Ao menos três cidades litorâneas de Santa Catarina tiveram registros de pinguins encontrados encalhados nas praias nesta semana. Os moradores de Balneário Camboriú, Itajaí e Penha fizeram registros preocupados ao encontrarem os animais que estavam ou mortos na faixa de areia, ou extremamente debilitados.
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O registro mais recente foi feito por um morador de Penha que andava de bicicleta na manhã desta sexta-feira (1) na Praia Central, próximo à Praia do Quilombo. Ele encontrou dois pinguins mortos e três ainda vivos, mas com ferimentos.
Neste ano, o primeiro registro de pinguim foi no dia 25 de junho em Bombinhas e, até esta sexta-feira, dia 31 de julho, foram registrados 145 pinguins-de-Magalhães no trecho entre Governador Celso Ramos e Barra Velha. Apenas 15 destes animais estavam vivos no momento do resgate, enquanto os outros 130 estavam mortos.
Confira alguns dos registros dos pinguins
Entenda o porquê esses animais aparecem nas praias
O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) é dividido em 15 trechos entre Laguna, no litoral catarinense, e Saquarema, no Rio de Janeiro. Ele é uma exigência do licenciamento ambiental federal, pelo Ibamagov, para as atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos.
A oceanógrafa e especialista em análise ambiental Bruna Pissaia é gerente operacional do Trecho 4, executado pela Univali, do PMP-BS. Ela explica, em entrevista à NSC TV, que os pinguins-de-Magalhães são aves migratórias que saem em grupos das colônias da Patagônia e fazem uma longa viagem em busca de águas mais quentes e alimento, até o litoral sul e sudeste do Brasil.
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— Além dos encalhes nesta época serem comuns, a gente teve um evento meteorológico bem adverso nesta semana com ventos muito fortes e mar agitado, o que pode ter contribuído para esse animais, que já estão debilitados, virem a encalhar e muito vezes ir a óbito nas nossas praias — elabora.
O período migratório, que é um processo de seleção natural da espécie, acontece entre os meses de maio e outubro, o que torna comum o surgimento destes animais nas praias. Conforme o projeto de monitoramento explica, por estarem muitas vezes na primeira viagem, os pinguins acabam exaustos, desidratados e enfraquecidos. Por isso, podem morrer por causas naturais, relacionadas ao alto gasto energético da migração. Em 2024, foram encontrados 668 pinguins-de-Magalhães entre Governador Celso Ramos e Barra Velha, de acordo com o PMP-BS.
A PMP-BS explica que a causa de morte mais comum desses pinguins é a síndrome de caquexia, que é um estado de saúde debilitado por desnutrição, desidratação e baixa temperatura corporal, além de afogamento por acidentes com redes de pesca e até parasitismo respiratório.
O que fazer ao encontrar um pinguim encalhado?
O primeiro passo é entrar em contato com a equipe de resgate do Projeto de Monitoramento de Praias pelo número 0800 642 3341, ou ainda nos telefones (47) 3471 3816 e (47) 99212 9218 (WhatsApp).
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A recomendação para quem encontrar um pinguim encalhado na praia é que evite tocar no animal ou devolvê-lo para a água, o pinguim também não deve ser alimentado. O animal precisa ser mantido fora da água e aquecido, longe de animais domésticos, até a chegada das equipes responsáveis. Se o animal estiver morto, não deve ser tocado ou removido do local sem equipamentos de proteção adequados.
Os animais, tanto vivos quanto mortos, são levados para a unidade de estabilização de animais marinhos em Penha, na Univali. Os pinguins que já morreram passam por uma necropsia e os exames complementares para descobrir a exata causa da morte. Os que sobreviveram passam por um tratamento veterinário para serem transferidos ao Centro de Pesquisa, Reabilitação e Despetrolização de Animais Marinhos de Florianópolis, na Associação R3 Animal, em que são reabilitados e reintroduzidos na natureza.
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