O número de cirurgias bariátricas cresceu 19% nos últimos sete anos em Santa Catarina. Nesse período, a quantidade de procedimentos deste tipo passou de 362 em 2011 para 431 em 2018, alcançando 3.082, de acordo com o Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
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Nos primeiros sete meses deste ano, 188 pessoas realizaram a cirurgia pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A Região Sul concentra 52% de todas as operações bariátricas feitas no Brasil entre janeiro de 2011 e julho de 2019. O Paraná lidera o número operações, com 84% do total de procedimentos na área e 44% de todos os serviços do tipo feitos no país.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica (SBCBM), o motivo para estes números é a infraestrutura hospitalar. O Paraná é referência nacional para esse tipo de operação e atende também pacientes encaminhados de outras regiões do país.
Rio Grande do Sul e Santa Catarina, por sua vez, apresentam valores semelhantes: 3.511 e 3.296 intervenções, respectivamente.
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O médico gastroenterologista Luiz Locks explica que o aumento no número de procedimentos cirúrgicos é uma consequência do fenômeno global de crescimento da obesidade. Segundo ele, uma série de fatores tem feito com que a população ganhe peso, como estilo de vida, alimentação industrializada, sedentarismo e até mesmo poluição.
— O nosso DNA não muda a aproximadamente 50 mil anos, quando a realidade era completamente diferente. Esse homem comia poucas vezes, não plantava e comia carne de caça, da qual ele normalmente se alimentava mais de vísceras. A carne magra era deixada para o predador. O nosso metabolismo está nesse modelo — diz o médico.
No último levantamento sobre obesidade no país realizado pelo Ministério da Saúde, a pesquisa Vigilância de Fatores de Risco para doenças crônicas não transmissíveis (Vigitel), lançada em julho deste ano, compara a incidência da doença entre as capitais do país. Os dados apontaram que 17,4% da população de Florianópolis é obesa e mais da metade (52%) têm sobrepeso.
A prevalência das condições é maior entre os homens: 18% são obesos e 59% estão com sobrepeso. Já entre as mulheres os percentuais são 16% e 46%, respectivamente.
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O médico ressalta que esse tipo de procedimento cirúrgico, chamado bypass gástrico, tem se provado uma alternativa ao tratamento do diabetes tipo 2, uma das doenças mais frequentemente associadas a obesidade. De acordo com ele, um dos principais fatores para isso é a relação entre a gordura visceral e o desenvolvimento da condição.
— O acúmulo de gordura na barriga é um marcador de risco para a doença. Pessoas com o corpo do tipo maçã, com protuberância na barriga e pernas e braços mais finos são especialmente suscetíveis. A diabetes tipo 2 prevalece em até 95% dos casos e é uma epidemia que não para de crescer. Por esse motivo a tendência é que a busca por operações desse tipo permaneça em elevação — afirma Locks.
Aumento no Brasil chega a 112,3%
Segundo um balanço feito pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Metabólica e Bariátrica (SBCBM), o número de cirurgias bariátricas realizadas pelo SUS saltou de 5.370 em 2011 para 11.402 em 2018, um aumento de 112,33% em oito anos.
No entanto, as 11.402 cirurgias feitas pelo SUS em todo o país no último ano representam apenas 1,16% do atendimento aos que necessitam. A população elegível para bariátrica pelo SUS é de 708 mil pessoas.
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Atualmente, o SUS conta com 85 serviços de Assistência de Alta Complexidade à Atenção ao Indivíduo com Obesidade em 22 Estados.
Em cinco Estados da Federação não há serviços habilitados pelo SUS em cirurgia bariátrica – Amazonas, Roraima, Amapá, Rondônia e Piauí.
— Considerando que 75% da população depende do SUS para assistência médica, é fundamental aumentar a oferta de cirurgias bariátricas para que essa população tenha acesso aos mesmos benefícios do que àqueles com acesso à planos de saúde — diz a cirurgiã Galzuinda Maria Figueiredo Reis, que integra a Diretoria da SBCBM e Comissão do SUS.
O levantamento também aponta que em um período de oito anos, o número de cirurgias bariátricas cresceu 84,73% entre 2011 e 2018, segundo levantamento divulgado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica. Foram realizados no período aproximadamente 424 mil cirurgias da obesidade no país. Confira o número de procedimentos ano a ano:
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2016 – 62.227
2015 – 58.686
2014 – 53.156
2013 – 50.321
2012 – 40.411
2011 – 34.629
A análise também mostra que o número de cirurgias bariátricas em planos de saúde subiu de 27.610 em 2011 para 49.521 em 2018, um crescimento de 79,36%. Porém, os números de procedimentos enfrentam estagnação nos últimos três anos.
A SBCBM atribui a desaceleração no números de operações à crise financeira e à alta taxa de desemprego, o que levou cerca de 3,1 milhões de brasileiros a deixar planos de saúde e migrar para a saúde pública, segundo dados da ANS.
Quem pode operar?
A cirurgia bariátrica é indicada para pacientes com falha no tratamento clínico realizado por, pelo menos, dois anos e obesidade mórbida instalada há mais de cinco anos, considerando Índice de Massa Corpórea (IMC) entre 35 kg/m² e 39,9 kg/m², com comorbidades, ou seja, doenças relacionadas ao peso como diabetes tipo 2 e problemas ósseos e pacientes com IMC igual ou maior do que 40 kg/m², sem comorbidades.
Já a cirurgia metabólica é recomendada para pacientes que não conseguiram o controle do diabetes com o tratamento convencional e têm Índice de Massa Corporal entre 30 kg/m² e 34,9 kg/m².
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A preparação para a operação é extensa e exige atenção de uma equipe integrada que inclui psicólogos, nutricionistas e cirurgiões. O gastroenterologista Luiz Locke ressalta que é fundamental que, ao iniciar o processo pré-operatório, o paciente esgote todas as opções possíveis de tratamento e principalmente que a cabeça esteja pronta para uma mudança no estilo de vida.
— É como pegar um avião antes dele decolar, temos uma série de procedimentos a serem seguidos, não tem acostamento lá em cima e nem reversão na bariátrica. Em média, o estômago de um adulto tem um litro e a cirurgia de gastroplastia deixa com 30 ml/50ml. O paciente precisa ter novos hábitos aliados a isso, pois se não pode voltar a engordar — conclui Luiz.
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