Os aparelhos eletrônicos, como celulares e computadores, se transformaram em extensões do nosso corpo e mente, afeitando a saúde. Isso exige uma prontidão constante, um estado de de demanda ininterrupta que gera um ambiente de profunda reatividade e estresse.
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Nesse cenário hiperconectado, é possível pensar que o Brasil também ocupa um lugar alarmante na crise global de saúde mental. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), ostentamos o título de líder em pessoas ansiosas, acompanhado do ranking mundial do instituto internacional de pesquisa DataReportal, que coloca o Brasil no segundo lugar, com a média diária de mais de nove horas na frente dos aparelhos.
Essas estatísticas recentes mostram como esses números podem se conectar à nossa intensa presença digital. O Brasil é o terceiro maior consumidor de redes sociais no mundo, de acordo com a Comscore de 2023. E, acredite, tudo isso pode estar afetando sua pele, sua mente e, consequentemente, sua vida.

Em entrevista a Marie Claire, a psicóloga Beatriz Sancovschi, professora associada do Departamento de Psicologia Geral e Experimental do Instituto de Psicologia da UFRJ e integrante do Grupo de Trabalho Interno do Conselho Federal de Psicologia sobre o uso consciente de telas, explica que há uma perigosa retroalimentação entre o transtorno e a dinâmica digital.
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— Muitas vezes, a pessoa ansiosa busca nos dispositivos um alívio desajeitado para seus sintomas, mas o que encontra é o reforço da lógica algorítmica. Por outro lado, a própria cultura das redes, a pressão pela performance e a sensação de que é preciso se posicionar o tempo todo, acaba por produzir ansiedade.
Ela ainda alerta para o estado de prontidão que os celulares nos impõem com todas suas notificações:
— Se estamos sempre à disposição para atender demandas, começamos a ficar reativos, só responder, resolver problemas o tempo todo, e isso pode ser complicado. A ansiedade pode ser definida como essa prontidão para a ação.
E é dessa complexa intersecção entre o comportamental e o biológico que emergem efeitos na pele.

A dermatologista Lilia Guadanhim afirma, em entrevista à Marie Claire, que o estresse, a ansiedade e a depressão são quadros psicológicos com efeitos profundamente negativos na saúde da pele.
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— O uso excessivo de telas pode, sim, estimular o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal e aumentar a liberação de cortisol, o que afeta a pele, a imunidade, o sono, o metabolismo geral e o bem-estar emocional — explica a médica.
O cortisol, conhecido como hormônica tem correlação direta com múltiplas doenças dermatológicas, incluindo a piora de rosácea, a dermatite seborreica, a dermatite atópica, além de afetar a saúde capilar. Para lidar com a situação, atividade física regular, mindfulness e alimentação balanceada são aliados.
Com a popularização dos eletrônicos no nosso dia a dia, começaram a surgir apontamentos dos malefícios da luz azul sobre a pele, como potencializar manchas. No entanto, a dra. Lilia esclarece.
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— Essa polêmica já está esclarecida. Houve a suspeita de que as telas pudessem piorar as manchas, mas já temos estudos comprovando que a intensidade delas é 200 vezes menor que da claridade do sol.
O efeito mais insidioso da luz azul é, na verdade, o impacto indireto na qualidade do sono. A radiação luminosa inibe a melatonina, hormônio essencial para o descanso, roubando do corpo o momento mais vital para a reparação celular.
A privação de sono, por sua vez, também compromete a barreira cutânea e a torna mais seca e sensível. Lilia Guadanhim alerta para a aparência da pele cansada, com aumento nos mediadores inflamatórios, que pioram quadros preexistentes de eczemas e rosácea.
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Para reverter esse ciclo de danos, a estratégia deve ser integrada, começando pelo manejo do estresse e pela higiene do sono, com limites de uso dos aparelhos, diminuir a intensidade das luzes da casa e só ir para a cama quando estiver realmente com sono. Rituais de relaxamento são essenciais, assim como manter a rotina de horários para dormir e evitar bebidas estimulantes.
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O uso excessivo de telas ainda pode afetar a saúde da memória. Saiba quais são os tipos:
*Sob supervisão de Pablo Brito
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