A ponteira Ana Cristina sofreu uma lesão durante a etapa eliminatória da Liga das Nações de Vôlei (VNL) feminino e será desfalque da Seleção Brasileira pelos próximos meses. Após realizar uma cirurgia de sutura no menisco medial do joelho esquerdo, a atleta passará por um período de recuperação.
Continua depois da publicidade
Veja fotos de Ana Cristina após a cirurgia
Como aconteceu a lesão de Ana Cristina
A lesão ocorreu durante o jogo contra a França, na madrugada do dia 10, pela VNL feminina 2025, em Chiba, no Japão. Ao descer de uma tentativa de bloqueio, no início do segundo set, Ana Cristina apoiou a perna direita no chão, mas sentiu o joelho esquerdo.
Atendida ainda em quadra, a jogadora precisou ser carregada, por não conseguir caminhar. Após a partida, Ana Cristina foi encaminhada para um hospital em Chiba, e passou por exame de ressonância magnética, que detectou a ruptura do menisco medial.
A lesão obrigou a ponteira a perder os dois jogos restantes da etapa de Chiba da VNL, contra Polônia e Japão. Dias depois, Ana Cristina retornou ao Brasil e passou por cirurgia de sutura para costurar a área lesionada, em procedimento que foi realizado no Hospital Mater Dei, em Belo Horizonte (MG).
Confira os jogos das quartas de final da Liga das Nações de Vôlei feminino 2025
Continua depois da publicidade
A atleta não participará da fase final do torneio, que começa nesta quarta-feira (23), em Lódz, na Polônia. Além disso, a atleta não poderá jogar o Mundial de Vôlei Feminino, em agosto e setembro deste ano.
O que é lesão no menisco?
Segundo informações do ge, o menisco é essencial para um atleta e cada joelho possui dois, um medial (interno) e um lateral (externo). O medial se desloca um pouco e é mais propenso a lesões, enquanto o lateral se move mais dentro da articulação.
O menisco é uma estrutura cartilaginosa em formato de meia-lua, que funciona como um amortecedor dentro do joelho. Ele lubrifica, estabiliza e distribui as cargas dentro da articulação, recebendo e dissipando as forças as quais o joelho é submetido no dia a dia.
As lesões meniscais podem ser agudas ou degenerativas. Em atletas ocorrem de forma abrupta, como trauma direto ou movimentos de torção do joelho, assim é comum estarem relacionados à ruptura. No caso de Ana Cristina, foi uma lesão na porção medial, que é o caso mais comum.
Continua depois da publicidade
Tipos de lesão
Além disso, as lesões no menisco podem variar conforme o grau. Quando ocorre um pequeno corte, que causa dor leve a moderada, é uma lesão de fissura. Esta é cicatrizada com fisioterapia e repouso.
Já quando acontece o rasgo há uma dor mais intensa, com inchaço e dificuldade para dobrar ou esticar o joelho. Neste caso, a lesão é ampla e pode acontecer de maneira vertical, horizontal, em flap ou alça de balde.
Levantador e líbero do Brasil se destacam na 3ª semana da VNL masculino 2025
Por último, pode haver o rompimento total, em que o menisco fica completamente separado e muito danificado. Quando ocorre este tipo de lesão, há uma dor intensa, bloqueio articular e quase sempre exige cirurgia.
Caso de Ana Cristina, com cirurgia
Durante a avaliação da lesão de Ana Cristina, foi constatada uma ruptura no menisco medial. Os médicos realizaram uma artroscopia, procedimento com pequenas incisões na pele do joelho. No processo, uma câmera foi inserida para visualizarem a lesão e então realizaram a sutura para unir os tecidos lesionados do menisco da atleta.
Continua depois da publicidade
A reparação é uma técnica cirúrgica onde a área lesionada do menisco é costurada, sem remoção total. O Dr. Ricardo Soares, médico ortopedista especialista em joelho, do Hospital Ortopédico da AACD, explicou ao ge que o procedimento é minimamente invasivo e mantém a estrutura do menisco.
Outra operação que trata lesões meniscais é a meniscectomia, cirurgia que retira parte ou todo o menisco. Neste caso, normalmente, os atletas profissionais retornam ao esporte entre 10 e 15 dias pós-operatórios, com alivio da dor.
Porém, o procedimento pode desgastar mais rapidamente a cartilagem do joelho, prejudicando quem depende da articulação em alto nível. A operação leva a artrose no joelho ao longo do tempo, doença degenerativa que afeta as cartilagens das articulações, causando dor e dificuldade de movimento.
Continua depois da publicidade
Nesse sentido, é realizada a sutura devido a prioridade de preservar o menisco em pacientes jovens. Ao longo dos anos, a taxa de sucesso e melhor recuperação aumentou, graças ao desenvolvimento do procedimento.
Período de recuperação
Durante um período de seis semanas, após a cirurgia de sutura meniscal, é recomendado o uso de muletas. Neste tempo, a reabilitação com fisioterapia é iniciada, com foco na eletroestimulação do músculo quadríceps, manutenção do arco do movimento e controle da dor.
Em seguida, o trabalho é direcionado para o ganho de força, agilidade e retorno progressivo ao esporte. O tempo de recuperação varia de quatro a seis meses. Segundo a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), Ana Cristina deve voltar às quadras entre três a quatro meses.
Resposta de Ana Cristina em suas redes sociais
A atleta desabafou em suas redes sociais no dia 12 de julho, sobre a lesão.
Continua depois da publicidade
— Nem tudo acontece na hora e da forma como a gente planeja e quer. Uma lição que todos nós atletas (ou não atletas) precisamos aprender! Tenho aprendido! No jogo contra a França, senti meu joelho. É um banho de água fria em todo o nosso planejamento — escreveu.
Confira os confrontos das quartas de final da VNL masculino 2025
A jogadora também relembrou uma lesão semelhante, sofrida em 2023. Ela machucou o menisco do joelho esquerdo na época e precisou passar por cirurgia, ficando afastada da equipe por quatro meses.
— Já passei por isso antes, sei que será difícil; mas, qual atleta não passou por isto? Pouquíssimos! Se reerguer nem sempre é fácil; mas, é única opção! Estou confiante, e sei que Deus tem o melhor pra mim — encerrou.
Ver essa foto no InstagramContinua depois da publicidade
Naquela ocasião, também passou por cirurgia e ficou afastada das quadras por quatro meses, o que fez com que perdesse a temporada de seleções e foi desfalque do Brasil na VNL e no Pré-Olímpico.
Incidência de lesões
O vôlei é um esporte com mudança brusca de direção, impacto e saltos, nesse sentido são comuns lesões meniscais. Porém, quando uma atleta tem essa mesma lesão em joelhos diferentes e em um curto espaço de tempo, alguns fatores estão associados.
Segundo o ge, com informações de Ricardo Soares, esses fatores podem ser o desequilíbrio muscular, em especial dos músculos estabilizadores do joelho; uma alteração biomecânica, ou seja, mal alinhamento de membros inferiores (valgo/varo); a reabilitação incompleta da primeira lesão e alterações congênitas ou estruturais do próprio paciente.
Dupla brasileira retorna a Paris um ano após a conquista do ouro no vôlei de praia
Leia mais notícias do Esporte no NSC Total
Ana Cristina pode ter maior propensão a novos problemas no futuro, devido a recorrência de lesões, conforme alerta o médico ortopedista.
Continua depois da publicidade
– É preciso lembrar também que pacientes submetidos a cirurgias do joelho, mesmo que bem-sucedidas, poderão apresentar alterações proprioceptivas que aumentam o risco de novas lesões – explica Ricardo.
Ele reforça a importância de cautela neste novo processo de recuperação, com atenção especial ao cumprimento de todas as etapas necessárias:
- Aguardar a cicatrização completa do menisco: o retorno precoce aumenta o risco e relesão, por isso é fundamental respeitar o tempo de recuperação;
- Atender aos critérios clínicos antes de avançar na reabilitação: mobilidade, força e funcionalidade do joelho devem ser cuidadosamente avaliadas antes da progressão para atividades mais intensas;
- Incluir exercícios de fortalecimento e propriocepção: após a cicatrização, é essencial investir em treinos que melhorem a força muscular e a percepção corporal;
- Fazer avaliações biomecânicas periódicas: monitorar e corrigir padrões de movimento que possam aumentar o risco de novas lesões ajuda a prevenir recidivas;
- Controlar a fadiga e o desequilíbrio muscular: evitar sobrecarga em determinados grupos musculares é importante durante todo o processo de recuperação;
- Planejar um retorno gradual ao esporte: a volta às quadras deve ser feita em etapas, com acompanhamento contínuo;
- Incluir suporte psicológico no processo: o acompanhamento emocional pode ajudar na readaptação esportiva e na autoconfiança da atleta.
A Seleção Brasileira feminina retorna à quadra nesta quinta-feira (24), às 15h, para enfrentar a Alemanha pelas quartas de final da VNL feminina 2025.
Continua depois da publicidade
*Eliza Bez Batti é estagiária sob a supervisão de Marcos Jordão




