O ano de 2025 foi movimentado na política e já antecipou algumas das disputas do processo eleitoral de 2026. Nesse contexto, alguns embates públicos colocaram em lados opostos figuras conhecidas no cenário político e esquentaram as divisões internas a menos de um ano das eleições gerais.

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Os embates que marcaram o ano envolveram desde questões estaduais, como a disputa por vagas para concorrer ao Senado por Santa Catarina e a chegada do ex-vereador Carlos Bolsonaro ao Estado, até assuntos internacionais, como o duelo retórico entre os presidentes Donald Trump, dos Estados Unidos, e Lula (PT), no Brasil, nas tensões que seguiram aos anúncios do tarifaço, no meio do ano.

Com o acirramento das disputas entre políticos e apoiadores e a proximidade do período eleitoral, a tendência é de que alguns desses embates possam se repetir ou causar desdobramentos em 2026. Outros, em contrapartida, podem até surpreender com reaproximações até o momento da campanha eleitoral.

Veja a crise com pré-candidatura de Carlos Bolsonaro em SC

Confira abaixo embates que marcaram o ano e que podem ter desdobramentos em 2026:

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Eduardo Bolsonaro x Ana Campagnolo

Um dos embates públicos que movimentaram a reta final do ano envolveu a pré-candidatura de Carlos Bolsonaro ao Senado por Santa Catarina, na chapa do PL, que terá o atual governador Jorginho Mello como candidato à reeleição. Com a chegada de Carlos Bolsonaro e o desejo do governador de ter Esperidião Amin (PP) na outra vaga da chapa ao Senado, para atrair os partidos União Brasil e Progressistas e ganhar ativos como apoiadores nas cidades e tempo de TV, as chances de Carol de Toni (PL) ter espaço no partido para concorrer ao Senado ficaram reduzidas. Ao sair em defesa da deputada Carol de Toni, Campagnolo (PL) alertou que a chegada de Carlos a SC poderia fazer a parlamentar sair do partido, e questionou se a estratégia seria adequada.

Primeiro, Carlos Bolsonaro reagiu afirmando que as falas de Campagnolo não seriam verdadeiras. Em seguida, pelas redes sociais, o irmão de Carlos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), criticou a deputada por fazer críticas à estratégia interna do partido de forma pública, em entrevista a uma rádio. Outras lideranças como o senador Jorge Seif (PL-SC) também reagiram criticando Campagnolo. O embate acirrou de vez o racha no bolsonarismo com o projeto de Carlos Bolsonaro em SC e esquentou o clima no PL.

Nas últimas semanas, os ânimos se acalmaram e não houve mais discussões pública entre os principais atores deste processo. Em entrevista à NSC TV, Jorginho Mello apaziguou e afirmou que essas definições devem ocorrer somente mais perto do prazo para definição das chapas. Até lá, no entanto, a disputa pelas duas vagas ao Senado na raia bolsonarista ainda podem motivar novos capítulos desses embates entre apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Lula x Trump

Outro embate que movimentou o noticiário político no ano que termina foi entre o presidente brasileiro Lula e o dos Estados Unidos, Donald Trump. Em julho, o bilionário norte-americano anunciou um tarifaço de 50% sobre todos os produtos brasileiros, justificando a medida por uma suposta “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e um suposto déficit do país na relação comercial com o Brasil — também inexistente. O anúncio acirrou os ânimos e rendeu trocas de farpas entre os líderes dos países. Lula chegou a criticar em discursos o que chamou de “chantagem tarifária”, disse que o Brasil “é dono do próprio nariz” e que o país “não queria ditadores”.

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No entanto, tudo mudou após os dois se encontrarem pela primeira vez, nos corredores da Assembleia-Geral da ONU, em Nova York. Na ocasião, Trump afirmou que conversou por alguns segundos com Lula e que teria “rolado uma química”. O sinal positivo permitiu dois telefonemas entre os presidentes no segundo semestre e um encontro presencial na Malásia, em que houve nova troca de afagos. A aproximação fez com que os Estados Unidos retirassem a sobretaxa da maioria dos produtos brasileiros. A relação entre Lula e Trump, no entanto, ainda terá novos capítulos em 2026, e terá em jogo os efeitos políticos e nas relações comerciais entre os países.

Lula x Alcolumbre

Outro embate que envolveu o presidente Lula foi com o atual presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). Os dois alternaram momentos de relação boa e ruim ao longo do ano. Com temas espinhosos em discussão, como aumento do IOF e PEC da Blindagem, os dois entraram em rota de colisão na reta final do ano. O motivo principal foi a indicação de Lula do advogado-geral da União, Jorge Messias, como novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Alcolumbre defendia o nome do ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e reagiu após não ter o candidato apoiado escolhido. O senador afirmou que é “atacado por autoridades” e reclamou de não ter sido comunicado antes da decisão de Lula. O nome de Messias ainda precisa ser aprovado em sabatina a ser marcada pelo Senado, o que deve render novos capítulos da relação entre Lula e Alcolumbre — ainda a saber se em tom de rivalidade ou de aproximação.

Eduardo Bolsonaro x Tarcísio de Freitas

A definição do candidato a presidente apoiado por Bolsonaro nas eleições de 2026 deve render novas discussões públicas e embates até a campanha eleitoral do novo ano. Em 2025, essa divisão já causou discussões entre os dois nomes que, até então, eram apontados como possíveis candidatos: o deputado federal Eduardo Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Nos Estados Unidos desde fevereiro e pivô das sanções norte-americanas contra o Brasil, Eduardo Bolsonaro perdeu a musculatura que buscava ter para se viabilizar como pré-candidato. Sem perspectiva de volta ao Brasil, teve o lugar ocupado pelo irmão Flávio Bolsonaro, anunciado pelo pai em carta escrita na prisão como o candidato bolsonarista nas eleições de 2026 em dezembro deste ano. Ainda assim, Eduardo manteve o papel de articulador e fez críticas públicas a Tarcísio ao longo do ano. Em novembro, afirmou que Tarcísio seria “o candidato que o sistema quer”, que ele “não seria líder” e que “não é a solução”. Tarcísio, em geral, minimizou as críticas, mas deve enfrentar novas ofensivas caso deseja se candidatar, sobretudo se Flávio Bolsonaro mantiver o interesse de concorrer.

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STF x Congresso

Embate institucional em vigor há anos, o duelo entre o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) também pode ter novos episódios ao longo do próximo ano. Após a condenação de 29 dos 31 réus dos processos da tentativa de golpe após a eleição de 2022, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, o Congresso reagiu com a aprovação do PL da Dosimetria, que prevê redução de penas aos condenados. Caso seja sancionada ou tenha eventual veto presidencial derrubado pelos parlamentares, o STF pode ser provocado a se manifestar se a proposta é ou não constitucional. Além disso, a ala mais bolsonarista deve continuar a tentativa de uma anisitia ampla aos condenados, incluindo presos dos atos de 8 de janeiro.

O desejo de aprovar o impeachment de ministros do STF também deve motivar a candidatura de nomes da direita ao Senado, Casa responsável por aprovar esses pedidos. Além disso, escândalos, como o do Banco Master, colocaram ministros do STF no centro da polêmica, com possíveis relações pessoais com advogados da instituição, e podem motivar novos ataques do Congresso à integridade dos ministros da Suprema Corte.