O padrasto do menino de quatro anos, morto após suspeita de maus-tratos, em Florianópolis, teria pesquisado sobre os efeitos de um enforcamento em uma criança no dia do crime. As informações constam no inquérito policial ao qual a NSC TV teve acesso com exclusividade. Ele e a mãe da criança foram indiciados por homicídio qualificado pelo emprego de meio cruel e contra pessoa menor de 14 anos nesta quinta-feira (28).
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No celular do padrasto, de 23 anos, a polícia encontrou a seguinte pergunta feita por ele a um aplicativo de Inteligência Artificial (IA): “O que acontece se ficar enforcando muito uma criança?”. A busca foi feita no dia 17 de agosto, mesmo dia em que o menino morreu após ser levado com várias lesões ao Multi Hospital, no Sul da Ilha.
Em resposta, a IA disse que “enforcar uma criança é extremamente perigoso e nunca deve ser feito, nem ‘de brincadeira'”. O aplicativo complementa a resposta com informações dos efeitos de um enforcamento no corpo.
O laudo necroscópico, incluído no inquérito, também aponta que o menino morreu por choque hemorrágico decorrente de traumatismo abdominal, causado por instrumento contundente. Para a polícia, os indícios comprovam que “a criança sofria maus tratos, sendo agredida pelo padrasto com pleno conhecimento da mãe”.
O inquérito foi finalizado e encaminhado para a 36ª Promotoria da Capital. Nesta sexta-feira (29), o Ministério Público (MP) confirmou o recebimento e disse que pediu diligências complementares à Polícia Civil.
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À NSC TV, o advogado da mãe informou que ela está “em luto pela perda irreparável de seu filho”, e em liberdade provisória com parecer favorável do Ministério Público. A defesa diz também que “o processo tramita em segredo de justiça, e que por isso não pode divulgar mais informações.” A defesa salientou que a conduta a ela imputada é de “omissão imprópria”, não de ação direta contra seu filho.
Em nota, a defesa do padrasto informou que ele “nega as acusações que pesam sobre si e defende que tinha uma boa relação com o menino, ponto confirmado por relatos do inquérito”. Os advogados também afirmam que não existe denúncia formal, e sim “provas inconclusivas e incompletas no presente momento, com a necessidade de diligências complementares, como a própria autoridade policial reconhece”.
Relembre o caso
O crime aconteceu por volta das 15h30min do dia 17 de agosto, quando o menino foi levado desacordado para o MultiHospital, no Sul da cidade, em parada cardiorrespiratória. Em relato à NSC TV, os vizinhos contaram que o menino passou mal e foi levado por uma moradora, que é enfermeira, e pelo padrasto à unidade.
Ao dar entrada no hospital, os profissionais perceberam que ele tinha uma mordida na bochecha, várias manchas roxas no abdômen e marcas de agressões nas costas. Durante o transporte, a vizinha tentou fazer uma manobra de reanimação, mas o menino não resistiu e chegou já sem vida ao local.
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Segundo a polícia, em depoimento, o padrasto informou que notou que a criança estava estranha durante o domingo. Quando o menino ficou desacordado, ele foi até a casa da vizinha pedir ajuda. Já a mãe da criança, de 24 anos, relatou que estava no trabalho.
No entanto, os profissionais teriam constatado a presença de lesões no corpo da vítima, o que levantou a suspeita de outras agressões. Ainda de acordo com a polícia, o padrasto também apresentou um comportamento considerado estranho durante o atendimento.
Por conta desses indícios, o casal foi preso em flagrante e encaminhado à delegacia. A mãe do menino foi solta na audiência de custódia, já que está grávida. O homem, no entanto, segue detido.
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