A cigarrinha-do-milho é uma praga que foi identificada em Santa Catarina e é capaz de comprometer lavouras. O inseto, se infectado, é vetor de doenças que podem afetar a produtividade do milho. O plantio da safra 2024/2025 foi liberado em agosto e especialistas da Epagri já monitoram o cultivo em território catarinense.

Continua depois da publicidade

Clique aqui para receber as notícias do NSC Total pelo Canal do WhatsApp

No Estado, que demanda anualmente cerca de 8,2 milhões de toneladas de milho, na safra 2023/2024, a produção foi de pouco menos de 2,18 milhões de toneladas — cerca de 24% a menos do que na safra anterior. Conforme a Epagri, esta quebra se refere a questões climáticas, mas também à praga.

Na produção atual, que iniciou há cerca de sete semanas, foram colocadas armadilhas em lavouras que cultivam milho. A cada semana, essas armadilhas são recolhidas e especialistas analisam se os insetos estão infectados, já que a cigarrinha, por si só, não apresenta risco, a não ser que carregue os patógenos do enfezamento.

Quais os sintomas da infestação

Continua depois da publicidade

Doença se manifesta de forma silenciosa

A pesquisadora da Epagri, Maria Cristina Canale, explica que esses insetos se alimentam do milho jovem, mas destaca que as doenças são silenciosas e só se manifestam quando a planta está com cerca de 90 dias de desenvolvimento. Como possui uma capacidade de migração alta, a cigarrinha abandona cultivos em fase final para colonizar novos plantios. 

Milharais atacados pelo complexo de enfezamentos apresentam avermelhamento e amarelamento das folhas, encurtamento de entrenós com redução do porte das plantas, multiespigamento e a má formação de espigas e grãos, o que afeta diretamente o rendimento das lavouras.

— Além disso, materiais que são altamente suscetíveis, em áreas de alta pressão de inóculo das bactérias dos enfezamentos, podem se tornar enfraquecidos e predispostos a incidência de outros patógenos oportunistas que podem provocar podridões do colmo e da espiga — alerta a pesquisadora.

Manejo recomendado

De acordo com Maria Cristina, o manejo da cigarrinha-do-milho e do complexo de enfezamentos deve ser realizado de forma integrada e regionalizada, envolvendo instituições de pesquisa, assistência técnica, cooperativas, entidades representativas do setor e produtores de milho. Entre as principais ações, estão:

Continua depois da publicidade

Eliminação das plantas tigueras

O primeiro deles é a eliminação de milhos voluntários – também conhecidos como tigueras – durante a entressafra. Essas plantas funcionam como reservatório tanto para os patógenos quanto para a cigarrinha-do-milho e serve como local para sobrevivência a esse problema do campo.

Sincronização da semeadura

Outra recomendação é evitar semear o milho ao lado de lavouras com plantas em adiantado estágio de desenvolvimento, principalmente se elas estiverem com muitas plantas com sintomas de enfezamentos, uma vez que as cigarrinhas tendem a migrar do milho mais velho para o novo cultivo. Os técnicos da Epagri também aconselham sincronizar a semeadura de milho na região, determinando uma janela de semeadura.

Híbridos tolerantes

Maria Cristina chama atenção para a combinação e a escolha de híbridos com tolerância ao complexo de enfezamento. Segundo ela, é importante verificar a tolerância genética dos híbridos aos enfezamentos para a região, visto que um híbrido pode manifestar sintomas apenas em sua fase final e, ainda assim, resultar numa produção adequada, o que configura tolerância à doença. Outra recomendação é utilizar sementes tratadas com inseticidas sistêmicos (neonicotinoides), utilizando produtos e doses recomendados para o controle da cigarrinha-do-milho.

Monitoramento do inseto-vetor

A presença do inseto na lavoura deve ser monitorada para uso consciente de inseticidas registrados para a cultura, conforme recomendações técnicas do fabricante, visando reduzir a população dos insetos e os consequentes danos ocasionados pelos enfezamentos. O uso de sementes tratadas também visam a manutenção da população inicial de cigarrinhas em baixos níveis.

Continua depois da publicidade

Aplicativo de monitoramento para agricultores

Para ajudar a cadeia produtiva no monitoramento e controle desse inseto em Santa Catarina, a Epagri desenvolveu o aplicativo Monitora Milho SC. O app, disponível para download gratuito, permite aos produtores e técnicos acompanhar a incidência da cigarrinha-do-milho no Estado para tomar decisões mais precisas sobre o manejo.

Essa ferramenta também traz informações sobre a infectividade da cigarrinha com os patógenos do complexo do enfezamento: fitoplasma do enfezamento vermelho, espiroplasma do enfezamento pálido e vírus-da-risca.

Leia também

Produção média de trigo em SC tem aumento de quase 60% em relação à safra anterior

Mais preço e menos qualidade: El Niño é obstáculo para produtores em lavouras catarinenses

Destaques do NSC Total