Mais do que uma diversão para o fim de semana ou uma companhia em casa, ter um animal de estimação é uma responsabilidade. Aproveitar a folga de fim de ano para viajar e fingir esquecer-se do animal em casa é fugir dessa responsabilidade e até cometer um crime ambiental, além de comprometer uma vida que deveria estar sob o seu cuidado.
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É por isso que ONGs e entidades insistem no conceito de “posse responsável”, aquela em que o animal de estimação não é algo esquecível ou substituível facilmente, conforme a comodidade do dono. A prova da importância do tema é um problema comum que, ano após ano, repete-se entre dezembro e janeiro: o abandono de animais durante as férias.
A ONG de proteção animal Aprablu, de Blumenau, estima que esses dois meses representam um aumento de 30% nas ocorrências deste tipo na cidade em relação ao resto do ano. De forma geral, casos de famílias que viajam e deixam cães e gatos em casa sem comida, água e cuidados necessários.
O Cepread (Centro de Prevenção e Recuperação de Animais Domésticos), órgão da prefeitura de Blumenau, manteve o atendimento durante o recesso de fim de ano do poder público e contabilizou 70 atendimentos de ocorrências de maus tratos ou recolhimento de animais de rua com problemas de saúde.
De acordo com o diretor do órgão, Luís Carlos Kriewall, não é possível comparar os dados com os anos anteriores por um desencontro de estatísticas do Cepread – que contabilizava números diferentes na gestão anterior -, mas há, sim, aumento do número de animais abandonados nessa época do ano. Atualmente, mais de 60 cães e gatos recolhidos de situações de risco nas ruas estão no órgão para adoção.
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– Os números nessa época do ano são altos, mas a gente percebe que há uma conscientização maior para resolver essas situações. Ainda tem animais sendo jogados na rua por irresponsabilidade, infelizmente – diz Kriewall.
O Cepread não trabalha como um abrigo, atende apenas os animais de rua que, por exemplo, são atropelados e precisam de cuidados médicos. No entanto, em casos extremos de abandono o órgão pode intervir junto da Vigilância Sanitária, que é quem tem o poder de autuar um dono por maus tratos de animais. Se depois da autuação o animal continuar em risco, o Cepread pode recolhê-lo.
Para a Aprablu, ONG que tem alguns lares temporários, o fim de ano também foi de mais atendimentos. Segundo o presidente, Leandro Alves, os voluntários atenderam 28 casos de abandono em dezembro, seis a mais que em novembro.
– Os números aumentam, nem conseguimos atender todas as ocorrências porque nossos lares temporários estão lotados e nossa capacidade física e financeira está no limite – explica Alves.
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Cuidados para o ano inteiro
Se o fim de ano catalisa esse tipo de ocorrência de abandono, os protetores dos animais estendem o alerta para o ano inteiro, já que 2017 terá o calendário cheio de feriadões. A principal recomendação é a conversa com amigos, parentes ou vizinhos. Vai viajar? Peça para alguém de confiança ir uma vez ao dia olhar como está o animal – nem que seja uma visita rápida – e verificar se há água e comida suficiente para o dia. Se tiver condições financeiras, há também a opção dos hotéis ou cuidadores particulares, ou equipamentos mais modernos que liberam ração e água automaticamente.
– Se for levar o animal na viagem, é bom sempre lembrar que eles também sentem calor, medo e desconforto. Nunca se deve transportar o animal preso ao porta malas, mesmo que dentro de caixas de transportes, o correto é forrar bem o assento traseiro e prender o animal em guias especiais para cinto de segurança. Se for transportar em caixas, ter a noção que o animal precisará de espaço para deitar, espreguiçar-se e até sentar, dessa forma a caixa precisa ser do tamanho ideal – ressalta o presidente da Aprablu.