O pastor Dirlei Paiz (PL) deixou o presídio de Blumenau nesta semana, cinco meses depois de ser preso pela segunda vez pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. A decisão pela soltura foi de Alexandre de Moraes, o mesmo ministro que autorizou a detenção.
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Nas redes sociais, o advogado de Dirlei, Jairo Santos, comemorou a vitória judicial: “Para quem iniciou sendo indiciado por nove crimes, acabar sem qualquer condenação e com todos os direitos preservados é um sucesso”, escreveu. Na decisão, Moraes disse não haver “razões para medida cautelar extrema”.
O suposto pastor de Blumenau — a Assembleia de Deus disse à época da primeira prisão que o morador não pertence a nenhuma igreja da cidade e sequer faz parte da Convenção das Assembleias de Deus de Santa Catarina e Sudoeste do Paraná — foi preso pela primeira vez em agosto de 2023 na operação Lesa Pátria.
A 14ª fase da ação buscou identificar pessoas que incitaram e participaram dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, em Brasília, quando o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal foram invadidos e depredados.
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Relembre a primeira prisão
Nas redes sociais, Dirlei fazia forte oposição ao presidente Lula (PT). Apoiador ferrenho do ex-mandatário Jair Bolsonaro (PL), o pastor aparece em fotos ao lado de Jair Renan, filho de Bolsonaro, e com placas pedindo “intervenção federal”. Em 2022 ele chegou a ocupar a tribuna da Câmara de Vereadores de Blumenau para defender o acampamento montado diante do 23º Batalhão de Infantaria. Os manifestantes pediam intervenção das Forças Armadas por conta da vitória de Lula nas eleições.
Dirlei deixou o presídio em dezembro de 2023, com a exigência de usar tornozeleira eletrônica e não acessar as redes sociais. Em agosto de 2024, o diretório do PT em Santa Catarina disse ao STF que Dirlei havia violado o veto ao uso das plataformas digitais.
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A defesa afirmou que ele havia sido hackeado, mas o argumento foi recusado, e Moraes determinou a nova prisão no fim daquele mês. Considerado foragido, Dirlei se candidatou para tentar uma vaga na Câmara de Vereadores blumenauense e usava a prisão a que foi submetido para pedir votos.
Em setembro do ano passado, enquanto entregava material de campanha, foi preso. Na quarta-feira (19), por entender que não havia “razões para medida cautelar extrema” como uma prisão, Moraes revogou a preventiva.
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Quem é o “pastor”
Em 2023 o homem se apresentava como pastor nas redes sociais, de uma igreja da Rua Pastor Oswaldo Hesse, segundo constava da ficha cadastral dele junto à Câmara de Vereadores, mas a instituição o desmentiu.
Ele foi candidato a vereador pelo Patriota em 2020. À época, recebeu 522 votos e não se elegeu. Com a possibilidade de tentar uma cadeira na Casa Legislativa blumenauense de novo em 2024 e fortalecer o nome, em maio de 2024 foi contratado como coordenador político pelo então presidente da Câmara, Almir Vieira.
Almir explicou que Dirlei tinha o cargo de confiança na equipe dele porque fazia parte do mesmo grupo e já teve outros trabalhos no meio político. Para a admissão, todo o histórico criminal do comissionado foi avaliado, disse ainda o parlamentar e, como estaria tudo certo, o gabinete não viu problema na contratação. O salário era de pouco mais de R$ 5 mil, de acordo com o portal da transparência.
Com a candidatura no ano passado, Dirlei recebeu 1.795 votos enquanto estava na prisão, mas a quantidade não foi suficiente para o eleger.
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