A Organização das Nações Unidas (ONU) se declarou “horrorizada” com a megaoperação que deixou pelo menos 64 mortos no Rio de Janeiro nesta terça-feira (28). Por meio da rede social X, o Escritório de Direitos Humanos também pediu investigações “rápidas e eficazes” sobre o caso.
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“Estamos horrorizados com a operação policial em andamento nas favelas do Rio de Janeiro, que supostamente já resultou na morte de mais de 60 pessoas, incluindo 4 policiais. Esta operação mortal reforça a tendência de consequências letais extremas das operações policiais nas comunidades marginalizadas do Brasil. Lembramos às autoridades suas obrigações sob o direito internacional dos direitos humanos e pedimos investigações rápidas e eficazes”, diz a publicação.
A operação foi deflagrada na manhã desta terça-feira pelas polícias Civil e Militar do Rio Janeiro contra uma facção criminosa nos Complexos da Penha e do Alemão. O Palácio Guanabara definiu a operação com a mais letal da história do estado.
O objetivo era cumprir mandados de prisão contra integrantes de uma facção criminosa, sendo 30 deles fora do Rio de Janeiro, que estariam escondidos em favelas. A última atualização aponta que 81 pessoas foram presas e 75 fuzis, duas pistolas e nove motos foram apreendidos.
Entre os mortos estão quatro policiais civis, três policiais militares, dois homens apontados como traficantes vindos da Bahia e quatro moradores. Ainda, três inocentes foram atingidos: um homem em situação de rua, atingido nas costas por uma bala perdida; uma mulher que estava em uma academia e também foi ferida, mas já recebeu alta; e um homem que estava num ferro-velho.
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Veja as fotos da megaoperação do RJ
Impasse entre Lula e Castro em meio a megaoperação
O governador do Rio de Janeiro Cláudio Castro (PL) disse em uma entrevista, nesta terça-feira, que estava “sozinho” em relação à operação, no que chamou de falta de ajuda da União. Ainda, declarou que solicitou empréstimos de veículos blindados das Forças Armadas mais de uma vez, e que os pedidos não foram atendidos. Isso porque o governo federal teria alegado que era preciso um decreto da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) por parte da Presidência da República.
Castro alega que Lula é contrário a decretar GLO para as Forças Armadas atuarem nos estados.
— Tivemos pedidos negados três vezes para emprestar o blindado, tinha que ter GLO, e o presidente [Lula] é contra a GLO. Cada dia uma razão para não estar colaborando — afirmou.
A TV Globo teve acesso a ofícios enviados pelo governo estadual ao federal, no dia 28 de janeiro. Segundo o governo do Rio, o pedido não foi atendido.
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O Ministério da Defesa confirmou, em nota, que recebeu um pedido em janeiro deste ano. A solicitação teria ocorrido após uma capitã de Mar e Guerra da Marinha do Brasil ter morrido ao ser atingida por uma bala no Hospital Naval Marcílio Dias. Dessa forma, o órgão informou que blindados foram posicionados nos arredores do hospital, ligado às Forças Armadas, respeitando o limite legal de 1.400 metros em torno de instalações militares, medida voltada à segurança da área e dos militares.
Segundo a Defesa, “a Advocacia-Geral da União emitiu parecer técnico indicando que a solicitação do governo do Rio de Janeiro somente poderia ser atendida no contexto de uma Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), o que demandaria decreto presidencial”.
Mais tarde, depois da afirmação na entrevista, o governador teria ligado para a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. Na ligação, Castro afirmou que não teve a intenção de criticar o presidente Lula e tentou explicar que solicitou os blindados em outros momentos, sem resposta.







