Imagine que você está em casa, assistindo televisão enquanto confere as redes sociais e aguarda a entrega de um lanche pedido por um aplicativo de delivery. De repente tudo para de funcionar: energia elétrica acaba, internet cai, sistemas de telefonia saem do ar e o GPS do entregador é desativado sem qualquer aviso. Uma pane geral em diversos mecanismos que causaria um colapso global.
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Pode parecer cenário de filme. Mas foi exatamente isso que a Agência Espacial Europeia (ESA) tentou reproduzir nesta quinta-feira (16). A organização simulou uma supertempestade solar, semelhante a que atingiu a Terra em 1859, fato que ficou conhecido como o Evento de Carrington – a tempestade solar mais forte presenciada pela humanidade.
O exercício foi planejado como parte da preparação para o lançamento do satélite Sentinel-1D, que vai ocorrer no dia 4 de novembro. Inicialmente, o disparo e a separação do satélite correram normalmente, mas a situação mudou drasticamente: o cenário simulou uma erupção solar colossal de classe X45 (o tipo mais intenso), fazendo com que falhas surgissem nos dados e o sinal do satélite se tornasse instável.
As equipes de engenheiros e especialistas em clima espacial da ESA foram forçadas a reagir a falhas simultâneas em comunicações, radares e sistemas de navegação.
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A missão da ESA com o teste
O principal objetivo dessa simulação não é encontrar boas soluções, pois diante de um evento dessa magnitude, elas não existiriam. O foco é testar a capacidade de reação humana e a coordenação das equipes em um cenário de apagão global iminente.
Ao simular uma crise onde satélites perdem o controle, GPS sai do ar e redes elétricas colapsam, a ESA visa determinar os melhores protocolos para manter o satélite seguro e limitar os danos às missões e infraestruturas críticas da Terra.
O que é uma tempestade solar?
São grandes erupções solares que liberam grandes quantidades de plasma, gases e outras partículas. Essas explosões liberam energias que podem interagir com o campo magnético da Terra, o que afetaria sistemas de comunicação, GPS, internet, telefonia, eletricidade, entre outros serviços e tecnologias.
Tempestades solares não são raras. O Sol funciona em ciclos que levam cerca de 11 anos e, em alguns períodos nessas etapas, eventos como as erupções ocorrem com frequência. O que é incomum é que essas explosões sejam fortes o bastante para chegar com energia suficiente para impactar a vida na Terra.
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Entre junho e setembro desse ano, algumas tempestades solares atingiram a Terra e preocuparam cientistas. Os eventos causaram auroras intensas em regiões incomuns, como na Itália e em Portugal.
Quais seriam as consequências de uma supertempestade solar na Terra?
Quando o nosso planeta foi atingido pelo “Evento Carrington”, a tecnologia ainda era primária. Não havia, por exemplo, internet e GPS. Apesar disso, houve danos significativos, como incêndios em linhas de transmissão, e até mesmo aparições de auroras em regiões improváveis, como Cuba.
Caso algo semelhante acontecesse nos dias atuais, enfrentaríamos uma grave pane global, visto que somos dependentes de tecnologias como a internet e o GPS, que seriam fortemente afetadas e provavelmente deixariam de funcionar, causando impacto em serviços essenciais como os hospitais, transportes e sistemas financeiros, por exemplo.
Além do cenário catastrófico na Terra, a supertempestade solar também danificaria os satélites em órbita, interrompendo a comunicação, inutilizando peças e dispositivos e até mesmo tirando-os do trajeto de missão, podendo causar colisões.
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Há previsão de supertempestade solar para o futuro?
Os cientistas acreditam que a Terra será “alvo” de tempestades solares de intensidade baixa e moderada até o final de 2027 devido ao pico de atividade do ciclo solar. Porém, os riscos de panes em sistemas globais são considerados extremamente baixos.
Apesar do aumento da atividade no pico do ciclo solar, que representa uma frequência maior das tempestades, a maioria dos eventos é inofensivo à Terra, devido à distância do nosso planeta para o Sol e também há outros sistemas naturais de defesa, como o próprio campo magnético e a gravidade.




