Participação de facção, facada e áudios: o que se sabe sobre a morte de Vitória em Cajamar

Vitória Regina Sousa, de 17 anos, foi encontrada morta na quarta-feira (5) após passar uma semana desaparecida em Cajamar, na Grande São Paulo. O corpo da jovem foi achado em uma área de mata, com o cabelo raspado, sinais de violência e sem roupas.

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De acordo com a polícia, o corpo estava em avançado estado de decomposição e foi levado para o Instituto Médico Legal (IML) para ser periciado. Parentes da adolescente foram chamados até o local e identificaram a jovem a partir de tatuagens.

Segundo peritos, ela foi morta com uma facada no tórax. O delegado Aldo Galiano, seccional de Franco da Rocha, informou à Globo que ela aparentava estar morta há cerca de cinco dias. Por conta disso, acredita-se que ela possa ter ficado em cativeiro antes de ser morta.

Prisão de namorado e envolvimento de facção

Na manhã desta quinta-feira (6), a Justiça decretou a prisão do ex-namorado de Vitória. A delegacia de Cajamar decidiu pedir a prisão do rapaz após perceber divergências no depoimento que ele havia dado antes em relação ao que outras pessoas disseram depois. Não foi divulgada a identidade do suspeito.

— Há uma grande suspeita de que ele não teria participado do crime, mas que saberia que o crime seria executado — falou o delegado.

Galiano afirmou, ainda, que Vitória foi assassinada por “vingança”, com participação de pessoas ligadas à uma facção criminosa, mas não deu detalhes. Novos pedidos de prisão podem ser solicitados ainda nesta quinta-feira (5).

— Há um crime de vingança, com certeza. Há um grande indício de que possa ter o envolvimento de uma organização criminosa nisso — falou o delegado.

O delegado também informou que há indícios de que Vitória estava preocupada com a possibilidade de que algo acontecesse com ela naquele dia. Ela teria conversado com uma amiga no ponto de ônibus, naquela noite, e estava “muito seca, muito hostil”. A jovem também teria feito ligações e mandado áudios a uma outra amiga, relatando a presença de homens estranhos no ônibus.

— Temos três antecedentes de que ela estaria preocupada com algum fato, como se estivesse com um pré-aviso, alguma sensibilidade, de que algo pudesse acontecer naquele dia — disse Galiano.

Áudios a amiga

Vitória Regina de Sousa sumiu após sair do shopping onde trabalhava e pegar um ônibus para voltar para casa na Grande São Paulo. Momentos antes de desaparecer, ela enviou áudios para uma amiga chorando e contando que foi seguida e assediada por homens que estavam em um carro.

Os áudios estão transcritos abaixo:

• “Passou os cara no carro e eles falou: ‘E aí, vida? Tá voltando?’. Ai, meu Deus do céu, vou chorar. Vou mexendo no celular. Não vou nem ligar pra eles”.
• “Ah, deu tudo certo. Eles entraram pra dentro da favela. Uh… saiu até lágrima dos meus zóio agora. Nossa, até me arrepiei”.
• “A hora que eles passaram lá do outro lado e falaram, ‘aê, vida’… aí eles voltou, fio, pra quê… falei: pronto, esses menino vai voltar aqui. Mas aí eles entraram ali na favela”.
• “Acontece essas coisas eu não consigo correr. Eu paraliso. Eu não sei o que eu faço. Eu não consigo correr. Eu fico parada”.

Em outras mensagens, a garota disse temer por sua segurança devido a dois jovens que estavam com ela no ponto de ônibus.

• “Tem uns dois meninos aqui do meu lado”.
• “Tô com medo”.
• “Um ficou e o outro pegou o mesmo ônibus”.
• “Ah, amiga, mas tá de boa. Eles tavam no ônibus, só que nenhum deles desceu no mesmo ponto que eu. Então tá de ‘boaça’. Não tem problema nenhum”.

Depois disso, a jovem não se comunicou com mais ninguém.

Imagens de câmera de segurança

Uma câmera de segurança registrou a adolescente caminhando até o ponto de ônibus e embarcando no coletivo. Os vídeos estão sob análise da polícia.

Nas imagens, aparecem o carro e os adolescentes mencionados por Vitória nas mensagens enviadas à amiga. Porém, segundo testemunhas, havia outro veículo no ponto onde Vitória desceu do ônibus a caminho de casa.

Velório

O velório de Vitória deve ser realizado no Ginásio Poliesportivo Lamartine de Paula Lima e o sepultamento no Cemitério Municipal de Cajamar. A família ainda aguarda a liberação do corpo da jovem para definir a data da despedida.

*Com informações da Globo, do g1 e da CNN.

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