Florianópolis, a Ilha das Bruxas e terra dos pescadores, carrega até hoje histórias e lendas contadas a dezenas de anos. De pai para filho, de mãe para neta: foi assim que um apelido inusitado, e que arranca risos de quem o ouve, resistiu a evolução e ainda é usado para descrever uma área na região continental da cidade: a “Praia do Cagão”.
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Nativos, turistas e moradores vindos de outras regiões do Brasil provavelmente já devem ter se deparado com alguém utilizando o termo “Praia do Cagão” para fazer referência ao local.
De acordo com Rodrigo Ferreira, que vive na região continental da Capital desde que nasceu, há 58 anos, a denominação se dá tanto para a praia na área do Balneário, no Estreito, quanto para parte da orla de Coqueiros. Os pontos, inclusive, são considerados impróprios para banho pelo Instituto do Meio-Ambiente.
O historiador Rodrigo Rosa, da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), conta que o primeiro local chamado desta maneira foi a praia, hoje aterrada, do Saco da Lama, nas imediações do Parque de Coqueiros.
A informação consta em publicações de uma comissão de folclore que atuou entre os anos 1950 e 1980, que vez ou outra pesquisava sobre a temática de nomes populares.
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Regiões conhecidas como Praia do Cagão
O nome foi dado justamente pelo aspecto pouco atraente na maré baixa.
— Os sacos são formações geográficas abundantes na Ilha de Santa Catarina e continente. Em rigor, vários pontos poluídos da orla do continente próximo à ilha de Santa Catarina receberam, desde os anos de 1960, essa alcunha devido à poluição — explica Rosa.
Ainda segundo o pesquisador, na Ilha, tal denominação é dada para uma praia ao Sul do Centro, no bairro que ostenta o nome mais antigo: José Mendes.
— No antigo caminho para o Sul, praias como do Cortume e José Mendes se avizinham ao trecho denominado “Praia do Cagão” — afirma.
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Origem do nome Praia do Cagão
Para Rodrigo Pelagio Alves Ferreira, morador de Coqueiros, a origem do nome tem ligação com o cheiro de esgoto e dejetos na praia. Já do ponto de vista histórico, não há conclusões precisas.
Conforme o historiador da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Francisco do Vale Pereira, o nome também pode ter ligação com um peixe visto na região, que, como autodefesa, lançava excrementos quando se sentia em perigo de vida.
No entanto, o historiador Rodrigo Rosa acredita que a teoria do peixe é frágil, no que se refere a documentos comprovatórios.
— Há fontes que citam, para o caso continental, que antes da poluição os imigrantes chegaram a chamar um peixe da região de “peixe cação”, que era o nome de um peixe encontrado no arquipélago dos Açores e na Madeira. Mas, achei a fonte frágil — disse Rosa.
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O fato é, independente da origem oficial, conhecer o apelido é um dos pré-requisitos para um manézinho raiz.





