Um áudio gravado por um ex-aliado de Javier Milei acusa Karina Milei, irmã do presidente da Argentina, de corrupção. A gravação vazou para a imprensa e agora é alvo de investigação da Justiça. As informações são do g1.

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Segundo a denúncia feita por Diego Spagnuolo, ex-chefe da Agência Nacional para a Deficiência (Andis), demitido um dia depois da divulgação do caso, Karina e o subsecretário de gestão institucional do governo, Eduardo “Lule” Menem, estariam cobrando propina de indústrias farmacêuticas para compra de medicamentos para a rede pública.

“Estão roubando. Você pode fingir que não sabe, mas não joguem esse problema para mim, tenho todos os WhatsApp de Karina”, diz a mensagem.

O caso veio à tona no dia 20 de agosto, quando o áudio foi vazado para a imprensa, provocando uma crise inesperada no governo Milei a duas semanas das eleições para a província de Buenos Aires e a dois meses das eleições legislativas na Argentina.

Diego Spagnuolo afirmou que havia uma rede de cobrança de propinas na Andis, com exigência de até 8% sobre o faturamento das farmacêuticas para garantir contratos com o governo – o negócio renderia até US$ 800 mil mensais (cerca de R$ 4,3 milhões). Segundo ele, Karina Milei recebia a maior fatia do faturamento, entre 3% e 4% do valor arrecadado.

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O principal operador do esquema é Eduardo “Lule” Menem, com apoio de empresários ligados à distribuidora Suizo Argentina.

O caso teve repercussão imediata e a Justiça da Argentina abriu uma investigação, além de fazer buscas na sede da Andis e na empresa Suizo Argentina. Diego Spagnuolo foi demitido do cargo no dia 21 de agosto.

Na sexta-feira (22), a Justiça argentina realizou pelo menos 16 buscas e apreendeu celulares, máquinas de contar dinheiro e centenas de milhares de dólares em espécie: US$ 266 mil (R$ 1,5 milhão, na cotação atual). O juiz federal Sebastián Casanello, responsável pelo caso, proibiu a saída dos investigados do país como medida cautelar. A veracidade dos áudios ainda não foi comprovada pela Justiça.

O caso tem potencial de impactar aliados de Milei nas eleições legislativas de outubro e na disputa para o governo da província da capital, Buenos Aires, que ocorre a duas semanas. Caso Karina seja considerada culpada, o presidente argentino perde potencialmente seu braço direito e também arranha o discurso anticorrupção que o levou ao poder.

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O que diz o governo?

Javier Milei ainda não se pronunciou diretamente sobre o caso, mas demostrou apoio à irmã na última sexta-feira (22) e posou ao seu lado durante a primeira aparição pública juntos após as denúncias.

O chefe de gabinete, Guillermo Francos, afirmou que o presidente está “tranquilo” e sugeriu que se trata de uma perseguição política em meio à campanha eleitoral.

A saída de Spagnuolo foi anunciada por um porta-voz do governo, junto com a intervenção da Andis e a promessa de uma auditoria.

Quem são os envolvidos?

  • Karina Milei: irmã do presidente e secretária-geral da Presidência, acusada de receber parte das propinas. Ela tem uma influência fundamental na hora de decidir quem tem acesso ao presidente e quem não tem e, com poucas exceções, sempre o acompanha em suas viagens e aparições públicas;
  • Eduardo “Lule” Menem: braço direito de Karina, é um dos principais agentes políticos do governo argentino. Ele é apontado como um dos principais líderes da suposta rede de corrupção;
  • Diego Spagnuolo: ex-chefe da Andis, autor dos áudios e agora investigado. É advogado e, até quinta-feira, era frequentador assíduo da Casa Rosada e confidente próximo de Milei;
  • Emmanuel e Jonathan Kovalivker: empresários da Suizo Argentina, empresa intermediária na venda de medicamentos ao Estado. Emmanuel foi encontrado com US$ 266 mil em espécie e Jonathan está foragido;
  • Daniel Garbellini: diretor da Andis, também afastado. Era o elo entre a agência e os irmãos Kovalivker. Spagnuolo o chama de “criminoso” em uma das gravações de áudio vazadas: “Me designaram um cara que cuida de tudo relacionado aos meus cofres”.

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