
De acordo com o estudo feito pela Fundação Grupo Boticário e Bloom Ocean, em 2023, estima-se que os recifes de corais sejam responsáveis por 30 milhões de empregos no Brasil e que 850 milhões de pessoas dependam e se beneficiem dos serviços deles provenientes. Além disso, o turismo em recifes de coral na costa do Nordeste pode gerar mais de R$ 7 bilhões por ano.
— Ou seja, investir na conservação e restauração dos nossos corais é um ótimo negócio não apenas social e ambiental, mas econômico. Afinal, esses três segmentos estão totalmente relacionados — aponta Marina Corrêa.
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*Sob supervisão de Luana Amorim
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