O exercício físico é um pilar fundamental para a saúde cardiovascular, com evidências científicas robustas que ligam a atividade regular à diminuição da pressão arterial. No entanto, uma nova pesquisa aponta que a simples prática de exercícios não é suficiente se ela for abandonada na fase adulta.

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Para uma proteção eficaz contra a hipertensão, é preciso encarar o exercício como um compromisso de longo prazo, que se estende por toda a meia-idade e não apenas pela juventude. A consistência é o fator-chave para o sucesso na prevenção de doenças crônicas, como a pressão alta.

O foco do estudo recente recai sobre a necessidade de manter níveis de atividade física substanciais e consistentes, principalmente durante a transição da vida adulta jovem. A epidemiologista Kirsten Bibbins-Domingo, da Universidade da Califórnia, São Francisco (UCSF), destacou que os padrões de atividade observados em jovens adultos nos seus 20 anos tendem a sofrer alterações significativas com o passar do tempo.

A pesquisa sugere, enfaticamente, que “manter a atividade física durante a idade adulta jovem – em níveis mais altos do que o recomendado anteriormente – pode ser particularmente importante” na prevenção eficaz da hipertensão.

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A pressão alta é o “assassino silencioso”

A hipertensão arterial, conhecida popularmente como pressão alta, é uma doença crônica que representa um grande perigo para o corpo humano, sendo um dos principais fatores de risco para problemas cardíacos graves. Seu controle e prevenção são prioridades médicas.

Suas complicações potenciais incluem ataques cardíacos, acidentes vasculares cerebrais (AVCs) e um risco aumentado de desenvolver demência. Conforme dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a doença atinge um em cada quatro homens e uma em cada cinco mulheres em todo o planeta.

Um dos maiores desafios é o fato de que a maioria das pessoas que a possuem não manifestam sintomas, o que levou a hipertensão a ser denominada de “assassina silenciosa” pelos profissionais de saúde.

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O estudo recrutou mais de 5 mil adultos que tiveram sua saúde monitorada por impressionantes três décadas, com avaliações físicas e questionários periódicos sobre seus hábitos de vida. Em cada avaliação clínica, a pressão arterial foi medida em três momentos distintos, garantindo a precisão dos dados.

O declínio do exercício após os 18 anos

Os participantes foram divididos em quatro grupos, considerando raça e sexo. Os resultados revelaram um padrão de comportamento unificado e preocupante: em todos os grupos analisados, os níveis de atividade física sofreram uma queda generalizada.

Essa diminuição ocorreu notadamente entre os 18 e os 40 anos de idade, período crucial da vida adulta, com o aumento de responsabilidades.

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Essa redução na prática de exercícios foi diretamente acompanhada por um aumento progressivo nas taxas de hipertensão ao longo das décadas subsequentes, sugerindo uma forte ligação de causa e efeito.

Para os pesquisadores, essa evidência aponta para o fato de que a idade adulta jovem é uma fase crítica onde intervenções de saúde pública devem ser intensificadas. Programas de promoção da saúde devem ser especificamente desenhados para estimular e sustentar a prática de exercícios.

Dobre a recomendação de atividade física

De acordo com Jason Nagata, principal autor do estudo e especialista em medicina para jovens adultos da UCSF, “quase metade de nossos participantes na idade adulta jovem tinha níveis subótimos de atividade física”.

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Nagata indicou, portanto, a urgência de elevar o padrão mínimo de atividade física que é atualmente recomendado para a população em geral. A análise dos dados mostrou que os indivíduos que praticaram cinco horas semanais de exercício moderado durante o início da vida adulta – o dobro da recomendação da OMS – obtiveram um benefício significativo.

Essa quantidade demonstrou reduzir consideravelmente o risco de hipertensão. O benefício preventivo foi ainda mais robusto naqueles que conseguiram manter esse alto nível de atividade até completarem 60 anos, reforçando a importância da persistência e do hábito consistente.

Em sua publicação, os pesquisadores ressaltaram: “Alcançar pelo menos o dobro das diretrizes atuais mínimas de atividade física para adultos pode ser mais benéfico para a prevenção da hipertensão do que simplesmente cumprir as diretrizes mínimas”.

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No entanto, os autores reconhecem que esse aumento na atividade semanal não é uma tarefa fácil, pois coincide com o aumento nas responsabilidades pessoais e profissionais. Nagata explicou que “Isso pode ser especialmente o caso após o ensino médio, quando as oportunidades de atividade física diminuem”.

A transição para a faculdade, o mercado de trabalho e a paternidade são fatores que levam à erosão do tempo de lazer. O estudo destaca a necessidade de repensar o suporte social para a manutenção da saúde física na fase adulta.

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