A música se tornou uma aliada no relaxamento de pacientes que ficam acordados durante procedimentos cardiovasculares em Blumenau. Há três meses, quem cruza a porta da sala de cirurgia para um cateterismo, por exemplo, escolhe a trilha sonora.
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Os pedidos são os mais variados, conta o cardiologista intervencionista Júlio César Schulz. Ele e o colega Felipe Barbosa tiveram a ideia pensando em deixar os pacientes o mais confortáveis possíveis durante um momento que costuma ser carregado de nervosismo.
— A maioria dos procedimentos feitos na cardiologia, dentro do laboratório de hemodinâmica, é com o paciente consciente. E você vê que eles sempre vêm com certo grau de tensão, de ansiedade. Aí tivemos a ideia de conversar com o paciente sobre a preferência musical dele e tocá-la enquanto fazemos o procedimento — conta o médico que atua na Cardioprime.
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Desde quando colocaram a iniciativa em prática, já são cerca de 150 pedidos musicais. O repertório é eclético, passa pelos clássicos do rei Roberto Carlos e chega ao som pesado de Metallica, banda norte-americana de heavy metal. Apesar de o rock estar na preferência dos médicos, a líder entre os pacientes é bem outra: a música gauchesca, revela Schulz.
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Prova disso é o vídeo do paciente de 69 anos que se distrai durante um cateterismo ao embalo do bailão “Do Fundo da Grota”, do cantor Baitaca (vídeo abaixo).
— A música tradicionalista é muito solicitada, mas a gente tem também muitos pedidos de música clássica, instrumental, alemã, hinos de louvor. É comum os pacientes referirem que a música que estão pedindo os lembra de quando eram mais jovens, ou que traz uma lembrança da família, de algo positivo. Acabamos interagindo e estreita nossa relação com essas histórias — diz o cardiologista.
Menos ansiedade
A música já fazia parte da rotina dos médicos durante os procedimentos, ao ponto de os centros cirúrgicos contarem com sonorização. Mas com a possibilidade de procedimentos minimamente invasivos, com pacientes muitas vezes acordados, o pensamento foi oferecer um atendimento mais humanizado.
Com o sucesso de um gesto tão simples, até mesmo os pacientes que são sedados passaram a escolher a trilha sonora enquanto recebem a anestesia.
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— Notamos que eles ficam menos ansiosos, relaxam e isso melhora o conforto do paciente durante o procedimento. E o que é interessante no pós (operatório), é que às vezes tem mais de um paciente na recuperação e eles conversam sobre as músicas. Isso acaba relativizando o tempo que ficam com a gente.
— Tem um efeito positivo até na equipe, que fica mais descontraída, claro com todos os cuidados que demandam atenção e técnica. Mas eu vejo numa simples atitude um efeito muito positivo — reconhece e finaliza Schulz.
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